Coluna Camarim do BT

Rosinha de Valença

Uma das maiores violonistas que passaram por esse planeta. Grande influencia não só em minha carreira como na de vários guitarristas em âmbito internacional.  Rosinha de Valença, cujo nome de nascimento era Maria Rosa Canelas nasceu em 30 de julho de 1941, na cidade de Valença, Rio de Janeiro, Brasil. Seu nome artístico foi criado por Sérgio Porto, jornalista carioca conhecido pelo pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, que costumava dizer que Maria Rosa Canelas quando tocava, alcançava toda uma cidade.

Ela foi uma violonista, cantora, compositora e arranjadora brasileira. Teve uma carreira meteórica, vindo a falecer ainda jovem, por complicações de saúde. Como vários grandes artistas Brasileiros, seu talento foi muito mais reconhecido no exterior do que em sua pátria. Foi considerada uma das melhores guitarristas acústicas da música brasileira, tendo tocado com vários artistas de ponta, como Baden Powell, Sérgio Mendes, Sylvia Telles, Sergio Boré e Sivuca. Quando era criança, ela se interessou pelo violão através de seu irmão, que era violonista. Ouvindo música no rádio.

Ela aprendia tudo de ouvido. Aos 12 anos, ela começou a tocar com artistas de sua cidade natal, em bares e na Rádio Valença. Em 1960, ela resolveu se dedicar integralmente a sua carreira profissional. O começo não foi nada fácil para ela. Enfrentou muito preconceito por parte de sua família. Por ser mulher, sua família não aceitava a idéia dela tocar violão profissionalmente, ambiente considerado impróprio para uma moça “de família”, de acordo com os padrões da época.

Talvez por essa razão, no início de sua carreira, poucas pessoas prestavam atenção ao seu trabalho. Em 1963, Rosinha de Valença mudou-se para o Rio de Janeiro. Lá conheceu Sérgio Porto, que então sugeriu seu nome artístico e a apresentou ao violonista Baden Powell (outro Brasileiro de fama internacional, gênio do violão) e Aloísio Oliveira, que era produtor da Gravadora Elenco.

Rosinha e Baden Powell começaram a tocar juntos, criando um novo estilo, uma nova forma de tocar violão na música brasileira. Aloísio Oliveira gostou de seu trabalho e a convidou para gravar um álbum. Gravaram a obra prima “Apresentando Rosinha de Valença”, lançado no mesmo ano. Depois disso, ela foi convidada para tocar por oito meses na boate Bottle e também se apresentar em vários programas de TV e Rádio.

Um ano depois, ela se apresentou com Elis Regina no grande espetáculo “O Fino da Bossa”, no Teatro Paramount, em São Paulo. Ela também trabalhou com Nara Leão e o Quarteto em Cy. Naquele mesmo ano, 1964, viajou para os Estados Unidos para tocar com “Sérgio Mendes e o Brasil 65”. Durante esta turnê de 8 meses, Valença gravou dois álbuns com Sérgio Mendes. Em 1965, viajou para a Europa como solista com um grupo brasileiro. Esta banda se apresentou em 24 países da Europa e Japão. Em 1968, Valença viajou novamente para uma longa turnê que terminou em 1971, quando voltou ao Brasil.

Durante esses anos, Rosinha visitou a Rússia, Israel, Suíça, Itália, Portugal e alguns países africanos. Ela também tocou, nesse período, com Stan Getz, Sarah Vaughan e Henry Mancini. De volta ao Brasil, tocou com Martinho da Vila, contribuindo em quatro de seus álbuns. Em 1974, após mais uma turnê no exterior, Valença organizou sua própria banda, composta por músicos de destaque, como João Donato, Copinha, Ivone Lara e Miúcha. Em 1977, ela se apresentou com Sivuca, o genial sanfoneiro, gravando um álbum ao vivo em parceria, “Sivuca e Rosinha de Valença ao Vivo”.

Outro álbum notável foi com Waltel Blanco (outro ilustre desconhecido, que tocava guitarra, ukulele, bateria, órgão e harmonica)”Violões em Dois Estilos”, lançado em 1980. Rosinha de Valença encerrou prematuramente sua carreira musical devido a problemas de saúde: teve lesão cerebral como sequela de um infarto. Faleceu em 10 de junho de 2004, em sua cidade natal, após 12 anos em estado vegetativo, devido a uma insuficiência respiratória. Depois que Maria Rosa Canelas entrou em coma, muitos artistas gravaram suas canções em sua homenagem.

Em 2000, Valença foi honrada com um concerto beneficente, organizado por Jalusa Barcellos, membro da Secretaria Estadual de Cultura, e apresentado por Sérgio Cabral. O evento foi batizado de “Uma Noite para Rosinha”, com Haroldo Costa como diretor geral e Jorge Simas como diretor musical.

Entre os muitos artistas notáveis que contribuíram estavam Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Francis Hime, Olívia Hime, João Nogueira, Joyce, Leci Brandão, Miúcha, MPB-4, Paulinho da Viola e Quarteto em Cy. A cantora Maria Bethânia produziu um álbum póstumo em sua homenagem, “Namorando a Rosa”, co-produzido por Miúcha. Este CD conta com a participação de muitos amigos de Rosinha de Valença: Martinho da Vila, Ivone Lara, Alcione, Miúcha, Caetano Veloso, Chico Buarque, Joanna, Bebel Gilberto, Hermeto Pascoal, Turíbio Santos e Yamandu Costa. Cada artista gravou uma música composta por Valença relembrando sua relação com a violonista.

As composições de Rosinha de Valença também foram imortalizadas por Martinho da Vila, Joanna, Zezé Motta, Rui Maurity, Tito Madi, Nana Caymmi, César Camargo Mariano, Wanderléa, Leci Brandão, Maria Bethânia e Paulinho Nogueira. Rosinha era tão querida que teve um teatro construído em sua homenagem, o Teatro Municipal Rosinha de Valença.

Como sempre fazemos no CamARIm, aqui estão alguns links para o seu prazer de ouvir essa artista maravilhosa. https://youtu.be/C3xvIUOz5Ss ou https://youtu.be/XgpnJdFAyKQ. Um bom vinho, e algumas horas de puro prazer musical. Viva Rosinha!

Boa semana para todos!

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Fonte: Redação - Brazilian Times.