Candidato ao governo da Califórnia afirma que homens imigrantes devem ser deportados e mulheres se casarem com incel para ficar

A disputa pelo governo da Califórnia em 2026 já começou a ganhar forma, com mais de uma dúzia de pré-candidatos se posicionando para a corrida eleitoral. Entre os seis nomes do Partido Republicano que já anunciaram suas intenções está Kyle Langford, um jovem gerente de construção de pouco mais de 20 anos, identificado como católico praticante. Apesar da pouca idade e da limitada experiência política, Langford tem atraído atenção — e controvérsia — após declarações polêmicas feitas em uma entrevista recente.

Durante sua participação em um podcast, Langford apresentou o que chamou de sua “solução” para a crise imigratória nos Estados Unidos. Segundo o pré-candidato, todos os homens imigrantes deveriam ser deportados. Já as mulheres imigrantes, afirmou, teriam um prazo de um ano para se casar com um "incel" — termo usado para descrever homens americanos que se consideram "celibatários involuntários", ou seja, que não conseguem estabelecer relacionamentos amorosos ou sexuais.

“Sabemos quem vocês são, sabemos onde vocês estão. Se você casar com um incel da Califórnia, você pode ficar. Mas se não casar, bem, aí você pode ser enviada de volta”, declarou Langford durante o programa.

A fala causou indignação entre críticos, que a classificaram como misógina, xenofóbica e incompatível com valores democráticos. Ao ser comparado com Nicholas Fuentes, ativista conhecido por suas ideias de supremacia branca e apoio declarado ao ex-presidente Donald Trump, Langford respondeu de forma lacônica: “Obrigado”.

A campanha de Langford ainda não comentou as repercussões. Especialistas apontam que, embora improvável como vencedor nas urnas, o jovem republicano pode galvanizar setores mais radicais do eleitorado, em uma eleição que já promete ser marcada por polarização e discursos extremos.

"Incel" é uma abreviação do termo em inglês "involuntary celibate", que significa "celibatário involuntário". O termo começou como uma forma neutra de descrever pessoas (geralmente homens) que desejam ter relacionamentos amorosos ou sexuais, mas não conseguem por diferentes razões. No entanto, com o tempo, o termo "incel" passou a ser associado a comunidades online tóxicas e, em alguns casos, misóginas.

Esses grupos costumam expressar ressentimento contra mulheres e contra homens que têm sucesso em relacionamentos, promovendo ideias de que são vítimas de um sistema injusto (às vezes chamado por eles de "hipergamia feminina" ou "sociedade dominada por 'chads'", uma gíria para homens atraentes). Alguns indivíduos ligados a essa subcultura chegaram a cometer atos violentos, como tiroteios, citando seu ódio por mulheres ou por rejeição sexual como motivação.

Por conta disso, o termo "incel" hoje em dia é carregado de conotações negativas, especialmente quando usado em discursos públicos ou políticos. Em vez de apenas descrever uma situação pessoal de solidão, ele passou a representar um tipo específico de ideologia misógina e radicalizada na internet.