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Publicado em 28/07/2021 as 6:30pm

Coluna Wendel Stein

MEMÓRIAS DE UMA PEQUENA CIDADE                 O aniversário de Sumaré...

MEMÓRIAS DE UMA PEQUENA CIDADE

                O aniversário de Sumaré chegou. Estamos ano 2021, período da mais agressiva pandemia dos tempos modernos, onde não só a nossa cidade, mas um país inteiro permanece em luto, devido a mais de 500 mil vidas perdidas. Na nossa profissão, que é o jornalismo, acompanhei muitos profissionais, de todos os cantos de nosso Brasil, nas ruas, cobrindo a pandemia, informando e combatendo as fake news. Estes jornalistas mesmo usando máscaras e tomando as precauções necessárias, expuseram-se, muitos se contaminaram, e alguns morreram, para levar ao leitor a notícia verdadeira, e manter seus empregos. A categoria não teve prioridade na vacinação, mas foi esse trabalho desempenhado por eles, que ajudaram a divulgar os impactos do vírus, os meios de prevenção e os locais de vacinação em suas reportagens.

            Uma cidade, com algumas exceções, é a micro cópia de seu próprio Estado, e do seu próprio País. Muitos dos problemas econômicos e sociais que enfrentamos por aqui são muito parecidos com o que são enfrentados em outros lugares. Sumaré é uma cidade cheia de desafios que nunca fugiu de suas responsabilidades. Nesse espaço que foi cedido, vou relembrar de fatos e memórias que foram importantes para a formação da identidade cultural de Sumaré, pelo menos para mim. Começo pelo jornalismo, onde iniciei-me aos 15 anos escrevendo para alguns dos primeiros jornais de Sumaré, O Comunicação, do sr. Clóvis Rossi, O Jornal de Sumaré do seu Virgílio, passando por publicações de curta duração como o Cidade News. O jornal A Voz de Sumaré foi um projeto iniciado por Tadeu de Melo e na qual tive a participação em sua fundação e em seus dois anos seguintes. O Tribuna Liberal veio logo após o fim do Jornal de Sumaré, estive lá em sua inauguração, fui colaborador, colunista, e estive em sua edição, quando ele completou seus primeiros 10 anos, passando por editores competentes como Marta Fontenele, Vagner Salustiano e por último Ney Soares. Soares está a mais tempo à frente da publicação, mantendo sua qualidade, periocidade e registrando em palavras e fotos a história de nossa cidade. Gratidão a estas pessoas.

            No ramo da moda, a saudosa Elegante Magazine do Alceu Lorençato atuava ao lado da Mabal Modas, ditando as regras do lifestyle enquanto a Propé Calçados trazia a toda uma geração, calçados só encontrados em grandes capitais, e o melhor de tudo, os produtos podiam serem comprados em carnês em várias parcelas.             E falando de moda, não podemos esquecer dos grandes desfiles e concursos de beleza que marcaram várias gerações, todos produzidos e idealizados por Renato Lemos de Toledo (in memorian) e que povoam as recordações de todos nascidos nos anos 80, 90 e 2000. As Discotecas eram os grandes pontos culturais, O Clube Recreativo e o Bar Paulísta, com seu charme e requinte, o Clube União com sua vibração e fidelidade e o Clube SOS.

            As lanchonetes e restaurantes também foram marcos importantes na cidade, desde o lendário Urtigão, passando pela Lanchonete Halley, que se tornaria a choperia Di Stein e depois Choppódromo. Também devemos citar o Danucci (da avenida 7 de Setembro) e o Restaurante Milenita (com filas enormes para as marmitas de domingo), o Restaurante Makey, O Rancho Alegre, finalizando com a Cervejaria e o Café Expresso, que trouxe pela primeira vez um cardápio gourmet e diferenciado para a cidade. Os Anos 80 e 90 eram décadas mais humanas e mais ingênuas, onde as crianças podiam sair nas ruas e voltar tarde sem medo de bandidos, assaltos e violência. Uma Era ainda sem internet e celulares, onde velhas brincadeiras existiam, assim como bailinhos. As bicicletas eram como extensões de nossos corpos. Na área cultural Sumaré produziu uma série de artistas, que vou mencionar, já como representantes de toda uma classe;

            Roberto de Sousa Causo, o maior e mais respeitado escritor e crítico de ficção científica no Brasil, com dezenas de livros publicados no Brasil e mundo, e o único sumareense a ter uma história comprada e publicada pela Revista Playboy nos anos 90. Causo também foi criador da Interiorcon (Convenção de ficção científica do interior), onde trouxe para Sumaré escritores como Orson Scott Card e Bruce Sterling.

            Thadeu Castro, formado em música erudita, foi um dos idealizadores do Festival Geléia com Mel, tocou na Banda Santa Maria e com grandes músicos brasileiros, é a maior referencial musical da cidade ao lado de Pico Barroca (in memoriam), Dona Neguita e Robson e Ney Cardoso (in memoriam).

            CEPEX – Fundado por Osvaldo e Eduardo Mondini, o grupo de estudos exobiológicos foi referência internacional nos estudos dos UFOS (Objetos Voadores não-identificados).

            Na agricultura, nos anos 60, Álvaro Stein foi responsável pelo grande crescimento agrícola de Sumaré, sobre tudo, pelo desemprego causado pelo excesso populacional causado pela migração (pessoas atraídas para a cidade, pela fama das grandes multinacionais que chegavam). Quando estas pessoas chegavam em Sumaré e descobriam que estas empresas estrangeiras não contratavam (em sua maioria) mulheres, idosos ou pessoas sem formação escolar, ficavam desempregadas. Então a agricultura foi a opção destas pessoas. Por meio da meeiragem (onde o trabalhador tinha uma parcela do lucro da colheita), a economia de Sumaré se fortaleceu, e logo foi capa do Jornal O Estado de S.Paulo nos Anos 80, transformando-se na capital do tomate da América do Sul. E os meeiros de Álvaro Stein, tornaram-se donos de suas próprias roças de tomate, gerando mais empregos, dignidade e crescimento econômico para Sumaré.

            Não posso esquecer de Ulisses Pedroni, o juiz de paz mais antigo em atuação do Brasil que desenvolveu um importante papel de resgate histórico na cidade nas décadas de 60 e 70, escrevendo o primeiro livro histórico de Sumaré.

            Bem, o futuro está aí, com grandes desafios econômicos e sociais, causado pela pandemia. O passado deve ser respeitado, mas é no presente que esta as ações para a construção de um futuro consistente, com auto responsabilidade, participação popular, justiça social e atenção aos elementos formadores do conhecimento. Juntos estaremos lá! Feliz aniversário, Sumaré.

            Wendell Stein, é jornalista e escritor profissional. Dirigiu dois longas metragens, um deles Fome, o Filme (2019) foi menção de honra de melhor direção e roteiro no festival Cim Sueca na Espanha. Stein é autor de 8 livros de ficção, 3 biografias. É colunista no Brazilian Times, o maior jornal americano em Língua Portuguesa e membro na União Brasileira dos Escritores.        

 

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