Coluna Wendel Stein

O MEDO DA COVID-19

Estudos mostram que apenas depois de 75% da população vacinada é que a pandemia começará a ser controlada, mas as novas cepas, ainda exigirão que as medidas de prevenção continuem. O mundo ainda tem um longo caminho pela frente.

Wendell Stein, especial para o Brazilian Times

                O mundo caminha para o segundo ano desde a descoberta da Covid-19. Um vírus que testou a humanidade, transformou costumes e vitimou milhares de pessoas ao redor do planeta. A doença fez a ciência se unir e em tempo recorde vacinas foram desenvolvidas para impedir a vitória do vírus.

                Hoje no momento que caminhamos para cerca de 50 % da população global vacinada, olhamos para trás e observamos o estrago feito, é difícil encontrar uma família que não tenha perdido um ente próximo, ou um conhecido. É um luto coletivo que ainda vai durar um bom tempo e com diversos desdobramentos diferentes, principalmente culturalmente.

                Não sei quanto a você, prezado leitor, mas aquelas festas, shows, carnavais, aniversários e casamentos ainda parece uma coisa muito distante, quase uma lembrança de algo que pode nunca mais voltar a ser como era antes. As medidas de distanciamento social e de prevenção da Covid-19 e suas variantes, como o uso de máscaras, álcool em gel deverão ser usadas por muito tempo. Países que facultaram o uso de máscaras, tiveram que voltar atrás, depois das novas cepas e do crescimento de casos. De maneira clara, ninguém sabe como será o futuro, mas na verdade nunca ninguém soube.

                A própria relação humana teve que se adaptar. Pessoas que nunca tiveram acesso a computadores e celulares para uso de softwares de comunicação em vídeo, aprenderam às pressas, e de maneira impressionante. Home offices que eram raros, se tornaram palavras populares.  A humanidade precisou trocar a efetividade do contato, do abraço por gestos e imagens digitais, as emoções expressadas antes pelo sorriso, agora coberto por máscaras, evidenciando o poder dos olhos. Há em muitos um medo constante do contato com outras pessoas.

                Há o outro lado da moeda, as nações mais ricas perceberam, e da forma mais dolorosa, que o destino de outros afeta diretamente o futuro de todos. Países mais pobres e esquecidos como os africanos, além da fome e guerra, foram vitimados pela falta de vacinas, por motivos financeiros. O mundo fechou os olhos, e então as cepas, variantes muito mais agressivas da doença surgirem e se espalharam pelos continentes.

                Há casos, que a ignorância e não o dinheiro também são culpados pela duração da pandemia. Países com líderes negacionistas, que atrasaram a compra de vacinas e incentivaram, mesmo que indiretamente, as pessoas não se vacinarem, deveriam ser julgados por crimes de guerra. E quando a vacinação massiva é o último remédio para a contenção da pandemia, ela deveria ser obrigatória. Pois a liberdade de uma pessoa só é válida quando não afeta a de outra. Os Estados Unidos é um dos países que sofrem com isso, e mesmo o governo oferecendo dinheiro para que as pessoas se vacinem, ainda não conseguiram atingir os números necessários para o controle da doença.

                Apenas quando o mundo atingir a média 70% da população vacinada com todas as doses da vacina que a contenção da doença será efetiva. Hoje, de acordo com dados do Governo do estado de São Paulo e divulgados pela CNN Brasil, um estudo de efetividade da Coronovac, vacina produzida no Instituto Butantan ,  indica que a pandemia poderia ser controlada no Brasil com 75% da população vacinada.

                Quando a pandemia for controlada lá na frente, cada país ainda deverá lidar com os estragos causados na economia. Que as nações mais poderosas entendam que o mundo é um só, e que o destino de um afeta todos nós, e que não há progresso e felicidade plena enquanto pessoas são marginalizadas, esquecidas e vítimas da fome e violência.

Wendell Stein é escritor e jornalista. E-mail wendellstein@me.com

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