Coluna Wendel Stein

Conhecemos o nosso Brasil?

Para todos aqueles que tem mais de 40 anos e viveram os anos 80 e 90 no Brasil, algumas coisas são comuns. Os desenhos animados nas manhãs de sábado; estudar em escolas públicas e estaduais; alfabetização pela cartilha Caminho Suave; aulas de Educação Moral e Cívica. Nosso ensino histórico era superficial, cheio de datas e nomes históricos, sem contextualização, ou reflexão.

Éramos de uma geração que testemunhávamos o fim de um regime militar e a volta da democracia. Uma economia bagunçada e um país com profundos problemas sociais. Os Estados Unidos sempre foram o sonho de milhares de brasileiros que de maneira legal ou ilegal, conseguiram chegar nas terras americanas e lá estabelecerem suas raízes, em diferentes épocas, alguns por ambições ou dificuldades financeiras, outros pelo glamour da imagem que os filmes passavam. Mas será que algum deles, ou mesmo algum de nós, nos indagamos o que é o Brasil e porque o deixamos, de verdade?

Para esta indagação, talvez uma resposta tenha surgido, o livro de Lilian M. Schwarcz e Heloisa M. Starling, Brasil: Uma biografia. Nossa história sempre teve a função de idolatrar certos personagens e não mostrar as verdadeiras faces de nossa história. Pois para tudo existe duas versões, dois lados da mesma moeda. Com uma linguagem fluente, intensa pesquisa documental, encontramos um material que ilustram os últimos 500 anos do Brasil. Os autores, nas mais de 500 páginas do livro, abordam desde o descobrimento do país, a escravidão, as repúblicas, o regime militar e o penoso caminho de volta para a democracia.

É uma leitura agradável, que nos faz refletir, entender e com isso conhecer um porque nosso país é assim, e consequentemente, porque nós somos do jeito que somos. O Brasil é um país muito novo, comparado com os países da Europa. Onde nossa antiga população indígena foi massacrada e nossa cultura construída a partir da mescla de várias culturas invasoras com suas crenças e valores. Somos como um filho abandonado, procurando um caminho e neste longo trajeto, errando e acertando.  Essa jornada nos ensina e evoluímos.

Eu posso afirmar que depois da leitura desta obra, sai uma pessoa melhor e com a convicção documental que muitos países cometeram injustiças históricas, seja com seus habitantes ou com outros países, e isso custou um preço muito alto.

Essas injustiças precisam ser reparadas e reconhecidas. O mundo nunca encontrará um equilíbrio enquanto um país for próspero e desenvolvido e o outro com crianças que ainda morrem de fome. Onde uma pessoa precisa entrar ilegalmente em uma nação para tentar uma vida melhor para ele e sua família. Com menos injustiças sociais a globalização poderia voltar com outro entendimento, sendo não uma fuga econômica e sim uma jornada para a troca de cultura e conhecimento.

Wendell Stein é jornalista, cineasta,
escritor profissional e colunista do
Brazilian Times. E-mail: wendellstein@me.com

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Fonte: Redação - Brazilian Times.