Publicado em 6/07/2020 as 12:30pm
Coluna Saúde da Mulher
O Uso Abusivo do Smartphone Entre os Adolescentes Na coluna Saúde de Mulher do dia 29 de...
O Uso Abusivo do Smartphone Entre os Adolescentes
Na coluna Saúde de Mulher do dia 29 de junho, abordamos o aspecto da dependência do smartphone que é conhecido como Nomofobia. Hoje estaremos compreendendo melhor como essa exposição abusiva pode estar relacionada com transtornos mentais que consequentemente pode possibilitar riscos a saúde de crianças e adolescentes.
Insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração, inquietação, dificuldade de socialização, isolamento, mudanças de humor quando existe impossibilidade do uso ou acesso ao smartphone. Se seu adolescente apresenta alguns desses sintomas procure orientação com um profissional de saúde mental ou converse com o pediatra, para identificar a causa e descartar a possibilidade de dependência do smartphone.
Se você está acima da faixa de 30 anos de idade, provavelmente sua infância e adolescência foram cercadas de várias atividades ao ar livre, quase sempre na companhia de familiares, amigos e vizinhos. Talvez seus irmãos já demonstravam um enorme interesse por jogos de vídeo game, mesmo assim, não dispensavam uma oportunidade de sair de casa para se divertir ou participar de algum evento.
Mas esse comportamento considerado comum para a época, foi se adaptando e sofrendo várias transformações diante dos nossos olhos. Se entre nós adultas é difícil encontrar um ambiente social que não tenha a interferência de um smartphone e redes sociais, fica fácil entender porque entre os adolescentes; e até mesmo entre as crianças; é praticamente impossível que a interação não esteja voltada para o que está acontecendo no mundo “virtual” muito mais do que ao redor deles.
Não é possível voltar ao tempo e a tecnologia proporciona facilidade de acesso a informações e maiores recursos de comunicação que sem sombra de dúvida muito favorece as nossas vidas. Precisamos compreender que existe sim o lado positivo da utilização tanto dos smartphones como também dos demais aparelhos eletrônicos e também ao acesso a internet.
Entendo a correlação entre alguns transtornos psiquiátricos e o abuso de smartphones na adolescência.
Apesar de vários estudos sobre a uso excessivo aos aparelhos eletrônicos e mais especificamente do abuso do smartphone já terem sidos apresentados, pouco se sabe até hoje quais são os efeitos causados no desenvolvimento das criança e dos adolescentes.
O jornal Brasileiro de Cirurgia e Pesquisa Clínica (BJSCR) publicou um estudo realizado por uma equipe de especialistas da área médica ao qual foi revisado em 2019, sobre a correlação entre o alguns transtornos psiquiátricos e o abuso de smartphones durante a adolescência. Observou-se que o aumento tanto de transtornos emocionais quanto de conduta aumentou consideravelmente nos últimos anos, chegando atingir cerca de 10 a 20% das crianças e adolescentes. Observou-se também a alteração do comportamento dos adolescentes em relação: a qualidade do sono; alto nível de depressão se comparado com as demais pessoas como: crises de choro, pensamentos suicida, pessimismo, etc... Além disso, é bastante comum quando o adolescente que sofre de dependência do smartphone ao ficar impossibilitado de usar o celular se queixar de: baixa autoestima, solidão, rejeição e até mesmo de crise de pânico. Nesse caso, a necessidade emocional de manter o uso contínuo do celular poderia representar para alguns uma forma de “evitar” a crise, assim também como forma de contato social. Enquanto para muitos o smartphone é uma ferramenta de comunicação e entretenimento, para os que sofrem com a dependência usar o aparelho, pode significar uma fuga da realidade que acaba se tornando uma prisão de si mesmo.
Pessoas que sofrem do transtorno de pânico, geralmente evitam o contato direto com aglomerações de pessoas levando assim ao isolamento gradativo. Várias pessoas que sofrem desse mal tendem a viverem trancadas em casa e só saem para compromissos obrigatórios. Casos mais grave, o indivíduo perde a capacidade de se relacionar com as pessoas e principalmente de frequentar ambientes que possam expor a possibilidade de uma nova crise. No entanto, se não for devidamente tratado, as crises de pânico podem se tornar cada vez mais comum possibilitando ao risco de abuso de substâncias perigosas à saúde como: álcool, drogas, além dos medicamentos nocivos quando a dosagem e frequência acontece de forma irregular e sem a orientação e supervisão de um médico.
