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Publicado em 10/04/2025 as 8:00am

ICE libera imigrante para doar rim ao irmão em estado terminal

O Departamento de Imigração dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês) anunciou nesta...

O Departamento de Imigração dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês) anunciou nesta quarta-feira (02) a liberação temporária do venezuelano José Gregorio González, de 43 anos, que estava detido desde março em Illinois. Ele tentava doar um rim para seu irmão, José Alfredo Pacheco, de 37 anos, em estágio terminal de insuficiência renal. A decisão, celebrada por defensores dos direitos dos imigrantes, permitirá que González finalmente realize a cirurgia que pode salvar a vida de seu irmão, encerrando um drama familiar que havia se tornado símbolo das rígidas políticas migratórias do governo Trump.

González foi detido em 3 de março por agentes do ICE em Cicero, subúrbio de Chicago (Illinois), onde vivia com o irmão sob supervisão migratória. O arresto ocorreu semanas antes dos exames finais de compatibilidade para a doação do órgão, programados para abril. Testemunhas relataram que a prisão aconteceu de forma abrupta, enquanto González preparava o café da manhã para Pacheco, que depende de sessões de diálise três vezes por semana para sobreviver.

O venezuelano havia chegado aos EUA em 2024 pedindo asilo, mas recebeu ordem de deportação após as autoridades alegarem falta de "medo crível" de perseguição na Venezuela. Como o país não aceitava voos de deportação na época, ele foi liberado sob supervisão para viver com Pacheco, que tem status migratório regular. Seus advogados do Resurrection Project, ONG baseada em Chicago, não pediam residência permanente para González, mas apenas um adiamento da deportação para que pudesse realizar a doação do rim.

"Esta é uma vitória da humanidade sobre a burocracia", declarou Erendira Rendón, representante do caso no Resurrection Project. A decisão chega em um momento crítico para Pacheco, cujos rins já não funcionam e cuja expectativa de vida é drasticamente reduzida sem o transplante.

O caso de González ilustra a crescente rigidez da política migratória sob o governo Trump, que tem ampliado as prisões de imigrantes sem antecedentes criminais. Dados do Deportation Data Project da Universidade da Califórnia em Berkeley mostram um aumento de 85% nas prisões de não criminosos nas primeiras quatro semanas após a posse de Trump em janeiro de 2025, totalizando cerca de 17 mil detenções.

A situação dos irmãos González-Pacheco comoveu a comunidade local. Nascidos na Venezuela com pais diferentes, os dois foram criados juntos pela mãe. Pacheco, que fugiu da crise política venezuelana em 2022, escondeu o diagnóstico dos filhos gêmeos de 9 anos e da filha de 17, mas pediu ajuda ao irmão mais velho. "Ele veio sozinho só para me dar um rim. Isso não é sobre política - é sobre vida ou morte", disse Pacheco durante uma vigília realizada na última segunda-feira.

Mesmo que os exames revelem incompatibilidade direta entre os irmãos, eles poderiam participar de um "paired exchange" (sistema de troca de doadores), o que colocaria Pacheco no topo da lista de receptores quando um rim compatível se tornasse disponível, em troca da doação de González para outro paciente.

Enquanto González se prepara para finalmente doar o rim ao irmão, defensores de imigrantes alertam que seu caso representa a exceção, não a regra, em um sistema migratório cada vez mais inflexível. As condições exatas da liberdade temporária - incluindo prazos e restrições geográficas - ainda não foram totalmente esclarecidas, e o ICE não se manifestou oficialmente sobre o caso.

O deputado democrata Jesús "Chuy" García, cujo distrito inclui Cicero, criticou a postura do governo atual: "Nenhum presidente armou tanto as leis de imigração como Trump". Para Pacheco, no entanto, o foco permanece pessoal: "Meu irmão veio só para me dar uma chance de viver. Isso transcende qualquer política".

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