Publicado em 29/01/2008 as 12:00am
Recessão nos EUA afeta brasileiros, mas tem data para terminar
Mesmo com a crise, empresários e economistas da comunidade pregam calma e vislumbram dias melhores ainda em 2008
Em Medicina, costuma-se dizer que o primeiro passo para a cura de qualquer problema é admitir a doença. Se a máxima vale para a Economia, os Estados Unidos ? que no início de 2008 admitiram, através do banco de investimentos Merrill Lynch e do próprio presidente George W. Bush, que o país está em recessão ? podem esperar por dias melhores ainda este ano. Pelo menos é nisso que apostam também alguns membros da comunidade brasileira, que como toda legião de estrangeiros na América foi particularmente afetada pela série de acontecimentos nos últimos dois anos ? arrocho da imigração, queda do dólar e crise do mercado imobiliário, apenas para citar alguns. Mas, apesar de muita gente estar desiludida e ter optado pela volta ao Brasil, o momento é de calma.
"Nós já sabemos que os EUA estão em recessão há alguns meses, sentimos no bolso. Mas parece que ninguém queria aceitar isso. Agora é arregaçar as mangas e enfrentar a crise", afirmou o brasileiro Antônio Maria da Silva, que tinha uma firma de importação e exportação baseada em Miami até meados do ano passado. Com a queda do dólar e o pouco dinheiro em circulação, ele fechou a empresa e agora está analisando novos mercados aqui mesmo na Flórida. O retorno ao Brasil está descartado, pelo menos por enquanto. "Como se diz, crise e oportunidade caminham juntas. Tenho certeza que tudo vai melhorar ainda este ano", torce Antônio.
Da mesma opinião compartilha o empresário Claudio Pereira, ex-Nova Gráfica e BR-Mortgage. Economista por formação, ele faz uma análise bem serena do panorama atual na América. "O governo Bush acaba de cortar os juros e anunciar mudanças de eixo para reaquecer a economia. Quem é do ramo sabe que o impacto das medidas só será sentido dentro de pelo menos três meses. Portanto, acredito que no segundo semestre teremos boas notícias", afirma Claudio, que está à frente agora da Facility Mortgage Company, na Sample Road.
Para ele, o importante é não deixar se contaminar pelo pessimismo geral. "Não podemos viver de ilusão ou num mundo de fantasia. A recessão chegou, mas o problema, na minha avaliação, está bem setorizado. E o mercado imobiliário representa apenas 15% do PIB norte-americano", afirma o paranaense, que chegou aos EUA há sete anos. Ele lamenta que a comunidade esteja, de um modo geral, desesperada e pensando em retornar ao país de origem. "Penso que, nesse aspecto, viver nos Estados Unidos em crise ainda é melhor do que voltar a um Brasil em crescimento, em fase de maturação. Não aconselho ninguém a tomar decisões precipitadas, pois a readaptação à uma nova realidade lá pode ser dolorosa. A palavra de ordem é calma, pois aqui tudo volta ao normal em breve", diz Claudio.
Outra que também acha que a recessão nos Estados Unidos tem data para acabar é a comerciante Telma Piton, proprietária da Able Travel. Ela, que lida diretamente com o público brasileiro, vem sentindo diretamente a crise em sua agência de viagens. "Hoje, de cada dez passagens que emitimos, oito são one-way, só de ida para o Brasil", lamenta Telma. Ela no entanto, tem esperança, "quase convicção", de que a tormenta não passa desse ano. "2008 está apenas começando e muita coisa ainda vai acontecer, mas temos que acreditar na virada". Para tanto, ela está fazendo a parte dela: a agência está vendendo passagens aéreas parceladas (em cinco vezes), com o objetivo de movimentar a economia.
É isso, a comunidade precisará de muita paciência e criatividade para passar a fase difícil, mas na opinião e no sentimento de todos, há uma luz no fim do túnel... ou no fim do ano.
Fonte: (acheiusa.com)