Outro fator importante é que crianças, adolescentes e jovens estão em formação da própria identidade. Em caso dessa formação for baseada junto a perspectiva apresentada nas redes sociais por exemplo, pode prejudicar e muito a relação entre a realidade se comparado com ao conteúdo apresentado de forma programada a atrair a atenção para um padrão “ideal” de vida.
Uma adolescente ao ver uma foto de um grupo de amigos em uma das redes sociais, festejando alegremente em um ambiente atraente aos olhos, pode se sentir inferior ou rejeitada por não ter sido convidada ou por não fazer parte daquele mesmo ambiente. Esse sentimento de rejeição pode ser alimentado pela a falta de curtidas na foto da própria adolescente por não fazer parte da “turma” popular ratificando assim a percepção de não ser aceita no grupo.
Buscando ajuda
Mesmo sabendo que é desafiador colocar limites quanto ao uso do smartphone ou do computador e até dos jogos eletrônicos, é importante que pais e educadores possam ajudar tanto as crianças quantos os adolescentes a encontrarem maneiras de manter o hábito de manter um equilíbrio tornando assim até as relações familiares e sociais mais saudáveis. O melhor mesmo é evitar que o comportamento abusivo venha ocorrer. Dificilmente é possível manter um adolescente sem ter acesso ao seu próprio aparelho de smartphone. Utilizamos para nos comunicar, é uma forma que usamos para saber se estão “seguros” mas é fundamental que estejamos atentas se estamos nos precipitando em oferecer um smartphone para uma criança sem observar a idade e maturidade da mesma.
Algumas sugestões para que você reflita no seu comportamento em relação ao acesso ao smartphone da sua criança e também adolescente.
1.Procure não oferecer aparelho eletrônico para uma criança menor do que 4 anos de idade. Existem diversos brinquedos interativos, livros que além de entreter podem ensinar. A exposição precoce a esses tipos de dispositivos podem provocar a hiperatividade e déficit de atenção.
2.Procure dar bons exemplos. Se você vive “pendurada” ao telefone, mesmo quando está em casa junto com seus filhos, dificilmente poderá controlar um comportamento oposto.
Sempre que for possível, procure dar atenção e tempo de qualidade ensinando assim que a interação pessoal é muito mais preciosa e que você demonstra dar valor e apreciar o tempo em família.
3.Procure manter o diálogo aberto sobre os perigos e limites do uso da internet. Ensine a não compartilhar informações pessoais com estranhos e mantenha uma relação de confiança para que quando for necessário você seja comunicada sobre algum sinal de perigo.
4.Procure manter limite de tempo dedicado ao uso do smartphone também evitando o isolamento por longo período de tempo para que mantenha os olhos no que possa estar “acontecendo”.
5.Procure manter atividades que excluam o uso dos aparelhos eletrônicos. Sabendo que não é tão simples assim manter uma rotina “livre” do corre corre do dia a dia, faça você a escolha de incentivar a sua família a ter um momento para conversar e se divertir sem a interrupção alheia.
6.Procure manter os aparelhos de smartphone longe dos locais de refeições. O momento de refeição tem um valor bastante significativo para a construção tanto da identidade quanto das relações.
7.Procure não ter medo de colocar limites. Vamos deixar de vivermos carregando toneladas de culpa. Ao invés disso, seja firme em relação aos seus conceitos e valores sem deixar de ser flexível.
8.Procure ouvir os sinais e perceber qualquer mudança de comportamento e procure um especialista mesmo que não tenha certeza do que possa estar ocorrendo. Nesse caso, é melhor pecar por excesso do que por omissão.
9.Procure entender que seu filho ou sua filha, independente da idade, não precisa de ter “todos” os “lançamentos” tecnológicos de última geração para serem felizes e saudáveis, mas sim de pessoas que os cerquem com: amor, proteção, respeito e oportunidades de serem quem são.
A Coluna Saúde de Mulher
Lidia Ferreira
www.plataformadigitalfeminina.com
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Fonte: Redação - Brazilian Times.