Publicado em 24/11/2013 as 12:00am
Bolsa do Irã dispara, sob governo moderado
Bolsa do Irã dispara, sob governo moderado
"Os bons tempos voltaram graças ao novo governo", sorriu o investidor, que há nove anos vive de negociar ações. O Tepix (índice principal da Bolsa de Teerã) subiu 73% desde junho, quando o pragmático Hasan Rowhani foi eleito à Presidência com a promessa de convencer o Ocidente a levantar sanções que sufocam o país.
Destoando do cenário de recessão e desemprego, o Tepix já vinha em alta nos últimos anos devido a dois fatores: o isolamento, que transformou a Bolsa numa das raras opções de investimento no Irã, e a inflação, que jogou para cima receitas e cotações.
Mas as ações explodiram com a possibilidade de Rowhani arrancar das potências um acordo nuclear que permita reinserir o país nos circuitos comerciais e financeiros internacionais.
Em 2005, a eleição do populista Mahmoud Ahmadinejad havia causado efeito inverso, derrubando cotações. "Estamos quebrando um novo recorde a cada dia", disse Hamid Rouhbakhsh, diretor da Bolsa iraniana.
Segundo ele, a confiança se traduz nos 120 mil novos investidores individuais recém-registrados. O contingente de pessoas físicas inscritas no sistema de transações beira os 6 milhões. Na BM&FBovespa, o total desses investidores era de cerca de 600 mil neste ano.
INVESTIMENTO APOIADO
Responsável por 60% do mercado, o investimento individual é estimulado pelas autoridades, que oferecem cursos gratuitos sobre mercado de capitais em todo o país. O incentivo à participação gera um perfil de investidor oposto ao padrão de classe média e alta comum em mercados no resto do mundo.
O pregão de Teerã é acompanhado ao vivo, das 9h às 12h, por dezenas de homens de meia-idade com aparência humilde, alguns com roupa surrada, que lotam o mezanino sobre a sala de mercados. "Esse mundo exige conhecimentos que eu e muitos outros não temos", disse o operário Reza Karimi, 45, olhar perdido diante das cotações.
Entre os investidores mais experientes, estava o desempregado Mostafa Bashardust, 32, no ramo há nove anos. "Costumo ir nas petroquímicas, mas agora quero ações da Dr. Abidi [material médico]", afirmou, guiando operações a partir do laptop.
Fonte: www.uol.com