Coluna Wendel Stein

Um cachorro abandonado é o fracasso do próprio ser humano.

No último domingo estive em um pequeno mercadinho no bairro perto de onde moro e lá estava um cachorrinho abandonado na porta do mercado, dócil, inocente, pedindo água, quem sabe um pouco de comida. O segurança o pegou e o deixou do outro lado da rua, para que não atrapalhasse o movimento do lugar.

Isso despedaçou meu coração, e não foi a primeira vez que ocorreu. Eu tenho dois cachorros idosos que não conseguiriam viver com um terceiro. Hoje não existe lares provisórios nem entidades ativas que acolham estes animais. Aquele cachorro com o olhar pedindo ajuda é o mesmo de dezenas de milhares de cachorros abandonados ao redor do Brasil, apenas um número em um pais sem políticas de bem-estar animal, sem punição eficiente contra os maus tratos, sem um programa de castração. Somos um país que a pobreza e ignorância estão na frente, vitoriosos.

Uma vez ouvi uma pessoa comentar durante um vento para arrecadação de ração para cachorros de rua em São Paulo “Como podemos lidar com o problema do abandono e maus tratos animal se mal conseguimos lidar com o os nossos problemas?

Um grande amigo, uma vez me comentou uma coisa que por tempos anulou aquele primeiro comentário infeliz, ele disse “ninguém é tão pobre ou miserável como aquele que não tem nada para compartilhar ou doar”.

Estamos pertos de uma eleição presidencial, mais uma, entre muitas que ainda ocorrerão. Eu penso que se nos últimos 50 anos, se o dinheiro desviado através da corrupção e má gestão fossem direcionados para as políticas sociais, e políticas de proteção ao animal hoje o nosso país seria diferente, um lugar muito melhor para se viver, isso eu tenho a absoluta certeza.

Mas hoje o que temos é o resultado do passo, então vamos falar sobre o futuro. Então aqui, neste breve texto, gostaria de colocar mais indagações do que respostas. Pois ainda estamos em uma pandemia que destruiu nossa economia, gerou milhares de desempregados, aumentou a miséria. E mesmo assim somos o país com um dos maiores consumos de carne do mundo, consumo exagerado, que a longo prazo pode afetar a saúde, contribuí com o aumento do buraco na camada de ozônio, além de provocar uma banalização da morte através dos matadouros, que hoje utilizam o termo “abate humanitário”. Também somos o país que mais destruímos nossas próprias florestas, traficamos animais, entre outras coisas. Se formos um pouco mais no passado, mas não muito, podemos também citar o genocídio da população indígena duramente a colonização do país, ou a menos de 100 anos a escravidão pela cor da pele.

Acho que nossos pecados estão ultrapassando o volume de nossas boas ações, a terra sente isso, e a humanidade, mas cedo do que imagina, também pagará seu preço por isso.

Muitos tentam usar a fé para mascarar a nossa falta de auto responsabilidade, é muita mais fácil culpar o divino. Tudo o que vejo hoje é ao contrário que eu imaginava ser o futuro, quando em 1986 assistia a Star Trek, The Next Generation na extinta teve manchete.

Hora da gente reavaliar qual será o nosso papel neste mundo, pois ainda é o único que temos.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.