Publicado em 3/01/2017 as 11:00am
Empresas dos EUA planejam acelerar investimento
"Podemos estar próximos de um crescimento significativo (do investimento)", disse Charles Mulford, professor de contabilidade do Georgia Institute of Technology, em Atlanta
Empresas norte-americanas se preparam para investir novamente após anos andando de lado e mesmo com a perspectiva de elevação dos juros no país.
Executivos se tornaram mais otimistas com o crescimento, em parte antecipando estímulos fiscais e retrocessos regulatórios por parte do novo governo em Washington.
Apesar de anos de juros próximos a zero, muitas grandes companhias norte-americanas preferiram guardar dinheiro ou investi-lo em produtos mais seguros desde a recessão causada pela crise financeira de 2008. Algumas, como a General Motors ou a ferroviária CSX, emprestaram para melhorar o balanço de planos de pensão. Outras, como a Home Depot e a Yum Brands utilizaram o dinheiro mais barato para comprar de volta as ações. Nesse meio tempo, o investimento em maior capacidade produtiva esteve longe de ser generalizado.
"Podemos estar próximos de um crescimento significativo (do investimento)", disse Charles Mulford, professor de contabilidade do Georgia Institute of Technology, em Atlanta.
A companhia de aço Klöckner, que gera cerca de 40% de sua receita em instalações nos Estados Unidos, esperar elevar o investimento em maquinário no próximo ano. A companhia alemã postergou esses investimentos quando a crise desacelerou a demanda de clientes industriais.
A alta dos juros não deve interferir com os investimentos planejados, disse Gisbert Rühl, presidente do conselho da Klöckner. "Se precisarmos pagar 100 pontos base a mais, isso não é uma questão para nós", disse. "Mesmo 200 pontos base a mais não são uma questão... ainda é barato." As autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) assinalaram, em dezembro, que esperam elevar os juros em 0,75 ponto porcentual este ano.
O otimismo renovado pode significar que os Estados Unidos devem emergir de um padrão que tem frustrado o usual ciclo de investimento das empresas. Durante o período de baixa, muitas costumavam cortar investimento em ativos físicos, mas voltavam a fazê-lo assim que a economia dava sinais de melhora.
O investimento das empresas do S&P 500 caiu mais de 17% nos doze meses após o colapso do Lehman Brothers, em 2008. No entanto, mesmo com a recuperação da economia, o total investido só foi recuperar o nível pré-crise em três anos.
Companhias viam poucas razões para investir quando o crescimento norte-americano era débil. O avanço trimestral do Produto Interno Bruto (PIB) se manteve em cerca de 1,5% anualizado desde a quebra do Lehman, metade da média de 3,0% registrada desde a década de 1930.
Outro problema foi a resistência entre líderes corporativos de reduzir a taxa mínima de retorno sobre investimento que eles aceitariam sobre novos investimentos, por temerem a reação de investidores.
"Se os retornos estão baixos e essa taxa mínima não mudou, você para de investir", disse William Plummer, diretor-financeiro da United Rentals.
Ao invés disso, muitas empresas preferiram buscar alternativas mais seguras. Apenas em 2015, as empresas listadas no Russell 3000 compraram o equivalente a US$ 700 bilhões em suas próprias ações, de acordo com o dados da Birinyi Associates. No ano passado até novembro, elas gastaram outros US$ 488 bilhões em "buybacks".
"As empresas simplesmente ainda não se ajustaram a um mundo de juros baixos", disse Paul Ashworth, economista-chefe dos Estados Unidos para a Capital Economics. "Elas ainda buscam retornos de 5% ou até 10% sobre projetos de investimento, sem perceber que o custo de empréstimo atualmente é muito menor".
Algumas companhias continuam prometendo retornos em linha com os vistos antes da crise financeira. A General Eletric, por exemplo, condicionou o pagamento de bônus a seus executivos por uma taxa de retorno sobre capital de 16% a 18% além de outras medidas. Fonte: Dow Jones Newswires.
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