Publicado em 6/08/2020 as 3:30pm
Coluna Arilda Costa
Autora de literatura para a infância: Flávia Muniz FLÁVIA MUNIZ é escritora de literatura...
Autora de literatura para a infância: Flávia Muniz
FLÁVIA MUNIZ é escritora de literatura para crianças e jovens com mais de 70 livros publicados. Educadora formada em Pedagogia e com especialização em Orientação Educacional pela PUC de São Paulo, atua na área de publicações de grandes editoras brasileiras. Tem obras selecionadas pela FAE e PNBE e outras, publicadas na Itália, México e Colômbia. Obteve três indicações ao prêmio Jabuti por obras infantis e recebeu, da Associação Paulista dos Críticos de Arte, o prêmio de Melhor Livro Juvenil em 1991.
Iniciou sua carreira com a publicação de livros para a infância. Com o passar do tempo, sua escrita também acolheu o público adolescente e jovem adulto, com novelas de suspense e contos de literatura fantástica.
COMO VOCÊ PERCEBEU QUE GOSTARIA DE SER ESCRITORA?
Eu sempre gostei da escola, do ambiente escolar... as relações com os colegas, as brincadeiras, os aprendizados, os desafios, os enfrentamentos, a superação de problemas e dificuldades. A vivência na escola é como um treino para a vida adulta!
Um modo de manter essa ligação permanente foi me tornar professora. Assim, pude continuar vivenciando o que valorizava e construir minha relação de troca com as crianças. Fiz de tudo: cuidei das menores, das mais crescidas, ensinei-as a ler e a escrever, a se expressarem por meio das artes, música, dança, teatro, artesanato... Tudo isso fazia parte do ano letivo. Sempre tive temperamento participativo, alegre e motivava as turmas com isso. O estudo e o trabalho realizados de modo prazeroso podem ser “ensinados” por meio do exemplo, acredito.
DE ONDE VEM SUA INSPIRAÇÃO?
Minha inspiração resulta de observação, que há muitos anos é orientada para as crianças, o modo como elas brincam e se relacionam, o que imaginam durante o faz-de-conta, como agem e inventam histórias. É um perfeito laboratório de criação... e para bom entendedor, isso basta! Sinto, também, que a criança que sobrevive em mim orienta essas escolhas e a educadora, gerencia esse tumulto todo...
QUAIS FORAM SEUS LIVROS PUBLICADOS ATÉ O MOMENTO?
Em meu acervo literário há livros que falam de temas que interessam a maioria das crianças: animais, sentimentos, mistérios e encantos, o mundo do faz-de-conta. Escrevi muitas histórias tais como, A caixa maluca, O tubo de cola, O jogo do Pega-pega, O jogo do Vai e Vem, Tico-Tico no sofá, Sabido e Danado, Toma lá, Dá cá, Rita, não grita!, Beto Baguncinha, que ilustram essa categoria.
Fantasma só faz BUU! Números Assombrados e Alfabeto Assombrado (com o personagem Buu, o Fantasminha), Presente de bruxa e Brincadeira de saci, abordam personagens do folclore, o clima de medo e suspense.
Meus leitores cresceram, e com eles, meu interesse também se modificou. Escrevi novelas como Os Noturnos (13 anos antes de Crepúsculo!), cuja trama aborda os laços de amor entre um jovem vampiro e uma humana, Viajantes do Infinito (com o qual ganhei o prêmio de Melhor Livro Juvenil em 1991) e muitos contos no gênero sci-fi e terror.
Em 2017, lancei meu primeiro romance de fantasia sombria, O Manto Escarlate, inspirado livremente em um conto de Grimm. É a história narrada pelo ponto de vista das bruxas de Finisterre, a aldeia assombrada.
DE ONDE VEM SEUS PERSONAGENS?
Ahhh, isso até parece um mistério! Sou consumidora de histórias em séries para TV, em livros e no cinema. Sou cinéfila! E, mais uma vez, foi por meio de uma criança que veio a ideia que se tornou uma linda “história da história”. Foi assim... A filha de Chaplin foi homenageada em um evento e, ao receber flores de uma criança, perguntou a ela qual filme de Carlitos preferia. A criança respondeu que não podia escolher porque não conhecia nenhum! Diante da sinceridade infantil, a família Chaplin se deu conta da urgência de reavivar a memória das obras de Charles Chaplin para as novas gerações. E essa constatação resultou em inúmeras ações mundiais para a divulgação das obras do famoso artista.
SEU MELHOR MOMENTO COMO ESCRITORA:
Sempre que converso com os leitores, crianças ou jovens, e sinto que nós nos comunicamos por meio da história que leram, sinto renovar a energia do bom trabalho. Sempre que eles fazem depoimentos de como a leitura dessa ou daquela história os motivou a ler mais, a se interessarem por poesia, por teatro ou por jornalismo vejo que valeu toda a caminhada, as horas sem dormir, as viagens para encontrá-los, a dedicação que tenho tido no trabalho. É como uma luz que ilumina o seu fazer, seu caminhar.
Fonte: Por Arilda Costa