Publicado em 26/08/2011 as 12:00am
Impulsionar a economia da Líbia, o enorme desafio dos novos líderes do país
Os rebeldes líbios terão um enorme desafio para revitalizar a economia do país e as primeiras tarefas serão assegurar o funcionamento dos serviços básicos e retomar as exportações de petróleo.
Os rebeldes líbios terão um enorme desafio para revitalizar a economia do país e as primeiras tarefas serão assegurar o funcionamento dos serviços básicos e retomar as exportações de petróleo.
Os especialistas dizem que a Líbia, geralmente chamada de "rico Estado petroleiro pobre", precisará de investimentos de no mínimo 100 bilhões de dólares nos próximos cinco anos para construir uma infraestrutura sólida que atraia investidores locais e estrangeiros.
"Acredito que a Líbia deverá investir anualmente 20 bilhões de dólares durante os cinco próximos anos, na infraestrutura e nos serviços básicos", afirmou Lahcen Achy, especialista do Carnegie Middle East Center, de Beyrouth.
Os novos dirigentes da Líbia herdam uma economia em frangalhos. Durante anos foi dirigida quase inteiramente pelo governo, um regime corrompido e totalitário que dilapidou grande parte dos lucros do petróleo para garantir as ambições e vontades do coronel Kadhafi, segundo diferentes analistas do país.
"O novo governo deve começar do zero. A principal dificuldade será gerenciar a economia deixada por Kadhafi, que fez muito pouco pela infraestrutura do país, como estradas", explica Achy.
"A Líbia enfrenta desafios estruturais. O país é dependente do petróleo e é essencial diversificar a economia, desenvolver o setor privado e realizar reformas", acrescenta o especialista.
Em 2010, o produto interno bruto da Líbia cresceu 90 bilhões de dólares, com uma renda per capita de 15.000 dólares para uma população de cerca de 6,5 milhões de pessoas.
As escolas, hospitais, estradas e portos se deterioram faz 42 anos, tempo do reinado de Kadhafi.
Os rebeldes líbios pediram o desbloqueio de 5 bilhões de dólares líbios que estão congelados, durante uma reunião do Grupo de Contato em Doha.
Aref Ali Nayed, representante do Conselho Nacional de Transição (CNT), organismo político da rebelião, explicou que este dinheiro pagará os salários dos funcionários, a reconstrução das cidades e a reabilitação das escolas e hospitais.
O número dois da revolta, Mahmoud Jibril, já consulta as Nações Unidas, em Nova Iorque, sobre as condições para o descongelamento de 170 bilhões de dólares do regime líbio.
"A Líbia tem muito mais chances que seus vizinhos, Tunísia e Egito - que também tiveram seus presidentes depostos - por razão de ter muitos ativos que serão utilizados para modernizar o país", enfatiza Achy.
Os novos líderes da Líbia terão, contudo, dificuldades para recrutar pessoas do próprio país capazes de fazer renascer a economia, segundo o especialista.
A Líbia dispõe das principais reservas de petróleo da África, com 44 bilhões de barris, mas o país é considerado ainda como subexplorador em relação às suas reservas.
O país exporta cerca de 1,5 milhão de barris de petróleo, o que representa normalmente 95% de sua receita de exportações.
"Eu não acredito ser possível recomeçar a produção imediatamente", reconheceu o ex-presidente da Companhia Nacional de Petróleo da Líbia (NOC), Choukri Ghanem, em uma declaração à agência especializada Platts.
"Será necessário três ou quatro meses para recomeçar a exploração, e dois anos para retornar ao nível inicial", e acrescentou que instalações vitais da produção e transporte foram destruídas.
Fonte: UOL.COM.BR