Publicado em 2/07/2020 as 10:30am
Coluna Arilda Costa
Entrevista com o Artista Hercules Fernandes Minha entrevista hoje é com o artista brasileiro...
Entrevista com o Artista Hercules Fernandes
Minha entrevista hoje é com o artista brasileiro Hercules Fernandes. Ele mora em Nova Iorque e tem uma história interessante para contar.
Artista, restaurador de artes, durante a quarentena pela pandemia, ele deu vida ao personagem "Dogoberto Handsome" e inaugura outra fase da sua vida como artista cômico no Youtube.
- Hercules, qual sua origem no Brasil, estado, cidade, e há quanto tempo você vive Estados Unidos?
Nascido em Belo Horizonte dia 4 de Maio de 1961, em uma família de 5 filhos, vivo nos Estados Unidos desde 2003, e me tornei cidadão Americano em 2010.
- Você se mudou diretamente para Nova York?
Sim, a princípio fui morar em Mount Kisco UpState New York, onde trabalhei por 1 ano como cabeleireiro. Como fui proprietário de salão de beleza no Brasil por mais de 16 anos, foi bom ter tido esta oportunidade aqui também.
- Como foi para você esta mudança de país, foi uma coisa planejada ou aconteceu na sua vida?
Na verdade, eu sempre quis ter uma experiência Internacional porque sou Artista Plástico e minha carreira estava deslanchando bem no Brasil. Quer dizer, conhecer os Museus de Nova Iorque com toda a diversidade me fascinava e foi a minha motivação. Eu não tinha intenção de ficar permanente, mas o amor tomou conta. Daí você já viu né?
- Conta um pouco como foi seu processo de adaptação?
Adaptação fora do nosso torrão natal não é nada fácil. Foi um grande desafio deixar minha família e amigos para enfrentar o desconhecido.
- O que você mais gosta do lado profissional e pessoal morando aqui nos EUA?
Aqui se aprende muito. O povo Americano é bem pragmático e direto, sem melindres, o que abre muito a cabeça de muita gente. Apesar do momento difícil desta transição mundial, acredito que ainda é o país das oportunidades. O Brasil está no meu coração e os Estados Unidos no meu cérebro, não tem como dissociar.
- Como e quando se dá o seu primeiro contato com as artes?
Desde a infância eu buscava forma nas nuvens densas e até nas paredes descascadas pelo tempo. Acho que nasci respirando arte.
- Como surgiu ou você descobriu este dom?
Aos 16 anos senti impulsos para pintar e esculpir. Arrisquei alguns trabalhos, mas por contingências da vida, só pude me dedicar anos mais tarde a excercitar minha arte.
- Quais são suas principais influências?
Acredito que todos somos inspirados e influenciados pela energia e pensamentos daqueles pelos quais nos vinculamos por empatia e admiração. No Brasil tenho vários mestres: Aleijadinho, Athayde, Portinari e outros, mas a grande influência mesmo vem de Picasso e Matisse nas formas e Van Gogh nas pinceladas densas.
- Você é um artista, recentemente você criou um personagem cênico e está usando as mídias sociais para divulgá-lo, conta um pouco desta experiência. Qual é o seu objetivo?
Este personagem ficou em "banho Maria" desde minha adolescência aguardando a maturação que eclodiu agora nesta pandemia. Na infância adorava ouvir com meu pai no rádio os programas de humor, a "turma da Maré Mansa" e "Balança mas não cai". Ficava imitando alguns personagens e me divertia muito. O humor foi uma das terapias que me trouxe a vida após dolorosas experiências com a perda de minha mãe aos 9 anos, e depois a do meu pai e meu irmão aos 15.
O Dogoberto Handsome é a minha terapia, meu momento de descontração. Quero levar alegria e entretenimento para as pessoas porque o riso é a melhor medicação para combater o desânimo e depressão. Tenho um canal no YouTube para divulgar e ter um alcance maior de público. No futuro meu plano é fazer shows para a comunidade Brasileira.
- Você consegue viver da sua arte nos EUA ou você tem uma outra profissão?
Na verdade, a minha vida inteira estive envolvido com arte e foi através da arte, nos momentos mais difíceis dos anos 80, quando o desemprego assolava o Brasil, que ganhei a vida me sustentando como cenógrafo para balé e teatro. Eu confeccionava alegorias decorativas para vitrines de lojas em Belo Horizonte e nos shopping Centers. Era o trabalho relativamente simples mas de grande expressão artística
Aqui nos Estados Unidos tenho atuado como Restaurador de "Antiques, Art Nouveau, Deco", Contemporâneos, diversos móveis para colecionadores bem como recuperação de esculturas e preservação de pinturas. Assim vou vivendo rodeado de peças interessantes e objetos de arte.
