Publicado em 17/06/2020 as 4:30pm
O fim do sonho americano?
Nas últimas semanas o dólar beirou o valor histórico de R$6,00 no Brasil. Se as pessoas acrescentarem as taxas e impostos cobrados pelo país na hora da compra, o valor pode ultrapassar facilmente os R$7,00.
“ Quando o sonho vira pesadelo é hora de acordar! ”
Elizabeth Aquino (escritora)
Nas últimas semanas o dólar beirou o valor histórico de R$6,00 no Brasil. Se as pessoas acrescentarem as taxas e impostos cobrados pelo país na hora da compra, o valor pode ultrapassar facilmente os R$7,00.
Muitos fatores influenciaram este aumento do dólar e a desvalorização de nossa moeda, a pandemia da COVID-19 foi a principal delas. Todos os países do mundo também enfrentam os resultados devastadores deste vírus e pagam o preço por ele. Só que no Brasil tudo sempre é mais complicado. Somos a nação que mais teve sua moeda desvalorizada, ultrapassando até a falida Venezuela. Mas o que causa isso? Economistas apontam a total falta de interferência e interesse do Banco Central em conter estas disparadas do dólar. Para piorar, o presidente brasileiro com suas atitudes quase infantis, tenta amenizar as recomendações da Organização Mundial de Saúde, e se envolve em discussões e polêmicas que causam brigas e rachas internas no próprio governo; o resultado disso é insegurança econômica. Estamos na ponta do iceberg da maior crise econômica da história do mundo e ninguém sabe ainda como juntar os cacos pós- epidemia, caso ela possa ser controlada.
As atitudes políticas do Brasil são preocupantes e não começaram agora. Vamos lembrar da Copa do Mundo de 2018, muitos estádios de futebol foram construídos (boa parte em investigações por superfaturamento) e poucos hospitais. E até irônico, se não fosse uma tragédia, alguns estádios estarem sendo usados como hospitais de campanha.
Os Estados Unidos enfrentam problemas semelhantes, mas de uma forma diferente e com reservas econômicas mais estruturadas que possibilita uma maior sobrevida em meio a uma crise assim. O sonho americano pode estar em jogo, ou não?
A América sempre foi considerada o país das oportunidades. Dizem as lendas, que aqueles que lutassem com determinação por seus ideais realizariam seus sonhos. Algo que teve sua maior representação no filme Rocky, um lutador. De lá para cá, décadas se passaram e os americanos tiveram vários presentes, Reagan, Bush Pai, Bush Filho, Clinton, Obama até chegar em Donald Trump. Muita coisa mudou. Independente do presidente e seu posicionamento político. A verdade, se é que podemos afirmar que existe uma verdade absoluta, é que os Estados Unidos nunca foram generosos com os estrangeiros, pois em muitos aspectos não são generosos nem com seus próprios cidadãos. Hoje os americanos enfrentam o mais alto desemprego da história em uma país que tem uma total e cruel ausência de um sistema de saúde gratuito.
Se isso é uma complicação para os americanos imagine para os brasileiros que moram na terra do Tio Sam. Só é preciso folhear alguns jornais voltados para a comunidade brasileira para encontrar campanhas de doações para auxiliar o tratamento médico de alguns brasileiros que estão morando nos Estados Unidos.
São brasileiros que viviam de forma legalizada, trabalhando arduamente para tentar desfrutar do suposto sonho americano, pagando suas contas em dia. Só que para alguns deles, tragédias podem acontecer, uma doença inesperada, uma pandemia, um acidente de carro ou mesmo doméstico e a estabilidade acaba; a reservas financeiras se esgotam, e a pessoa quase se torna um indigente, precisando da colaboração de almas caridosas para atenuar o sofrimento. São muitos e muitos casos como este. Situações onde as pessoas não possuem dinheiro nem para comprar a passagem de volta para sua terra natal. Pense isso em tempos onde nem voos para o Brasil existem.
Uma coisa é fato, não existe nenhum brasileiro que venceu nos Estados Unidos sem um trabalho duro, exaustivo e disciplinar. Não há moleza para quem quer sobreviver e crescer na américa. Pois mesmo naturalizado você será sempre um estrangeiro aos olhos de algumas pessoas. Lá sempre haverá muitas cobranças e pouco reconhecimento. A vida não teria graça sem lutas e desafios.
Hoje o futuro nunca foi tão incerto, a pandemia acelerou processos tecnológicos, sobretudo na comunicação e ensino. Afetou a forma de relacionamento das pessoas e costumes sociais, como ir a um jogo, a uma sessão de cinema. A COVID19 paralisou o processo de globalização, isolando países e países isolando até cidades. A própria humanização se tornou algo sem contado pessoal, sem abraços ou apertos de mãos. O maior desafio da humanidade será a de recuperar está humanidade, abrir novamente suas portas, o de ser solidário mesmo quando há falta em sua própria mesa. E ver o que no mundo do passado estava errado e injusto e tentar fazer algo melhor neste futuro tão próximo.
Wendell Stein,
cineasta, jornalista e escritor profissional.
E-mail wendellstein@me.com
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Fonte: Redação - Brazilian Times.