Publicado em 14/04/2021 as 4:30pm
Coluna Psicóloga Arlete Salante
“Dizem que a mulher é o sexo frágil, mas que mentira absurda... “Eu que faço parte da...
“Dizem que a mulher é o sexo frágil, mas que mentira absurda...
“Eu que faço parte da rotina de uma delas
Sei que a força está com elas.
Vejam como é forte a que eu conheço
Sua sapiência não tem preço
Satisfaz meu ego se fingindo submissa
Mas no fundo me enfeitiça”
Na década de 80, Erasmo Carlos fez sucesso com essa música, uma letra de declaração de verdade sobre a força feminina, do poder que as mulheres têm na relação com os homens, da dependência deles com as mulheres e do jogo de submissão ao masculino que resulta num estado de ambivalência interno.
Os papéis construídos para mulheres e homens na sociedade ainda trazem a herança primitiva que faz função em reativar o inconsciente coletivo da humanidade. No período das cavernas, os homens iam à caça, enfrentavam as feras e, as mulheres, geravam e cuidavam da prole. Cada um fazendo seu papel para a manutenção da vida e da espécie.
O mito religioso sobre a criação da mulher diz que, primeiro, veio o homem e, depois, um derivado da sua costela, que cede à tentação e é responsabilizada pela expulsão do paraíso.
Séculos depois, com a inteligência humana bem mais desenvolvida, os homens não correm mais riscos com as feras para conseguir alimento. Tão pouco as mulheres precisam ficar protegidas dentro das cavernas e submissas para terem alimento para si e seus rebentos. A batalha para a manutenção da vida ganhou uma forma mais segura e evoluída: o trabalho.
Do mito de Eva veio à razão e, por longos séculos, os filósofos condenaram a mulher por não compreendê-la, até que Freud começou a estudá-las. A partir daí, muita coisa mudou e precisa continuar mudando para que a inteligência da mulher ocupe seu lugar e contribua para um mundo melhor.
Simone de Beauvoir na década de 50, escreveu: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade: “é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino”. [1]
Hoje, mais de 70 anos depois desta primeira edição, a citação permanece válida para muitas mulheres que se definem pelo olhar masculino presente em homens e mulheres machistas. A realidade inconsciente de muitas mulheres ainda trazem a “caverna”, o homem como necessidade, jogando em submissão e colhendo frustração.
Falta ainda às mulheres se conhecerem de verdade para usarem a própria força de modo útil e funcional, coerente com a graça de vida.
Psicóloga Arlete Salante
CRP 07/22612
www.arletesalantepsicologia.com.br
arletesalante@gmail.com
[1] O Segundo Sexo - A obra foi publicada originalmente em 1949
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Fonte: Redação - Brazilian Times.