Publicado em 6/10/2015 as 12:00am
Após S&P, agência Moody's ameaça tirar selo de bom pagador do Brasil
A Moody's disse nesta terça-feira (6) que a nota de crédito do país pode ser cortada se a agência concluir que o governo não deve alcançar a consolidação fiscal no curto prazo.
Um mês após a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) tirar o selo de bom pagador do Brasil, outra agência ameaça fazer o mesmo. A Moody's disse nesta terça-feira (6) que a nota de crédito do país pode ser cortada se a agência concluir que o governo não deve alcançar a consolidação fiscal no curto prazo.
Segundo a agência, a classificação do Brasil pode ser rebaixada se o país não apresentar políticas que deem sustentação à estabilidade fiscal.
A dificuldade do governo para fechar as contas, a instabilidade política e a investigação Lava Jato continuarão a afetar negativamente a qualidade do crédito brasileiro, tanto do setor público quanto do privado, ao longo de 2016, disse a Moody's em comunicado.
"Nós não vemos como a posição fiscal do Brasil pode melhorar no curto prazo devido à falta de consenso político, que tem impedido a atual administração de entregar superávits fiscais [saldo positivo nas contas] de tamanho suficiente para conter o nível de endividamento do governo", afirma Mauro Leos, vice-presidente e analista sênior da Moody´s.
"Não acreditamos que o Brasil possa alcançar crescimento real de 2% e superávits primários de pelo menos 2% do PIB [Produto interno Bruto] até 2017 ou 2018, o que é necessário para estabilizar a relação dívida/PIB", afirmou.
Na classificação da Moody's, o Brasil está um degrau antes de perder o selo de bom pagador, com perspectiva estável. Outra agência, a Fitch, classifica o país dois níveis acima do grau especulativo, com perspectiva negativa.
Um segundo rebaixamento pode ter impacto no mercado ainda maior do que o primeiro, porque muitos investidores estão impedidos de deter títulos que não tenham o selo de bom pagador por pelo menos duas das três principais agências de classificação de risco.
Perspectiva estável da nota não significa economia estável
Leos também afirmou que a perspectiva estável da nota de crédito soberana do Brasil não significa que a economia do país esteja estável. Segundo ele, o novo cenário para o Brasil inclui capacidade limitada no curto prazo para lidar com problemas devido à falta de consenso político.
Apesar da ameaça, o analista disse que os riscos do Brasil são similares aos de países com nota "Baa3" (último degrau do chamado grau de investimento), como Indonésia, Turquia e Índia.
Avaliação de agências indica risco de calote aos investidores
Um governo consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receberem o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores.
Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e o país tem de pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O país com mais confiança são os EUA.
O chamado grau de investimento indica aos investidores que uma economia tem baixo risco de dar calote, e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país terão risco próximo a zero.
Fonte: uol.com.br