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Publicado em 5/08/2020 as 5:30pm

Coluna Wendel Stein

NONNONBA, UMA OBRA PRIMA MADE IN JAPAN De tempos em tempos surge um produto no mundo dos...

Coluna Wendel Stein Coluna Wendel Stein

NONNONBA, UMA OBRA PRIMA MADE IN JAPAN

De tempos em tempos surge um produto no mundo dos quadrinhos que atinge a aura de clássico, o mangá “NONNONBA” de Shigeru Mizuki é um destes achados.  Graças a editora Devir, agora temos ela publicada no Brasil. A obra foi escrita em 1977 e só publicada n o Japão em forma de mangá em 1992. No Brasil lançada apenas agora, ou seja, esperamos mais de 40 anos para ter essa obra prima em língua portuguesa.

O trabalho autobiográfico de Mizuki é um retrato histórico do Japão de 1931, onde através dos olhos de dois personagens, NONNOMBA (que significa mulheres religiosas e idosas) e da criança chamada Shigeru. Há temas universais, como o primeiro amor, amizades, disputa de contra garotos rivais. No meio disso há muito do contraste do novo Japão versus o antigo Japão feudal.

Cada página é tão interessante que a história passa em um piscar de olhos. Aprendemos lições históricas valorosas de um Japão tão desconhecido por nós ocidentais, o impacto que a tuberculose causou nas famílias, o mercado de tráfico humanos de meninas para se tornarem Gueixas, e o abandono dos idosos, muitas vezes, largados a fome, no meio de tempos conturbados.

Só por isso, o trabalho já poderia ser considerado um clássico, mas o autor foi muito mais longe. Através das histórias e crendices da idosa NONNOMBA, conhecemos muito das lendas japonesas, chamadas Youkais.

Youkais são manifestações espirituais, nem sempre maléficas, que podem aparecer em forma de demônios, fantasmas ou monstros gigantescos. Os traços do autor são impressionantes, às vezes, os personagens parecem cartuns quando expressam alguma emoção ao mesmo tempo que os cenários de fundo são pinturas detalhadas de um Japão antigo, mas maravilhoso. O autor faleceu em 2015, quando completou 95 anos, deixando várias obras importantes. Com a publicação deste trabalho pela Devir, espero que sejam publicadas outras para que o público brasileiro conheça este gênio dos quadrinhos.

Nota: 10

Wendell Stein é escritor, cineasta e jornalista colunista do Brazilian Times. E-mail wendellstein@me.com

Fonte: Redação - Brazilian Times.

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