Publicado em 23/04/2025 as 9:00am
Bispo brasileiro da Diocese de Fall River reflete sobre legado de humildade e misericórdia do Papa Francisco
Bispo Edgar M. da Cunha Em um discurso reflexivo sobre o impacto do Papa Francisco, o...

Em um discurso reflexivo sobre o impacto do Papa Francisco, o Bispo Edgar M. da Cunha, da Diocese de Fall River, Massachusetts, destacou a ênfase do pontífice em Deus como um símbolo de misericórdia, especialmente em relação aos mais pobres e aos marginalizados da sociedade. Segundo o Bispo, o legado mais duradouro do Papa Francisco será sua dedicação aos que não têm voz, aos excluídos, com um olhar especial para os que vivem à margem da sociedade.
“Ele queria alcançar aqueles que estão à margem, sem voz ou sem influência na sociedade, e destacar o quanto essas pessoas são importantes aos olhos de Deus. Ele demonstrou isso ao longo de seu papado, e isso será um legado muito forte do Papa Francisco”, afirmou o Bispo da Cunha.
O Bispo teve a oportunidade de se encontrar com o Papa Francisco duas vezes. A primeira delas ocorreu em 2013, logo após a eleição do pontífice, durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, Brasil. Da Cunha, que é brasileiro, teve a chance de participar de uma reunião com bispos brasileiros, onde foi possível cumprimentar pessoalmente o Papa e registrar uma foto juntos.
A imagem, na qual o Papa coloca sua mão sobre o ombro do Bispo, é um símbolo da proximidade e atenção que Francisco oferecia a todos, independentemente de sua posição. “Ele dava total atenção a qualquer pessoa com quem conversava, seja um bispo, um cardeal ou uma criança. Isso reflete a personalidade genuína do Papa Francisco”, disse o Bispo da Cunha, refletindo sobre a simplicidade e humildade do pontífice.
A segunda vez em que o Bispo teve a oportunidade de conversar com o Papa foi em 2019, durante uma visita ao Vaticano com os bispos da região de New England. Nesse encontro, cada bispo teve a oportunidade de fazer uma pergunta ao Papa. O Bispo da Cunha questionou o pontífice sobre qual mensagem ele gostaria que os bispos transmitissem à comunidade imigrante nos Estados Unidos.
A resposta do Papa foi cheia de empatia e compreensão. Ele destacou a dor e o sofrimento dos imigrantes que, forçados a deixar seus países de origem, buscam uma vida melhor para suas famílias. O Papa pediu que os bispos transmitissem à comunidade imigrante que a Igreja se importa com eles, entende suas dificuldades e está presente para apoiar sua fé, suas famílias e suas lutas diárias.
Em ambos os encontros, o Bispo da Cunha ficou profundamente tocado pela humildade do Papa Francisco, algo que ele considera ser o cerne do papado do pontífice. A humildade do Papa foi visível desde sua primeira aparição pública como pontífice, quando se inclinou e pediu orações para guiá-lo em sua missão. Esse gesto espontâneo de humildade gerou grandes manchetes no mundo inteiro, refletindo a simplicidade com que o Papa Francisco se apresentava ao mundo.
Como o primeiro Papa latino-americano, Francisco simbolizou uma Igreja universal, representando todas as partes do mundo. Sua eleição também foi um marco para a Igreja na América Latina, mostrando a importância e o crescimento da fé na região.
“O Papa Francisco deixou um legado de abertura e acolhimento, especialmente para os pobres e os imigrantes. Espero que seu sucessor continue com os passos dados por ele, a fim de que possamos continuar a atrair as pessoas para a Igreja e trazer uma renovação de fé”, disse o Bispo da Cunha.
Em homenagem ao Papa Francisco, será celebrada uma Missa Memorial na Catedral de Santa Maria, em Fall River, no dia 28 de abril, às 19h. O evento será uma oportunidade para a comunidade local refletir sobre o impacto do pontífice e sua dedicação à misericórdia, à justiça social e à compaixão pelos necessitados.
Sobre o Bispo
Nascido em Nova Fátima, no interior da Bahia, e hoje à frente da Diocese de Fall River, em Massachusetts, o Bispo Edgar Moreira da Cunha é uma figura central no apoio às comunidades católicas, especialmente entre imigrantes brasileiros e hispânicos nos Estados Unidos. Sua trajetória, marcada pelo serviço pastoral e pela defesa dos mais vulneráveis, reflete uma vida dedicada à fé e à justiça social.
Nascido em 21 de agosto de 1953, Edgar M. da Cunha deixou o Brasil em 1982, ano em que foi ordenado padre na Arquidiocese de Newark, Nova Jersey. Sua vocação religiosa sempre esteve ligada ao trabalho com imigrantes, ajudando a fortalecer comunidades que buscavam manter suas raízes culturais e espirituais em terras estrangeiras.
Em 2014, o Papa Francisco o nomeou Bispo de Fall River, uma diocese com uma significativa presença de fiéis luso-americanos, brasileiros e hispânicos. Desde então, ele tem sido um defensor ativo dos direitos dos imigrantes, promovendo iniciativas de acolhimento e integração.
Sob sua liderança, a diocese ampliou programas de assistência social, incluindo distribuição de alimentos, apoio jurídico a imigrantes e campanhas de regularização migratória. Durante a pandemia de COVID-19, ele foi uma voz ativa no combate à desinformação e na organização de ajuda às famílias mais afetadas.