Publicado em 15/03/2025 as 8:00pm
Quatro brasileiros são presos por operar rede ilegal de distribuição de medicamentos controlados em Massachusetts
Quatro brasileiros indocumentados residentes em Framingham, Massachusetts, foram presos nesta...
Quatro brasileiros indocumentados residentes em Framingham, Massachusetts, foram presos nesta quarta-feira (data) por supostamente integrar uma rede internacional de importação e distribuição de medicamentos controlados e falsificados, trazidos ilegalmente do Brasil para os Estados Unidos. A operação, que durou meses, resultou na apreensão de centenas de comprimidos de substâncias como codeína, tramadol, clonazepam e morfina, além de medicamentos não controlados e falsificados.
Os acusados são Douglas Reis de Souza, 40 anos; Dekny Marcos de Carvaleho Reis, 33; Dekmara de Carvalho Reis, 34; e Wandiscleia Ferreira de Souza Guimaraes, 41. Eles foram indiciados por conspiração para distribuir e possuir substâncias controladas com intenção de venda, crime que pode resultar em até 20 anos de prisão, multa de US$ 1 milhão e deportação após o cumprimento da pena. Após audiência inicial no tribunal federal de Boston, os quatro foram detidos e aguardam julgamento, marcado para 13 de março de 2025.
A Operação e as Acusações
De acordo com as autoridades, o grupo operava sob a fachada de uma farmácia ilegal, atendendo principalmente à comunidade de língua portuguesa na região de Framingham. Douglas Reis de Souza, que se autointitulava farmacêutico com mais de 22 anos de experiência, distribuía cartões de visita em português com os dizeres: “Douglas Reis, Farmacêutico. Remédios do Brasil. Atendimento 24 horas. Chame no WhatsApp e eu posso ajudar você.” Entre os serviços oferecidos estavam a venda de pílulas anticoncepcionais, injeções para problemas musculares e ortopédicos, e até perfuração de orelhas.
A investigação, iniciada em outubro de 2023, revelou que Reis de Souza importava medicamentos de grau farmacêutico, incluindo substâncias controladas, de várias localidades do Brasil. Esses produtos eram então revendidos para clientes nos EUA, muitos deles sem prescrição médica. Durante a operação, 24 pacotes enviados do Brasil para a organização foram apreendidos, todos contendo medicamentos controlados importados ilegalmente.
Além de Reis de Souza, os outros três acusados teriam atuado no processamento, preparação e entrega dos pedidos de medicamentos. A organização supostamente distribuiu 154 comprimidos de codeína, 60 de tramadol, 280 de clonazepam e 450 de morfina, seja por meio de vendas controladas ou pelo correio.
Consultório Médico Clandestino
Nesta quinta-feira, mandados de busca foram cumpridos em um apartamento usado pelo grupo como uma espécie de consultório médico clandestino. No local, as autoridades encontraram uma área de exames, seringas usadas e grandes quantidades de medicamentos controlados e não controlados, muitos deles falsificados. Reis de Souza não possuía licença para dispensar qualquer tipo de medicamento, e estima-se que ele tenha lucrado centenas de milhares de dólares com o esquema.
Declarações das Autoridades
A procuradora dos EUA, Leah B. Foley, destacou a gravidade do caso: “Por anos, esses indivíduos exploraram a confiança da comunidade para vender medicamentos no mercado negro, colocando a saúde e a segurança de inúmeras pessoas em risco, tudo por lucro.” Ela pediu que qualquer pessoa afetada pelo esquema entre em contato com as autoridades por meio do e-mail USAMA.VictimAssistance@usdoj.gov.
Stephen Belleau, agente especial interino da DEA (Drug Enforcement Administration) na Divisão de Nova Inglaterra, enfatizou o compromisso da agência em combater o desvio de medicamentos controlados: “A DEA está empenhada em garantir que apenas profissionais registrados e em conformidade com as regulamentações possam prescrever e vender medicamentos controlados. O desvio dessas substâncias coloca em risco a saúde e a segurança pública.”
Já Ketty Larco-Ward, inspetora-chefe do Serviço de Inspeção Postal dos EUA na Divisão de Boston, ressaltou o papel da agência em proteger o sistema postal: “A distribuição ilegal de medicamentos prescritos coloca vidas em perigo. Continuaremos nossa missão de erradicar drogas ilegais do sistema postal e proteger todos que o utilizam.”
Operação Take Back America
O caso faz parte da Operação Take Back America, uma iniciativa nacional que visa combater a imigração ilegal, eliminar cartéis e organizações criminosas transnacionais, e proteger comunidades americanas de crimes violentos. A operação reúne esforços de várias agências, incluindo a DEA, o Serviço de Inspeção Postal, Imigração e Alfândega (CBP) e a FDA (Food and Drug Administration).
Próximos Passos
Os acusados aguardam julgamento, marcado para março de 2025. Enquanto isso, as autoridades continuam a investigar o alcance da rede e pedem que outras vítimas ou testemunhas entrem em contato para fornecer informações adicionais.
As informações contidas nos documentos da acusação são alegações. Os réus são presumidos inocentes até que se prove sua culpa além de qualquer dúvida razoável em um tribunal de justiça.
Fonte: Da redação