- Você trabalha também com a comunidade brasileira nos EUA?
Sim, sempre estive vinculado a nossa comunidade, em Nova Iorque e Nova Jersey. Sou Espírita e faço o trabalho de divulgação com palestras e estudos. Neste período apenas online.
- O que mais te inspira no seu cotidiano como artista?
A Vida. Viver na galeria do tempo expostos nas paredes as oportunidades aos olhos desafiadores das expectativas e emoções é contemplar o Sagrado Templo que Deus me permitiu.
- Estamos vivendo tempos de pandemia e incertezas, o que você aconselha as pessoas que estão passando por este problema?
Tenham fé, tenham esperança, nunca desistam. O homem sem fé é como um peixe na lama, fica difícil mover, atuar, viver. Tudo passa na vida. Estamos numa imensa nave flutuante, viajando pelo Cosmo Sideral. Esta nave chamada Terra está sob a supervisão de uma inteligência suprema que é Deus. A humanidade sempre passou por situações semelhantes, a terra é uma grande escola que passa e abriga civilizações. Como em outros períodos a humanidade passou por diversas dificuldades e tragedias que assolaram os povos por todos os continentes. Sairemos vitoriosos desta provação coletiva.
- O que mais te impressionou neste período?
As pessoas estavam distantes mesmo de corpo presente, tem sido uma reflexão para todos, a convivência em família e as redes sociais que afastavam os familiares dentro do próprio lar, agora fazem um papel de suma importância. Pessoas até mesmo em continentes distantes intensificam amizade e valorizam o tempo, o trabalho e o convívio. Será um marco de um Novo Tempo. Não seremos os mesmos, conquistaremos outro nível de consciência. Eu acredito.
-Quais são seus planos para quando esta pandemia passar?
Viver com mais intensidade, agradecido pelo dom da vida e a capacidade de superação. Estar mais próximos de familiares e amigos e trabalhar com afinco e gratidão.
- Um conselho que você daria nestes tempos de quarentena?
Ter coragem seguindo avante sem se entregar ao desespero ou ao desânimo. Não cruzar os braços diante da oportunidade, acreditar na vida, buscando prosperidade alimentada pela fé em Deus.
- Do Brasil, quais são as lembranças melhores?
O cheiro da brisa vindo das montanhas sinuosas, enfeitando o cenário de beleza em torno da grande Belo Horizonte. Um divisor entre a terra e o céu e a contemplação de um Belo Horizonte do Alto das Mangabeiras. O café da manhã, a conversa com os amigos e os passeios com os filhos.
- Uma experiência inesquecível que você já viveu aqui?
Ter assistido o parto da minha filha Rachel e ela segurando o meu dedo indicador com chorinho manso logo que saiu do ventre de minha esposa.
- Neste anos todos na América quais foram as lições mais importantes?
Vencer o medo e a timidez. Ter prosseguido, apesar das dificuldades. Trabalhar com afinco, ser produtivo e eficaz, respeitando o limite do próximo. Aprendi a ter os olhos abertos e a distinguir os verdadeiros amigos.
- Uma referência importante na sua vida?
Jesus, modelo e guia para toda a humanidade.
- Você já vive o seu "American dream" ou tem mais projetos na gaveta ?
O sonho não acaba nunca e a gaveta é de grande proporção. Quero viver com alegria e fé sustentando todos os meus projetos que por certo, como o de todos, tem a supervisão de Deus.
- Você teria algum conselho para quem quer vir tentar a vida nos EUA?
Este país é para pessoas fortes e determinadas. Cada indivíduo viverá suas próprias experiências. É muito importante se informar antes dos prós e dos contras desta desafiadora empreitada de sair do seu conforto e convívio familiar para ser um imigrante em busca dos seus sonhos. Sejam conscientes e preparem-se com informações e o básico do conhecimento da língua. Que tenham dinheiro suficiente para as despesas de estadia para começar e busquem a legalidade.
- Cite três coisas que ainda estão na sua lista de desejos?
Abrir outro business, ter minha casa própria, e conhecer outros países, além dos que já fui.
- Qual é o seu mantra ?
Deus me trouxe até aqui e vai me levar até mais adiante.
- Você tem planos de viver novamente no Brasil?
Sim, mas alternando com os Estados Unidos de acordo com as oportunidades.
- Como você gostaria de ser lembrado no futuro?
Como alguém que nunca desistiu de lutar.
Fonte: Redação - Brazilian Times.