Publicado em 2/07/2024 as 8:00pm
Bitcoin na América Latina: Um terreno fértil para o uso diário de criptomoedas
Image by Pete Linforth from Pixabay A adoção das criptomoedas na América Latina,...
A adoção das criptomoedas na América Latina, principalmente do Bitcoin, só tem crescido nos últimos anos. Sendo uma ferramenta contra a inflação, é muito popular na região que é conhecida por sua instabilidade econômica. Nos países latino-americanos, onde a inflação muitas vezes atinge cifras alarmantes, o Bitcoin tem sido visto como um porto seguro. Uma pesquisa indicou que cerca de 19% dos brasileiros já utilizaram algum tipo de criptomoeda, e espera-se que esse número aumente cerca de 25% até o final do ano.
Argentina e Venezuela, por exemplo, enfrentam inflações que desvalorizam suas moedas locais a ponto de tornar o dinheiro quase obsoleto para transações diárias. Em resposta, muitos têm recorrido ao Bitcoin para preservar e até aumentar o valor de seus ativos, já que a inflação afeta diretamente o poder de compra.
Em novembro de 2023, esses países figuravam entre os de maior inflação no mundo, com os cidadãos recorrendo cada vez mais à criptomoeda como uma solução a essa situação. A Argentina registrou uma taxa anual de inflação de 211%, o maior índice desde o início dos anos 1990. A Venezuela, por outro lado, viu uma diminuição em sua inflação para cerca de 193% no mesmo período, após anos de escaladas severas nos preços.
Dessa forma, atividades cotidianas, como compras, contratação de serviços e até entretenimento, estão cada vez mais sendo feitas com criptomoedas. Além dos caixas eletrônicos de Bitcoin, é comum ver sites, lojas físicas e até cassinos que aceitam criptomoedas. Por exemplo, algumas agências de viagem online permitem reservar voos e hotéis com criptomoedas, enquanto algumas lojas de moda já aceitam esse tipo de pagamento tanto em compras online quanto em lojas físicas. Até cinemas já começaram a aceitar criptomoedas como forma de pagamento. Algumas plataformas de exchange também oferecem cartões de débito cripto para facilitar o uso dos criptoativos no dia a dia.
A concentração bancária na América Latina impõe custos elevados às transações financeiras, tornando os bancos menos atraentes e até inacessíveis para uma grande parte da população. De acordo com um relatório de 2018 do Banco de Pagamentos Internacionais, as tarifas relacionadas a pagamentos representaram até 4% do PIB da região. O Bitcoin e outras criptomoedas são boas alternativas, oferecendo métodos de pagamento menos custosos e mais acessíveis.
As criptomoedas também são importantes para o envio de remessas. Há um forte componente de democratização de acesso através de tecnologias de finanças descentralizadas (DeFi), que permitem operações financeiras sem intermediários tradicionais, reduzindo ainda mais os custos e expandindo o acesso a serviços financeiros para um público mais amplo.
Em países como El Salvador, as remessas em Bitcoin cresceram mais de 1000% nos últimos dois anos. Esses pagamentos, livres de taxas exorbitantes e limites restritivos impostos por bancos tradicionais, exemplificam como o Bitcoin está facilitando a vida de quem envia e recebe dinheiro internacionalmente. Embora a porcentagem de todas as remessas recebidas via Bitcoin ainda seja pequena, variando entre 1 e 2%, essa tendência mostra o potencial do token na redução de custos e na simplificação de transações financeiras internacionais.
Mas a adoção de Bitcoin está se expandindo para além das finanças. A tecnologia blockchain, que é a base para o Bitcoin e outras criptomoedas, está promovendo inovações em áreas como contratos inteligentes, segurança digital, e mesmo a governança corporativa. Empresas de diversos setores, incluindo varejo, entretenimento e tecnologia, já começam a explorar as possibilidades oferecidas pelas criptomoedas. Por exemplo, grandes empresas brasileiras já começaram a adotar blockchain e criptomoedas, desde bancos e instituições financeiras até empresas de calçados e vestuário, demonstrando o reconhecimento do potencial dessa tecnologia.
Mas, além disso, especialistas como Thomas Templeton, Líder de Proto, falam da importância da educação financeira e cripto para garantir que mais pessoas possam aproveitar as oportunidades que as criptomoedas oferecem. O governo e as entidades privadas devem criar um ambiente regulatório favorável e promover recursos educacionais que facilitam o acesso à tecnologia cripto.
Recentemente, o governo brasileiro, através de ações do Banco Central, começou a implementar uma regulamentação mais clara para criptoativos. O objetivo é a proteção contra fraudes e a estabilização do mercado de criptomoedas, promovendo um ambiente mais seguro para os usuários e investidores. A Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), liderada pelo Banco Central do Brasil, busca ampliar o conhecimento financeiro da população, incluindo temas sobre criptoativos. Essas iniciativas são importantes para preparar a população para lidar com as nuances e riscos do mercado de criptoativos.