Publicado em 30/04/2021 as 12:00pm
Coluna Arilda Costa
Entrevista com a escritora Eliana Machado Minha entrevista esta semana é com a escritora...
Entrevista com a escritora Eliana Machado
Minha entrevista esta semana é com a escritora Eliana Machado. Ela nasceu no Brasil, viveu na Espanha e mora desde 1994 na França. É escritora, poetisa, tradutora (Ed. Actes Sud), editora (Les Éditions des Trois Rivages) e professora de idiomas no Principado de Mônaco. Formada pela Universidade de São Paulo (USP) e com doutorado em literatura na França (UNSA), entre prosa e poesia, possui 8 títulos publicados em 4 idiomas. Seu romance de ficção científica Brasil: aventura interior, recebeu em 2017 o Prêmio Talentos Helvéticos Brasileiros III (Suíça) e foi traduzido pela autora e publicado na Espanha (Ed. Terra Ignota, 2021) com o título Los Elegidos. Prêmio Excelência Literária da União Hispanomundial de Escritores (UHE), Melhor Autor Estrangeiro da Union Internationale de la Presse Francophone (UPF) de Mônaco.
Há quanto tempo você se dedica a escrever livros?
Escrever, eu escrevo desde criança. Quando eu comecei a ler e a estudar a literatura brasileira, fascinavam-me as biografias dos escritores, até mais do que as suas produções. Aprendi desde pequena que muitos escritores terminam suas vidas sem ver as suas obras obterem o beneplácito dos leitores.
Qual sua opinião de uma obra para conquistar seus leitores?
Há tantos tipos de leitores quanto livros em uma livraria. Dependendo do público-alvo, o escritor colocará em funcionamento tal ou qual mecanismo para captá-lo. De um modo geral, a maneira de contar a história é muito importante. A linguagem deve ser clara e a história, coerente, com personagens agindo de acordo com sua personalidade e a situação. O enredo deve suscitar interesse e contar com o efeito surpresa. Também é importante que o leitor experimente os sentimentos de tristeza, de medo, por exemplo, que o personagem está vivenciando.
Outro ponto que creio ser muito importante é a divulgação, a publicidade. E aí entra o sacrossanto savoir-faire do editor. E um dos grandes problemas atuais é que a maioria deles só edita, fazendo o trabalho pela metade e deixando o autor órfão.
Qual o seu ritual no processo de criação dos seus textos?
Eu só me sento para escrever quando a inspiração me chama. E esse momento ocorre de preferência à noite.
O que você escuta enquanto escreve ou você prefere o silêncio?
Se escrevo poesia, ouço música e se escrevo prosa trabalho ouvindo ruído de chuva.
De onde vem sua inspiração?
A minha inspiração vem do que ouço, do que eu vejo e principalmente do que eu sinto.
Quanto tempo você leva para escrever um livro?
Levo anos para escrever um livro pela simples razão de que não tenho muito tempo livre, já que tenho que trabalhar para poder fazer o que realmente me faz feliz.
Você aprendeu algo com alguma crítica? Se aprendeu, isso mudou seu jeito de escrever?
Sim, uma adolescente leu um dos meus livros e me perguntou por que é que não havia cenas de amor ou casais apaixonados no livro. É verdade que eu havia sugerido uma relação entre dois personagens mas não a levei a cabo. Já no romance seguinte, acrescentei uma bela cena de amor entre dois personagens e deixei que eles gozassem do momento até o fim.
Qual o melhor treino intelectual para quem quer ser escritor?
Ler, observar o mundo que o envolve e escrever.
Qual o livro da escritura mundial que você gostaria de chamar de seu?
São vários. Mas vamos lá. Trata-se de um livro do argentino Adolfo Bioy Casares cujo título em espanhol é La Invención de Morel. Nele realidade e alucinação se alternam como vai e vem das ondas do mar.
O que seus textos trazem como ispiração para outras pessoas?
Não saberia responder a essa pergunta. Precisaríamos perguntar para os leitores. Em todos os casos, eu espero que meus livros, o que eu escrevo, possa colaborar para que a humanidade seja mais humana, respeitando a vida de cada ser vivo do planeta, seja ele visível ou invísivel aos seus olhos.
