Publicado em 5/08/2011 as 12:00am
Eike Batista perde quase US$ 2 bi em dia de queda nas Bolsas
Eike Batista pode ter deixado de ser o oitavo homem mais rico do mundo depois de sofrer um prejuízo em torno de US$ 2 bilhões na quinta-feira, quando suas empresas lideraram o forte movimento de baixa na BM&FBovespa.
Eike Batista pode ter deixado de ser o oitavo homem mais rico do mundo depois de sofrer um prejuízo em torno de US$ 2 bilhões na quinta-feira, quando suas empresas lideraram o forte movimento de baixa na BM&FBovespa.
O grupo EBX, que atua principalmente nas áreas de mineração, petróleo e gás, e infraestrutura, com um valor de mercado de US$ 31 bilhões, mas praticamente sem faturamento, registrou uma perda de cerca de 9% no seu valor.
Eike detém mais de dois terços das ações do grupo. Agora, a participação do empresário vale cerca de US$ 19,2 bilhões.
Num dia de forte queda na bolsa paulista, o maior declínio foi da mineradora MMX (MMXM3), cujas ações se desvalorizaram 16%, equivalente a uma perda de R$ 725 milhões de seu valor de mercado. Eike tem 32,2% da companhia.
A OGX Petróleo e Gás (OGXP3) teve queda de 8,33%, o que significa uma redução de R$ 3,23 bilhões em seu valor de mercado, ou quase metade dos R$ 6,7 bilhões que Eike obteve na oferta pública inicial de ações da companhia, em 2008. Ele possui participação de 61,2% da empresa.
A OGX, que deve começar a produzir petróleo em outubro, é a segunda maior petrolífera do Brasil em valor de mercado e reservas estimadas. As perdas ultrapassaram a queda no índice Ibovespa, que fechou em baixa de 5,7%.
A mudança no valor das ações das companhias do grupo EBX acompanhou oscilações dos mercados globais na quinta-feira, afirmou o grupo em comunicado, respondendo a um pedido de comentário.
"O grupo está desenvolvendo uma série de projetos no país, que já têm todos os recursos financeiros necessários para sua execução."
O conglomerado de empresas ficou vulnerável ao movimento de venda por causa do grande número de investidores estrangeiros que saíram dos mercados emergentes na quinta-feira, disse Lucas Brendler, analista da Geração Futuro.
"Empresas que estão em uma fase de pré-desenvolvimento são as que acabam sendo mais afetadas nessas situações", disse Brendler. Ele acrescentou que essas empresas também têm condições de se recuperarem com mais rapidez do que as companhias maiores.
Críticos frequentemente questionam o valor elevado das ações das empresas de Eike. A OGX, que ainda nem começou a produzir petróleo, às vezes tem valor de mercado equivalente ao da espanhola Repsol, uma empresa consolidada, com atuação global. A OGX diz que pretende extrair 1,4 milhão de barris diários de petróleo e gás equivalente no Brasil a partir de 2019.
Entre os investidores que perderam dinheiro junto com Eike na quinta-feira estão a siderúrgica chinesa Wisco, o grupo sul-coreano de commodities SK, a nova-iorquina BlackRock, maior gestora mundial de valores, e o Fundo de Pensão dos Professores de Ontário, no Canadá.
Na lista de 2011 dos maiores bilionários do mundo, feita pela revista Forbes, Eike Batista --cujas empresas sempre têm nomes terminados em X para simbolizar a multiplicação de riqueza-- ocupava o oitavo lugar, com uma fortuna de US$ 30 bilhões.
A empresa de logística LLX (LLXL3), que desenvolve dois grandes projetos portuários no Estado do Rio, teve queda de 13,2%, perdendo R$ 367 milhões do seu valor de mercado.
O estaleiro OSX (OSXB3) registrou queda de 10,9% (R$ 426 milhões), e a elétrica MPX (MPXE3) caiu 8%, recuo que custou aos investidores R$ 403 milhões.
Eike iniciou sua carreira na mineração de ouro no Brasil na década de 1980. Nas duas décadas seguintes, se tornou conhecido pelo instinto por negócios e pela capacidade de gerar lucro rapidamente a seus investidores, bem como controvérsia. A canadense TVX, produtora de ouro, se envolveu em uma série de processos e perdeu parte de ganhos iniciais dos investidores.
O empresário apresentou a OGX e a MMX como alternativas às estatais Petrobras (PETR4) e Vale (VALE5), que perderam bilhões de dólares em valor de mercado este ano em meio a preocupações dos investidores quanto à intervenção do governo.
Os investidores do grupo EBX, que incluem grandes companhias da China e Coreia do Sul, afirmam que as empresas do empresário mostram enorme potencial por causa de grandes reservas de recursos naturais e capacidade para sinergias entre as diferentes subsidiárias.
Fonte: UOL.COM.BR