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Publicado em 23/04/2025 as 12:00pm

Governo Trump projeta expansão recorde da deportação de imigrantes com apoio de empresas privadas

Em meio aos campos de criação de lagostins e extensas florestas de pinheiros no interior...


Em meio aos campos de criação de lagostins e extensas florestas de pinheiros no interior da Louisiana, cerca de 7 mil pessoas aguardam a deportação dos Estados Unidos em centros de detenção imigratória. Esse número deve crescer exponencialmente caso o governo do Presidente Donald Trump cumpra a promessa de campanha de 2024 e amplie em massa o sistema de detenção e expulsão de imigrantes — já o maior do mundo.

A administração Trump quer transformar a deportação em um processo rápido e eficiente, nos moldes da iniciativa privada. “Precisamos tratar isso como um negócio”, afirmou Todd Lyons, diretor interino do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE, na sigla em inglês), durante uma conferência de segurança de fronteiras no Arizona. Lyons comparou o ideal do sistema à velocidade da Amazon: “Entregar o produto em 24 horas”, disse, referindo-se à deportação de pessoas para diferentes partes do mundo.

O plano do ICE inclui contratos de até US$ 45 bilhões para empresas operarem novos centros de detenção imigratória nos Estados Unidos. Embora o Congresso ainda não tenha liberado todo o orçamento, a Câmara já aprovou uma proposta de gastos que destina US$ 175 bilhões à área de imigração — valor 22 vezes maior que o orçamento anual atual da agência.

O ICE já conta com mais de 100 centros de detenção espalhados pelo país, com cerca de 46 mil pessoas detidas, o que tem causado superlotação em locais como Miami. Novos contratos foram assinados recentemente com empresas privadas, como a Deployed Resources, responsável por um campo de detenção em Fort Bliss, no Texas, avaliado em até US$ 3,85 bilhões.

Gigantes do setor prisional também foram contempladas. A Geo Group Inc. ganhou contratos para mais de 2.800 leitos em Nova Jersey e Michigan, enquanto a CoreCivic Inc. operará um centro para famílias com crianças no Texas. Desde a eleição de Trump, as ações da Geo subiram 94%, e as da CoreCivic, 62%.

A Louisiana, apesar de estar longe da fronteira com o México e possuir uma população imigrante relativamente pequena, tornou-se um polo de detenção. Somente em 2019, o ICE assumiu cinco presídios desativados no estado. Hoje, a Louisiana tem o segundo maior número de camas para imigrantes detidos, atrás apenas do Texas.

O estado atraiu o interesse federal devido a fatores como baixos custos de mão de obra, ambiente político favorável e disponibilidade de prisões esvaziadas após reformas no sistema penal local. “Como a Louisiana sempre foi uma das maiores encarceradoras do mundo, não há resistência política à presença de prisões privadas”, afirma Nora Ahmed, diretora jurídica da ACLU no estado.

A localização remota dos centros de detenção — em áreas rurais, longe das grandes cidades — dificulta o acesso a advogados e redes de apoio. Para críticos, essa é uma estratégia deliberada. “O ICE escolhe onde seus casos serão julgados ao localizar os centros em jurisdições com tribunais conservadores”, denuncia Mary Yanik, da Faculdade de Direito da Universidade de Tulane.

Em Jena, a cerca de 350 km de Nova Orleans, o centro de detenção operado pela Geo Group está cercado por cercas com arame farpado e guardas armados. Não há hotéis ou grandes estruturas por perto. “A distância dificulta protestos e mobilização”, afirma o advogado Homero Lopez, que oferece assistência jurídica gratuita a detidos no estado.

Embora o uso de videoconferências para audiências imigratórias tenha aumentado, muitos advogados apontam que o recurso é desumanizante e reduz a empatia dos juízes. “Prefiro dirigir horas e estar presente nas audiências mais importantes. A presença física faz diferença”, conclui Lopez.

Para entidades como a Detention Watch Network, o aumento da capacidade de detenção impulsiona uma agenda de deportação em massa baseada na desumanização. “As condições já são inaceitáveis, e a expansão só vai piorar isso”, alerta Carly Pérez Fernández, porta-voz da organização.

Com os olhos voltados para um segundo mandato, Trump e seus aliados planejam uma deportação em larga escala. Para isso, contam com a velocidade empresarial, o apoio das prisões privadas e a distância estratégica de qualquer resistência organizada.

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