Quais foram seus livros publicados até agora?
Eu tenho oito livros publicados e inúmeras participações em antologias no Brasil, Portugal, Espanha, Itália, Suíca, México, etc.
Livro de poemas: Blanco en el blanco com prólogo de José Antonio Mazzotti, Locus Brasilis (Peru, Ed. Mesa Redonda), com prólogo de Raúl Zurita, Succès Intimes (França, Les Éditions des Trois Rivages, com prólogo de Inès Nagadef) e À queima-roupa (RG editores, Brasil), com prólogo de Carlos Hugo Garrido Chalén.
Prosa: Siete Cuentos Brasileños/Seven Brazilian Short Tales (USA., La Ovejita de Papel), Sete Contos Brasileiros (Brasil, Ed. Scortecci). Romance de ficção científica: Brasil: aventura interior (Brasil: Ed. Scortecci ; Peru: Mesa Redonda; Espanha: Terra Ignota: Los Elegidos). Seu próximo romance se chama Aleteia e será publicado em português em 2021.
Obra didática: Dictionnaire de l’hôtellerie-restauration, français-espagnol, Les Éditions des Trois Rivages, Nice, 2020, 402 p.
Como editora publiquei os livros aqui citados pela Les Éditions des Trois Rivages, na França, a antologia Hommage poétique à César Vallejo/Homenaje poético a César Vallejo, apresentada na FIL de Lima e na Biblioteca Nacional da França (BnF).
Também tenho uma página em Youtube, com áudio contos.
Visite seus vídeos em Youtube (Escritora Eliana Machado): https://www.youtube.com/channel/UCR888apNg3aSRY_0uBfFt9Q
Sua página: http://www.machadoeliana.com.br
Outras informações: https://pt.wikipedia.org/wiki/Eliana_Machado
Página Facebook: Escritora Eliana Machado E-mail: meugema@hotmail.com
Qual é a parte mais fácil e a parte mais difícil de escrever um livro?
Na minha opinião, não há nada de fácil em escrever um livro. Nem mesmo pôr os nomes nos personagens é algo banal. Escrever um livro para publicar é um trabalho que requer milhares de horas de pesquisa, de reflexão, de redação, de correção etc., e esse trabalho continua com a divulgação nos salões, nas páginas de Internet, nas entrevistas…
Você poderia antecipar uma história que você gostaria de escrever mas ainda não escreveu?
Gostaria de escrever a história de um amor que contraria as convenções deste planeta.
Qual a importância da capa do livro para você?
A capa de um livro forma parte do projeto de seduzir o leitor. São as preliminares. Sempre participo da criação da capa de meus livros. Uma capa deve ser chamativa para cativar a atenção do leitor potencial afim de que ele se aproxime do livro e decida descubrir um pouco mais do objeto que o cativou. Em seguida a responsabilidade de sedução recae inteiramente ao autor.
Quais são seu autores preferidos?
São muitos, mas vou indicar alguns.
Brasileiros: Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis (« A vida Eterna »), Mário de Andrade (« Macunaíma »). Dos hispano-americanos: José Santos Chocano e César Vallejo (« Los heraldos negros »), Jorge Luis Borges ( « O outro »), Julio Cortázar (« A casa tomada », Adolfo Bioy Casares (« A invenção de Morel » ; Pablo Neruda (« Canto General »). Três franceses: Honoré de Balzac (« Peau de Chagrin »), Jules Verne (« Vinte mil léguas submarinas »), Charles Baudelaire (« As flores do mal ». Portuguesa: Florbela Espanca (« Livro de mágoas ». Inglesa: Virginia Woolf (« Orlando »), Russo: Maiakovski (« Lílitchka »)
Cita o melhor momento da sua carreira como escritora.
Eu vivo o momento presente. Neste sentido, o melhor momento é este em que a colunista do Brazilian Times, Arilda Costa McClive, convidou-me gentilmente para fazer esta entrevista.