Publicado em 14/04/2025 as 10:00am
Relatório revela que os 18 brasileiros presos em MA por tráfico de armas e fentanil entraram no país com Visto
Um grupo de 18 brasileiros foi preso nos Estados Unidos acusado de envolvimento com o tráfico...
Um grupo de 18 brasileiros foi preso nos Estados Unidos acusado de envolvimento com o tráfico ilegal de armas e de fentanil, potente opioide sintético. Segundo informações divulgadas nesta semana, todos os detidos tinham passaportes emitidos pela Polícia Federal e vistos norte-americanos concedidos por consulados dos EUA no Brasil.
A operação que levou às prisões, batizada de Take Back America (Traga a América de Volta), é parte de uma ofensiva federal para desmantelar o tráfico de armas e o envolvimento de gangues e facções estrangeiras em solo estadunidense. A investigação, que durou cerca de um ano, revelou que o grupo atuava principalmente em Massachusetts e abastecia comunidades locais com armas ilegais e drogas.
De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, os brasileiros adquiriram armamentos em estados como Flórida e Carolina do Sul — onde as leis armamentistas são mais permissivas — e transportaram o material para Massachusetts. Ao todo, 110 armas foram apreendidas, entre pistolas, rifles e espingardas, além de quantidades não divulgadas de fentanil, substância até 50 vezes mais potente que a heroína.
Onze dos presos estavam em situação imigratória irregular no momento da detenção. A maioria saiu de Minas Gerais e entrou nos Estados Unidos pouco antes de se tornar alvo das autoridades locais. Parte dos acusados tem ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e outras duas facções: a Tropa do Sete e o Trem Bala.
Um dos presos, Floriano de Souza, de 50 anos, é acusado de ameaçar um informante da polícia, afirmando que as armas pertenciam ao PCC e que a facção iria atrás dos familiares do delator no Brasil. Outros réus, como Riquelme Henrique de Aguilar Ferreira e Victor Eduardo Santos de Souza, foram flagrados vendendo armas caseiras, sem número de série, dificultando o rastreamento pelas autoridades.
Os 18 brasileiros acusados respondem por diferentes crimes, como comércio e tráfico de armas, posse ilegal por estrangeiro indocumentado, conspiração e, em alguns casos, distribuição de fentanil. A pena por tráfico de armas e conspiração pode chegar a cinco anos de prisão e multa de até US$ 250 mil (cerca de R$ 1,4 milhão). Já a posse ilegal de arma por estrangeiro pode resultar em até 15 anos de detenção.
Após o cumprimento da pena, os brasileiros estão sujeitos à deportação. “Esses réus desempenharam um papel em trazer armas mortais para Massachusetts, alguns como traficantes e outros como possuidores ilegais”, afirmou Leah B. Foley, procuradora dos Estados Unidos.
A Polícia Federal brasileira informou que não pode divulgar onde e quando os passaportes dos investigados foram emitidos, alegando que os dados são protegidos por sigilo, conforme a legislação.
Presença do PCC nos EUA
A atuação do PCC em território norte-americano não é recente. Um relatório federal de 2020 já indicava a presença de ao menos 387 integrantes da facção paulista em 16 países — incluindo os Estados Unidos. O grupo criminoso estaria envolvido em tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.
O Departamento do Tesouro dos EUA incluiu o PCC, em 2021, em sua lista de sanções financeiras por associação ao narcotráfico. Em 2023, um membro da facção condenado por assassinato foi preso em Massachusetts, e em março de 2024, Diego Macedo Gonçalves do Carmo, suspeito de lavar R$ 1,2 bilhão para o PCC, foi sancionado pelo governo americano.
A operação Take Back America é mais um capítulo no esforço das autoridades dos EUA para conter a influência de organizações criminosas transnacionais no país. As investigações continuam e novas prisões não estão descartadas.
Fonte: Da redação