EUA usam “detector de mentiras” em funcionários para combater vazamentos sobre operações de imigração

O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês) está aplicando testes de polígrafo (detector de mentiras) em seus funcionários para identificar possíveis vazamentos de informações à imprensa sobre as operações de imigração em andamento. Esta informação foi confirmada por um porta-voz da agência, de acordo com uma reportagem da CBS News no sábado. 

A medida, que já dura cerca de três semanas, foi anunciada pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, no dia 18 de fevereiro, como parte de um esforço para coibir a divulgação de detalhes sigilosos.

Em um vídeo publicado nas redes sociais na sexta-feira, dia 07, Noem afirmou que o departamento havia "identificado dois responsáveis por vazamentos de informações aqui no DHS, que estavam compartilhando detalhes sobre nossas operações, colocando vidas de agentes da lei em risco". Ela acrescentou que os indivíduos serão processados e "responsabilizados por suas ações". 

Ainda não está claro quantos funcionários já passaram pelos testes de polígrafo.

A iniciativa ocorre em meio a uma série de operações agressivas de imigração promovidas pelo governo do presidente Donald Trump, que tem como uma de suas principais promessas de campanha o combate à imigração ilegal e a deportação em massa de imigrantes indocumentados. Desde janeiro, a Casa Branca tem intensificado esses esforços, resultando em milhares de detenções em operações realizadas pelo Departamnento de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês), subordinado ao DHS.

Na semana passada, Noem anunciou que mais de 20 mil imigrantes indocumentados foram presos pelo ICE apenas em fevereiro. Para reforçar essas operações, outras agências federais, como o Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF, sigla em inglês) e a Agência de Combate às Drogas (DEA, sigla em inglês), foram convocadas a fornecer pessoal adicional.

Além disso, a administração Trump revogou uma política da era Biden que impedia agentes de imigração de realizar prisões perto de escolas, locais de culto e outros locais considerados sensíveis. A mudança, no entanto, enfrenta desafios legais.

Em relação à divulgação de imagens das operações, Noem defendeu a filmagem e divulgação pública das operações de imigração como uma "medida de transparência". "Não é um espetáculo", disse ela. "Este é o processo judicial de aplicação da lei do nosso país. A balança da justiça é aplicada igualmente a todos. Queremos transparência nisso. Acredito que seja uma medida de responsabilidade."

A aplicação de testes de polígrafo no DHS reacende o debate sobre o equilíbrio entre segurança nacional, transparência e direitos dos funcionários públicos. Enquanto o governo busca conter vazamentos, críticos questionam até que ponto táticas como essa podem impactar a confiança e a moral dos trabalhadores da agência.