Publicado em 31/03/2025 as 1:00pm
EUA propõem ampliar coleta de dados de redes sociais em processos de imigração
Imagem ilustrativa Autoridades de imigração dos Estados Unidos estão solicitando...

Autoridades de imigração dos Estados Unidos estão solicitando comentários públicos sobre um plano que pode expandir a coleta de identificadores de redes sociais (como handles e nomes de plataformas) de solicitantes de vistos, green cards, cidadania e outros benefícios imigratórios. A medida visa cumprir uma ordem executiva do ex-presidente Donald Trump, mas preocupa defensores de liberdade de expressão e direitos imigratórios.
O Departamento de Segurança Interna (DHS) publicou em 5 de março um aviso de 60 dias para receber feedback sobre a implementação da política, que busca padronizar a "triagem de segurança nacional" e identificar motivos para inadmissão no país. Até agora, a exigência de handles já valia para pedidos de vistos, mas a nova regra ampliaria a coleta para quem já está nos EUA legalmente — como candidatos a asilo, residentes permanentes e cidadania.
Rachel Levinson-Waldman, do Brennan Center da NYU, alerta que a medida afetaria até quem já passou por verificações prévias: "Isso expande a coleta para qualquer benefício migratório, incluindo pessoas já extensivamente investigadas". O Serviço de Cidadania e Imigração (USCIS) estima que 3,6 milhões de pessoas seriam impactadas.
A prática começou sob o governo Obama em 2014, com programas-piloto para análise de contas de viajantes. Em 2019, o Departamento de Estado passou a coletar dados de "quase todos os estrangeiros" que solicitam vistos (15 milhões/ano). Críticos, como o Brennan Center, argumentam que a medida é "discriminatória contra muçulmanos" e pode cercear liberdade de expressão.
Ferramentas de inteligência artificial são usadas para vasculhar milhões de perfis, mas especialistas destacam falhas. Leon Rodriguez, ex-diretor do USCIS, ressalta que a IA ainda não substitui a análise humana: "Ela pode perder conteúdo relevante, pois depende de critérios específicos".
Levinson-Waldman lembra que até não cidadãos têm proteção da Primeira Emenda nos EUA, e decisões baseadas em postagens podem ser arbitrárias: "Redes sociais são um caldo de informações não verificáveis. Usá-las para decisões cruciais é alarmante".
O USCIS defende a medida como forma de "combater fraudes e ameaças à segurança nacional". A consulta pública vai até 5 de maio, mas a polêmica reflete o debate entre segurança e privacidade na era digital.