Publicado em 7/01/2016 as 12:00am
Bolsas da China suspendem pregão após queda de mais de 7%
Nervosismo no mercado foi causado pela decisão do BC de desvalorizar câmbio em 0,51%
Pela segunda vez nesta semana, as bolsas de Xangai e Shenzhen ativaram nesta quinta-feira o mecanismo que suspende automaticamente o pregão quando há uma queda muito expressiva. Quando a queda superou os 5%, houve uma paralisação de 15 minutos. A sessão foi retomada, mas acabou definitivamente suspensa quando a perda superou os 7%. A baixa expressiva foi causada pela desvalorização da moeda local, o yuan, pelo governo. Os demais mercados asiáticos também fecharam em queda e os da Europa abriram em baixa.
O índice geral de Xangai (SSE Composite), o principal indicador dos mercados chineses, fechou nesta quinta-feira em baixa de 7,32%, enquanto o de Shenzhen (SZSE Component) despencou 8,35%.
O mecanismo de suspensão dos negócios já havia entrado em vigor na segunda-feira, no primeiro pregão do ano, para reduzir a volatilidade das Bolsas chinesas e evitar a repetição do desastre ocorrido no verão passado.
O nervosismo no mercado nesta quinta-feira foi causado pela decisão do banco central chinês de desvalorizar em 0,51% a taxa de câmbio em torno da qual o yuan pode flutuar durante o dia. A desvalorização da moeda chinesa é um sinal de preocupação com a economia, pois serve para estimular as exportações.
O banco central da China definiu sua taxa referencial do yuan em 6,5646 por dólar antes da abertura do mercado desta quinta-feira, nível mais fraco desde março de 2011. A queda de 0,51% foi a maior registrada em apenas um dia desde agosto, quando Pequim surpreendeu o mercado com uma abrupta desvalorização da moeda chinesa de 2%.
Pequim tem dito que está avançando na direção de uma taxa cambial baseada no mercado, afrouxando a relação da moeda contra o dólar. O yuan está autorizado a flutuar ante o dólar com uma margem de mais ou menos 2% a partir de uma taxa de referência, definida pelo Banco Central chinês (PBOC).
— Isso é loucura. Os reguladores chineses tomaram esse caminho e não podem sair dele. Eles arruinaram qualquer esperança que os investidores ainda tinham no mercado — disse o fundador da Mandarin Capital Partners, Alberto Forchielli.
A desvalorização de hoje foi a oitava anunciada pelas autoridades monetárias chinesas, uma medida que preocupa os investidores. Ao mesmo tempo, um yuan frágil melhora a competitividade dos produtos chineses no exterior e encarece as importações.
— O mercado espera agora que uma desvalorização do yuan por causa do freio na economia — disse à AFP Claire Huang, analista do Société Générale.
O BC da China prevê para o conjunto de 2015 um crescimento de 6,9%, que seria o menor nível dos últimos 25 anos.
RESTRIÇÃO A VENDAS
Para tentar criar confiança entre os investidores, a Comissão de Regulamentação dos Mercados Financeiros (CSRC) anunciou nesta quinta-feira a prorrogação da restrição das vendas aos acionistas que possuem mais de 5% em uma empresa cotada na Bolsa.
Estes acionistas, que depois da queda espetacular da Bolsa em meados de 2015 estavam proibidos de vender, estão autorizados agora a vender 1% de suas ações a cada três meses.
A suspensão do negócios na China se refletiu nas principais bolsas da Ásia. A queda nos preços do petróleo e a situação geopolítica após o teste nuclear na Coreia do Norte também contribuíram para a queda.
A Bolsa de Tóquio fechou com forte baixa, em seu nível mínimo em três meses. O índice Nikkei perdeu 2,33%. O Hang Seng, da Bolsa de Hong Kong, fechou em baixa de 3,1%, a maior queda desde julho de 2013. A Bolsa de Sydney registrou queda de 2,2% e a de Seul perdeu 1,1%.
— Tensões geopolíticas decorrentes das tensões entre Arábia Saudita e Irã e o teste nuclear da Coreia do Norte já haviam aumentado a aversão ao risco. O ressurgimento do risco chinês foi um golpe psicológico a mais para os mercados, o que levou à venda generalizada de ações — disse Takashi Hiroki, estrategista-chefe do Monex Securities.
As bolsas europeias também iniciaram a sessão desta quinta-feira com perdas consideráveis, afetadas pelo péssimo dia nos mercados da China. Nos primeiros minutos da sessão, o índice FTSE 100, de Londres, perdia 2%; o CAC 40, de Paris, caía 3%; e o DAX 30, de Frankfurt recuava 3,10%. A Bolsa de Madri operava em baixa de 1,98%.
Fonte: http://br.reuters.com/