Publicado em 11/02/2018 as 8:00am
Protagonista do modernismo brasileiro, Tarsila do Amaral ganha exposição em NY
Tarsila do Amaral (1886–1973), uma das protagonistas fundadoras do modernismo brasileiro...
Tarsila do Amaral (1886–1973), uma das protagonistas fundadoras do modernismo brasileiro ganha sua primeira grande exposição dedicada exclusivamente ao seu trabalho no The Museum of Modern Art (MoMa).
A exposição Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil (Tarsila do Amaral: Inventando a Arte Moderna no Brasil) concentra-se na produção da artista desde a década de 1920, refazendo a trajetória de suas contribuições a arte em cerca de 120 obras.
A exposição de Tarsila do Amaral no MoMA incluem obras como pinturas, desenhos, cadernos de esboços e fotografias selecionadas de acervos nos EUA, América Latina e Europa. Ela também explora a visão radical de uma artista que influenciou profundamente a prática modernista no Brasil e foi uma figura central para as gerações posteriores de artistas brasileiros em diversos meios, desde a literatura e o teatro até moda e música.
Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil é uma introdução modernista brasileira ao público norte-americano. A exposição apresenta uma linha do tempo da vida e obras de Tarsila, desde as suas primeiras obras parisienses até as pinturas modernistas emblemáticas que produziu após seu retorno ao Brasil. No centro da exposição destaca-se o reencontro de três quadros marcantes: "A negra" (1923), "Antropofagia" (1929) e "Abaporu" (1928) – em uma série transformativa de obras que não são expostas juntas na América do Norte desde 1993, quando fizeram parte da exposição Artistas Latino-Americanos do Século XX, no MoMA.
Em declaração à Agência Efe, Luis Pérez-Oramas, encarregado da curadoria junto com Stephanie D'Alessandro, disse que Tarsila do Amaral é uma figura central do movimento da modernidade brasileira: "Tarsila do Amaral é a figura central da modernidade em um país enorme, cuja cena artística é hoje uma das mais importantes do mundo e onde os artistas modernos e contemporâneos estão influenciando o mundo inteiro".
Inspirações para as obras
Durante o ano de 1923, Tarsila do Amaral estudou nos ateliers de mestres cubistas franceses como André Lhote, Albert Gleizes e Fernand Léger. Esses aprendizados levaram-na à conclusão de que “O cubismo é o exercício militar do artista. Todo artista, para ser forte, deve passar por ele.” Tarsila integrou as técnicas cubistas ao seus novos conhecimentos e começou a formular o que viria a ser o seu estilo característico de pintura: linhas sintéticas, volumes sensuais e uma suntuosa paleta de cores para retratar paisagens e cenas do cotidiano.
Em uma carta à sua família, Tarsila relatou que queria ser uma "pintora da sua terra": “Sinto-me cada vez mais brasileira: quero ser a pintora de minha terra. ... Quero, na arte, ser a caipirinha de São Bernardo.” No mesmo ano, Tarsila retornou ao Brasil buscando inspiração na terra, paisagens e povo do seu país, mesclando as inovações da vanguarda europeia e a sensibilidade do vernáculo brasileiro para produzir um conjunto distinto de obras tão pessoais quanto originais. O quadro "A negra", um dos destaques da exposição, sugere essas ambições.
Outra obra central da exposição é o quadro "Abaporu", que mostra uma figura alongada com um cacto. Tarsila pintou a obra em 1928 para Oswald de Andrade, na época, seu marido. O título combina duas palavras do idioma dos índios tupi-guarani: aba (homem) e poru (“que come carne humana”). Essa mesma tela inspirou Oswald a escrever o “Manifesto Antropófago”.
A exposição Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil fica em cartaz de 11 de fevereiro a 3 de junho de 2018 no museu MoMa em New York.
Fonte: Redação - Brazilian Times