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Publicado em 17/08/2020 as 12:30pm

Coluna Camarim do BT

Johny Alf, foi um músico, um grande pianista e cantor brasileiro. É chamado de "Pai da Bossa...

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Johny Alf, foi um músico, um grande pianista e cantor brasileiro.

É chamado de "Pai da Bossa Nova”, por ter sido um dos pioneiros no gênero. Respeitadíssimo no exterior, mas pouco conhecido na sua pátria. Verdadeira história de superação e vitórias.

Alf (Alfredo José da Silva) nasceu em Vila Isabel, Rio de Janeiro, em 19 de maio de 1929 e começou a tocar piano aos 9 anos. Seu pai, um cabo do exército, lutou na guerra civil brasileira de 1932, e morreu em combate no vale da Paraíba quando ele tinha 3 anos.

Alf foi criado pela mãe. Pessoa de origem humilde que trabalhava como empregada doméstica, conseguindo que ele estudasse no prestigioso Colégio Pedro II, e também no IBEU (Instituto Brasil-Estados Unidos), aonde Alf recebeu sua primeira formação musical formal, estudando piano clássico com a instrutora Geni Bálsamo. Foi quando ganhou o apelido americanizado que o acompanharia por toda a sua carreira.

Devido à sua timidez, Alf passava muito tempo ouvindo discos (a música de Nat King Cole e do pianista inglês George Shearing). Desejando aprimorar suas habilidades técnicas no piano, ingressou no recém-fundado “Fã-Clube Sinatra-Farney”, uma espécie de clube de fãs de artistas como Frank Sinatra, Bing Crosby, ideia do cantor carioca Dick Farney (Farnésio Dutra).

Alf obteve então acesso regular a um piano, que usava para estudar durante a semana.

As jam-sessions realizadas pelo Fã Clube Sinatra-Farney proporcionaram a Alf seu primeiro gostinho em tocar com outros músicos, tendo tocado (de graça na maioria das vezes…) em locais como o Tijuca Tênis Clube, o Fluminense Clube e a Associação Atlética do Banco do Brasil.

Em 1950, começou a seguir a carreira profissional. Alf teve a sua primeira oportunidade profissional em 1952, quando foi contratado como pianista da recém-inaugurada Cantina do César, aonde a sua tarefa era, aparentemente, “ajudar na digestão dos convidados”.

O dono da cantina, César de Alencar (um radialista carioca), logo converteu o espaço em um verdadeiro clube de Jazz e deu a Johnny Alf liberdade para tocar o que quisesse. Ali apareciam artistas como João Donato, Dolores Duran, João Gilberto e Tom Jobim para ouvi-lo. Sua intimidade com o jazz americano era incrível. Logo, atraiu a atenção do produtor Ramalho Neto, que produziu sua primeira gravação.

Johnny Alf montou um trio no estilo de Nat “King” Cole com o guitarrista Garoto e o contrabaixista Vidal, e gravou duas músicas: “Falseta”, de sua autoria, e “De cigarro em cigarro”, composta por Luiz Bonfá. No início dos anos 60, essas gravações foram aclamadas como o nascimento da Bossa Nova. Diversas opiniões questionam a validade de tal afirmação, porém essas duas gravações trouxeram aos nossos ouvidos um som totalmente novo, uma mistura deliciosa do Jazz com a nossa ginga Brasileira, o Samba.

Por dois anos Alf manteve compromissos efêmeros em clubes como o Monte Carlo da Gávea, o Clube da Chave, o Mandarim e o Drink antes de se firmar na boate Hotel Plaza em 1954. Nas primeiras horas da noite, Alf realizava jam-sessions com quem quer que aparecesse, e através dessas colaborações improvisadas foi que as estruturas harmônicas e rítmicas no estilo agora conhecido como Bossa Nova foram originalmente desenvolvidas. Embora a passagem de Alf no Plaza Hotel possa ter sido conveniente artisticamente, não o era economicamente...

Em 1955, Alf foi tocar em um novo clube, o Baiúca em São Paulo, formando um duo com o contrabaixista Sabá. Isso não durou muito.

Johnny Alf Nice

Mais uma vez, Alf se viu na rua, em busca de trabalho estável e, embora nunca tenha morrido de fome, começou (pelas estimativas de alguns) a estagnar musicalmente. Quando Alf gravou o seu primeiro LP (“Rapaz De Bem”) em 1961, as suas canções não foram bem aceitas. Suas composições, como “Rapaz De Bem”, “Céu E Mar”, “O Que É Amar” e “Eu e a Brisa” demoraram a serem reconhecidas pelo público e pelos profissionais. Alf, que nunca gostou do termo “Bossa Nova” e sempre procurou se distanciar das conotações que o título implicava, recusou o convite para tocar no histórico Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall.

Depois de 1961, pouco se ouviu falar de Alf, embora ele tenha continuado a produzir discos até o início dos anos 70. O resto da vida de Alf seria passado em São Paulo, colaborando com outros artistas, ocasionalmente trabalhando em projetos solo, ganhando sua vida com apresentações em clubes e lecionando em um conservatório de música. Ao longo de sua carreira, ele gravou nove álbuns e apareceu em quase cinquenta outros. 

Johnny Alf morreu no dia 4 de março de 2010, em Santo André, São Paulo, de complicações causadas pelo câncer de próstata. Ele não deixou sobreviventes imediatos. As primeiras gravações de Alf (“Falseta” e “De cigarro em cigarro”) foram ritmicamente e estruturalmente semelhantes ao estilo “samba-canção” da época, apenas diferindo em sua riqueza harmônica e em suas melodias, fortemente influenciados pelo jazz americano.

O colunista do New York Times Larry Rohter relata que a música de Alf possuía "um sentimento leve e arejado que expressava o otimismo que os brasileiros têm como um dos seus traços nacionais definidores.  Alf disse sobre sua própria música: Sempre toquei no meu próprio estilo.

Tive a ideia de juntar a música brasileira ao jazz. Tento reunir tudo para alcançar um resultado agradável. Muitos acreditam que o título ‘Pai da Bossa Nova’ é hiperbólico, enquanto outros acreditam firmemente que as primeiras gravações de Alf abriram caminho para toda a mudança estilística que se tornou a Bossa Nova. Embora não possa acabar com essas divergências, posso dizer com segurança que Johnny Alf foi um inovador e uma grande influência e inspiração para seus colegas, que continuariam a adquirir fama com o título “Bossa Nova”.

“Com ele aprendi todas as harmonias modernas que a música brasileira passou a usar na bossa nova, samba-jazz e canções instrumentais” disse o pianista e arranjador João Donato.

“Ele abriu as portas, quando a minha geração chegou, ele já tinha plantado a semente”, acrescentou o violonista e compositor Carlos Lyra.

Amigos do CamARIm, ouçam Johnny Alf, muita coisa boa no YouTube. Um vinho e um link para começar, https://youtu.be/c0CCAldtkfo. Enjoy!

E não esqueçam, na próxima sexta-feira, dia 21, às 7:00 pm, teremos o quinto episódio do BDOLive, Festival da Canção Brasileira, transmitido ao vivo no YouTube. Valorizando o compositor brasileiro residente nos EUA.

Para mais informações, acessem www.BDOLive.com ou procurem o link na página Ari Mendes, no Facebook.

Fonte: Redação - Brazilian Times.

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