Coluna Light Up by David Faria

Assim dizia o Profeta: “Gentileza gera Gentileza”

Em minha última viagem à cidade maravilhosa, durante meus estudos no mundialmente famoso “Cordon Bleu”, comprei de um transeunte uma placa, cuja mensagem era: “Gentileza, gera gentileza”, e apesar de saber a origem, quis saber um pouco mais a seu respeito. A frase é atribuída à José Datrino (1917-1996), um pregador de rua urbano que se tornou conhecido por fazer inscrições peculiares, em muros, pilares e escadarias no Rio de Janeiro, e se tornou uma espécie de personalidade daquela cidade.

Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, sofreram vandalismo, e mais tarde cobertos com tinta de cor cinza pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. A eliminação das inscrições foi criticada e posteriormente, a cidade do Rio de Janeiro ajudou a organizar o projeto Rio com Gentileza, com o objetivo restaurar os murais das pilastras, que ela própria havia destruído antes. Começaram a ser recuperadas em janeiro de 1999. Em maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o patrimônio urbano carioca foi preservado.

Em Conselheiro Lafaiete, cidade do interior de Minas Gerais, onde viveu alguns anos na década de 80, há um amplo trabalho feito pela ONG AMAR que dá continuidade ao trabalho do Profeta Gentileza. Foram desenvolvidas oficinas com jovens da cidade, onde foi possível repassar as técnicas de mosaico. Além disso, um grande muro no bairro São João recebeu uma linda aplicação de mosaico. E a praça São Pedro, no bairro Albinopólis, foi toda decorada seguindo o exemplo do Profeta Gentileza.

Gentileza foi homenageado na música pelo compositor Gonzaguinha, nos anos 1980; e também pela cantoraMarisa Monte, nos anos 1990. As duas canções levam o nome Gentileza.

"Gentileza gera gentileza" é sua frase mais conhecida e certamente é algo incontestável. Vivamos à gentileza e celebremos ao Gentileza!

Abaporu é uma pintura a óleo da artista brasileira Tarsila do Amaral. É uma das principais obras do período antropofágico do movimento modernista no Brasil.

Tive a grande honra e prazer de conhecer esta magnífica pintura quando cursava meu Doutorado em Buenos Aires e em meus momentos de laser percorria os magníficos museus lá existentes, sendo meus preferidos o Malba (onde reside o Abaporu) e o Museu Nacional de Bellas Artes, onde quase todos os dias passava o intervalo do almoço, já que ficava em frente à “Faculdad de Derecho da UBA”, onde estudava e era só atravessar a avenida, para chegar à um mundo lindo e encantador.

Foi pintada em óleo sobre tela, em janeiro de 1928, por Tarsila do Amaral (1886-1973) como presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. O nome da obra foi conferido por ele e pelo poeta Raul Bopp, que indagou a Oswald ao ver o quadro: "Vamos fazer um movimento em torno desse quadro?" Os dois escritores escolheram um nome para a obra, que veio a ser Abaporu, que vem dos termos em tupi aba (homem), pora (gente) e ú (comer), significando "homem que come gente". E também é uma referência para a criação da Antropofagia modernista brasileira, ou Movimento Antropofágico, que se propunha a deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la ao Brasil.

A escolha das cores, formas e perspectiva da obra refletem o desejo de Tarsila de mostrar o Brasil de verdade. “Tarsila desembarcava do ‘Massilia’, navio de luxo vindo de Paris, trazendo na bagagem tintas bonitas, muitos vestidos elegantes e muita renovação”. O quadro faz parte da fase antropofágica de Tarsila que, assim como a fase pau-brasil, é considerada uma das mais importantes dentro da vida da pintora. Influenciada pelo cubismo, esse período na carreira da artista permitiu a ela fazer uma leitura visual das estruturas da sociedade brasileira.

Desde que Costantini adquiriu a tela em 1995, ela foi exposta no Brasil algumas vezes. Em 1998, em uma mostra no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) que exibia obras do empresário argentino. Em 2002, esteve na Faap para a exposição Da Antropofagia a Brasília. Já em 2008, a pintura brasileira participou de Tarsila Viajante, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Mais uma vez na Faap, fez parte de Mulheres, Artistas e Brasileiras em 2011. Durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, o quadro esteve no Museu de Arte do Rio (MAR) na exposição A Cor do Brasil. Em 5 de abril de 2019, foi exposta pela primeira vez no Museu de Arte de São Paulo (MASP). De acordo com a sobrinha-neta da artista, Tarsilinha do Amaral, era seu sonho que o quadro fosse exposto no local.

A projeção é um mecanismo de defesa psíquico para que possamos nos proteger daquilo que não podemos lidar. Com isso, podemos montar até involuntariamente estratégias que nos desviam daquilo que não podemos pensar ou aceitar em nós mesmos. No momento em que ela se ativa a pessoa passa a perceber pensamentos e sensações desagradáveis como se pertencessem a outra pessoa. Em vez de assumir como suas, indicam ser de outro alguém para aliviar sua carga emocional. Complexo não?! Como exemplo uso a pessoa imoral, de valores desvirtuados, que não aceitando seus defeitos, projeta nos outros, suas próprias atitudes abomináveis, já passeio por isso, e vocês?

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