Publicado em 14/08/2020 as 2:00pm
Coluna Esporte Total
A volta do futebol foi precipitada? “O bom filho a casa torna”. Voltar a fazer parte do...
A volta do futebol foi precipitada?
“O bom filho a casa torna”. Voltar a fazer parte do time Brazilian Times, é uma honra. Remete à boas lembranças. Dentre tantos momentos especiais, lembro da cobertura do mundial de 1994, na Califórnia, onde o Brasil sagrou-se tetra-campeão. Outras coberturas não menos importantes como as corridas de Formula Indy e Formula1, marcaram minha passagem pelo BT. Me sinto honrado pelo convite meu amigo Edirson Paiva.
O tapete verde maltratado pelas travas das chuteiras coloridas dos grandes craques e de alguns “pernas de pau”, tiveram um merecido descanso. Após longo hiato devido a pandemia que assola a humanidade, ela está de volta! Parafraseando a música do Skank, “Bola na trave não altera o placar”, no campo ela alterou com gols e títulos estaduais. Clássico entre dois postulantes ao título nacional Flamengo x Atlético e muita polêmica. A bola voltou a rolar no campeonato mais importante do Brasil. O Brasileirão!
O Brasil ainda não viu uma luz no fim do túnel quando se trata da crise sanitária instaurada no país, por conta do novo coronavírus. Mesmo assim, a bola rolou no final de semana para o começo do Campeonato Brasileiro. Neste primeiro momento o pontapé inicial contempla as séries A, B e C. A quarta divisão tem previsão de começo a partir de setembro. Para todos os jogos oficiais do Brasileirão, foi sem a presença de público nos estádios.
Todas as partidas estão sendo realizadas com acesso restrito ao campo de jogo e vestiários, limitado aos funcionários essenciais à administração do estádio no dia da partida, atletas das equipes e respectivas comissões técnicas, além da arbitragem, delegados da partida e controle de dopagem.
É o novo normal exigido, para que o futebol possa prosseguir com seu calendário, enquanto a humanidade não ganha a queda de braço contra a pior crise de saúde pública já presenciada pela geração atual!
O Carioca foi o primeiro torneio a ser retomado, no dia 18 de junho, embora cercado de muita controvérsia. Fluminense e Botafogo, que se recusavam a jogar alegando riscos à saúde, acabaram acatando decisão judicial.
Recentemente o Cruzeiro (que começou com 6 pontos a menos na série-B) usando de fairplay, abriu mão da disputa do troféu Inconfidência contra o Uberlândia, depois que o clube do Triângulo anunciar na noite anterior a partida que 13 pessoas da comissão técnica, incluindo 9 jogadores estavam infectados com o novo coronavírus.
No domingo, foi a vez do Goiás. Dez jogadores testaram positivo para covid-19.
O clube recebeu o resultado dos exames pela manhã do domingo, horas antes do duelo de estreia no Campeonato Brasileiro contra o São Paulo. A maioria dos atletas que estariam com covid-19 seriam titulares.
Faltando menos de dez minutos para o início do confronto, previsto para começar às 16h, chegou a informação: o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) mandou suspender o duelo.
Sem vacina e sem remédio comprovado, alguns especialistas não economizam em tratar a iniciativa como irresponsável. Mas, “o show não pode parar”.
Sem o calor da torcida e seguindo um rígido protocolo da CBF, Além da perda de receitas de bilheteria e patrocínios, os clubes da Série A e B ainda lidam com mais um problema alavancado pela pandemia de coronavírus no Brasil: a evasão de associados. Como a grande maioria dos planos de sócio têm ingressos com desconto ou gratuitos como benefício central, a manutenção por parte dos torcedores “perde o sentido” em um contexto de paralisação do calendário e ausência de partidas.
A inadimplência é um fator que quase todos os clubes enfrentam neste momento. Com a incerteza provocada pela crise econômica, é normal que parte da população priorize pagamentos e deixe de lado aquilo que não é esencial para a sobrevivência de sua família.
No dia em que o Brasil registrou recorde de mortes causadas pelo novo coronavírus, 100 mil óbitos. Confesso que tenho que concordar com o técnico da seleção Italiana na Copa de 1994, Arrigo Sachi: “O futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes das nossas vidas”.
Para especialistas, a volta da competição precipitada “relativiza a pandemia” e passa a falsa mensagem de “normalização do cotidiano” para a população.
A defesa da volta das competições é baseada na retomada das atividades econômicas de diversas cidades, que já reabriram praticamente todo o seu comércio. Porém, alguns infectologistas lamentam o posicionamento dos clubes e da CBF, que deveriam ser exemplos durante a pandemia.
“O futebol é um esporte que envolve contato, então o risco (de contaminação) sempre vai existir. Ele só seria zero se os clubes tivessem o bom senso de não retornar agora. Essa atitude é mesquinha, um mau exemplo de cidadania. Os jogadores deixam de jogar por dor muscular, mas aceitam jogar quando podem pegar uma infecção que pode ter desdobramentos”, criticou o infectologista Evaldo Stanislau. Ele lembra que o retorno dos jogos não é baseado em estudos científicos, apenas em interesses econômicos. Com a paralisação por conta da pandemia, os clubes tiveram uma queda de receita.
Em meio a polêmicas, vamos ficando por aqui aguardando os desdobramentos, e acompanhando a bola rolar. Porém, toda via, encerro com a palavra do técnico da seleção Italiana de 1994, Arrigo Sachi: “O futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes das nossas vidas”.
Fonte: Redação - Brazilian Times.