Coluna Saúde da Mulher

Obsessão - Perturbações de Comportamento.

Pensamentos incontroláveis e perturbadores que se repetem provocando ansiedade de forma limitante que leva a perda de domínio da mente e das ações. Manifestada de maneiras diversas a obsessão pode estar relacionada com certos comportamentos podendo gerar muito sofrimento e até riscos mais graves como ao suicidio. Como identificar os sinais que está na hora de procurar ajuda profissional?

Possiveis Causas.

Pessoas que sofrem com obsessão geralmente desenvolvem rituais compulsivos como forma de lidar com medo de alguma coisa fugir do controle caso não "obedeça" a “ordem” que surge na mente, muita das vezes do nada, e que se repete constantemente até que o faça. Para poder entender melhor o que envolve um comportamento obsessivo é necessário analisar os tipos de obsessão mais comuns.

A definição de obsessão compulsiva define que são pensamentos ou até imagens repetitivas que geram comportamentos compulsivos que não estão relacionados ao uso ou abuso de substâncias químicas, como drogas ou álcool. Geralmente para evitar ou fugir de tais pensamentos o indivíduo procura substituí-los por outros pensamentos ou comportamentos. Por isso é comum perceber em pessoas que agem impulsivamente, como por exemplo: lavar as mãos, limpar, organizar, verificar, contar, repetir frases varias e varias vezes estão na verdade tentando se livrar de um pensamento que as aprisionam perdendo o controle e que se não tratada a tempo tende a agravar gradativamente. Outros comportamentos bastante comuns em quem sofre de obsessão-compulsiva são: acumulação de objetos, higiene ou limpeza, imagem corporal, simetrias, sexuais e agressividade contra outra pessoa ou mesmo animais.

As compulsões obsessivas mais comuns porém muito semelhantes são o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e a Perturbação Obsessiva-Compulsiva (POC). Ambas, se não tratadas adequadamente a tempo, podem levar a sérias consequências para quem sofre, inclusive o risco ao suicidio. A principal causa do surgimento dos sintomas está relacionada ao trauma sofrido tanto na infância quanto em qualquer outra fase da vida. Outra causa são as crenças que são formadas durante toda vida que estão diretamente ligadas com o ambiente e com a formação da personalidade que impactam tanto a forma de agir como de pensar sobre si mesma quanto dos outros e do mundo como um todo.

Cerca de 2% da população mundial sofre de TOC sendo considerado um distúrbio mental ligado à ansiedade. A qualidade de vida de quem sofre desses tipos de obsessão fica comprometida já que a tendência é evitar ambientes ou situações que possam acionar os gatilhos que as fazem sofrer com tais pensamentos ou visões, alem da dificuldade de menter compromissos ou de se relacionar com outras pessoas devido ao tempo “gasto” para cumprir os rituais diarios e sem fim. Já o POC está diretamente ligado a pensamentos involuntários repetidos que determinam o comportamento obsessivo-compulsivos.

A diferença entre manias e compulsões.

É muito importante esclarecer a diferença entre manias e compulsões pois ambas são caracterizadas por hábitos ou comportamentos distintos. A mania são hábitos relacionados à rotina ou a preferências que geram sensação de segurança, conforto e prazer, porém não provocam angústia, dor ou perigo caso em determinada circunstância a pessoa não possa fazer o ou ter da forma que gostaria. No entanto, os distúrbios obsessivos-compulsivos não permitem que a pessoa consiga prosseguir com a sua rotina diária até que faça o que é “necessário”. Alguns exemplos que podem te ajudar a ilustrar a diferença de ambos comportamentos são:

• Mania - Acordar pela manhã, preparar o café imediatamente antes de fazer qualquer outra coisa. A sensação de que o dia só começa após desfrutar de um café fresquinho.

• Hábito - Acordar pela manhã, preparar o café sempre da mesma forma, porém sem depender do mesmo para se sentir “acordado”.

• Obsessão-compulsiva - Acordar pela manhã, lavar a cafeteira, a colher a pia por cerca de 10 vezes cada antes de preparar o café pois a sensação que somente após 10 vezes as bactérias foram finalmente exterminadas, ao menos por agora.

Infelizmente quem sofre de obsessão-compulsiva acumula comportamentos involuntários gradativamente. É comum encontrar pessoas que possuem mais de um tipo de obsessão, mesmo que inicialmente pode ter partido por um pensamento da “necessidade” de lavar as mãos diversas vezes; chegando até centenas de vezes e como se não bastasse mesmo assim ter que tomar vários banhos por um período curto de tempo. O sofrimento é facilmente notado quando não é possível fazer o que sua mente diz. Quando questionada, essa pessoa descreve uma lista de razões na tentativa de convencer sem chegar a um motivo lógico.  O medo é a principal motivação para tal comportamento, no caso do exemplo acima é o medo de contrair alguma doença provocada por uma bactéria ou germe se não lavar as mãos ou tomar a quantidade de banho “suficiente”  até se sentir livre sem perceber que o que ela deseja mesmo e se livrar do pensamento que a escraviza.

Como buscar ajuda ou ajudar quem precisa.

A primeira coisa que tem que estar bem esclarecida é que a pessoa que sofre de distúrbios obsessivos-compulsivos não deve ser julgada por tais comportamentos. Ninguém escolhe voluntariamente a vivenciar o sofrimento da obsessão, assim como outras formas de distúrbios, como os alimentares por exemplo, a pessoa inicia esse caminho muitas das vezes por uma necessidade de aceitação ou aprovação provocada por um fator, externo ou interno que a leva ao processo de autodestruição na tentativa de se “salvar”.  Quem sofre de alguma forma de obsessão-compulsiva deve receber apoio de familiares e amigos e assistência de especialistas da área da saúde que normalmente trabalham em equipe multidisciplinar de forma personalizada com o mesmo objetivo de  tratar do indivíduo.  Somente um especialista licenciado é capaz não só de diagnosticar, tratar e acompanhar até que essa pessoa encontre um equilíbrio emocional e físico.

Coluna Saúde da Mulher

Lidia Ferreira

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