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Publicado em 24/03/2025 as 8:00pm

Somerville se une em solidariedade aos imigrantes: “Estamos aqui porque os EUA estiveram lá”

Imagem divulgada pelos organizadores Na manhã do dia 8, cerca de 200 residentes de...


Imagem divulgada pelos organizadores

Na manhã do dia 8, cerca de 200 residentes de Somerville (Massachusetts) enfrentaram temperaturas de -1°C para se reunir em frente à Biblioteca de East Somerville, demonstrando solidariedade aos seus vizinhos imigrantes. O ato, organizado pelo grupo Somerville for Palestine e apoiado por diversas organizações locais, foi um poderoso exemplo de união e resistência contra os ataques nacionais às comunidades imigrantes e indocumentadas.

Os participantes pediram o fim das deportações e das operações do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês), exortaram a Governadora de Massachusetts, Maura Healey, a declarar o estado como um santuário e reafirmaram o compromisso de Somerville com seu status de cidade santuário, mantido há 30 anos.

O evento contou com histórias emocionantes de imigrantes, discursos apaixonados, poesias e músicas, todos enfatizando a importância da solidariedade e da resistência. Cartazes com frases como “Imigrantes Importam”, “Sem Fronteiras, Sem Muros, Liberdade para Todos” e “Ninguém é Ilegal em Terra Roubada” pontuavam a multidão, enquanto os oradores se dirigiam ao público em inglês, espanhol e português, com intérpretes garantindo que todos pudessem acompanhar.

Doris, representante da Temporary Protected Status Alliance of Massachusetts, destacou a urgência do momento: “Um ataque a um é um ataque a todos. O medo está sendo imposto às nossas comunidades, deixando famílias imigrantes aterrorizadas. Mas a união é nossa ferramenta mais poderosa para superar as políticas odiosas que visam nosso povo.” Suas palavras ecoaram profundamente, enquanto os participantes reconheciam as lutas interconectadas de imigrantes e comunidades marginalizadas em todo o mundo.

Oscar, um residente guatemalteco e membro do Party of Socialism and Liberation, traçou paralelos entre as lutas dos imigrantes nos EUA e o genocídio em curso na Palestina. “Na Palestina, famílias são destruídas por operações violentas todos os dias e todas as noites. No entanto, eles se organizaram e resistiram. É isso que devemos fazer aqui em casa: resistir”, declarou ele, enfatizando a natureza global da luta por justiça.

Nicole Eigbrett, co-diretora executiva do Asian American Resource Workshop (AARW), estabeleceu conexões cruciais entre o militarismo dos EUA e o deslocamento de comunidades ao redor do mundo. “A diáspora asiática em Somerville e Boston é diversa, mas a razão pela qual muitos de nós migramos para cá é a mesma que a de nossos vizinhos da América Central, do Sul e do Caribe: o militarismo e o imperialismo dos EUA”, explicou.

Eigbrett citou as guerras no Sudeste Asiático e a violência em Gaza como exemplos de como as políticas dos EUA alimentaram a instabilidade e forçaram migrações. “O movimento pela justiça imigrante também deve ser um movimento para acabar com o militarismo dos EUA globalmente”, afirmou.

Neda, uma residente palestina e filha de refugiados, ecoou esse sentimento, incentivando os presentes a encontrar força na comunidade. “Em tempos difíceis, procurem por quem ajuda. Se puderem, sejam quem ajuda”, disse ela, encorajando as pessoas a se juntarem a organizações locais como Somerville for Palestine e Mutual Aid Medford and Somerville (MAMAS). Ela compartilhou um poema em árabe: “As lanças são mais fortes juntas e, quando separadas, quebram uma após a outra. Juntos, somos invencíveis.”

Cesar, professor de matemática do sétimo ano na East Somerville Community School e membro do Somerville Educators for Sanctuary Cities, enfatizou a importância de criar ambientes educacionais inclusivos. “Todas as crianças e famílias em nossa cidade santuário, independentemente do status imigratório, têm direito a um ambiente educacional equitativo, onde sejam acolhidas, respeitadas, valorizadas e protegidas”, disse ele. Suas palavras reforçaram o compromisso da cidade com sua população imigrante, que representa quase 30% dos residentes de Somerville.

O ato terminou com um lembrete poderoso de Eigbrett: “Há um ditado na comunidade do Sudeste Asiático: ‘Estamos aqui porque os EUA estiveram lá.’ Mas agora, aqui é nosso lar, e nós, imigrantes, temos o direito de permanecer.” Seu chamado à ação convocou os presentes a se unirem na luta contra a máquina de deportação dos EUA e as políticas imperialistas que a criaram.

À medida que a multidão se dispersava, a mensagem era clara: Somerville está unida em seu compromisso com a justiça imigrante, a solidariedade global e a crença de que, juntos, são imparáveis. O ato não foi apenas um momento de resistência, mas uma prova do poder da comunidade diante da adversidade.

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