Coluna Wendel Stein

RENASCENDO A ESPERANÇA PÓS PANDEMIA

Eu trabalho em uma pequena cidade no interior de São Paulo, Monte Mor, um munícipio com cerca de 62 mil habitantes, de acordo com o último levantamento do IBGE. É um lugar simples e de população amistosa e sofreu com a pandemia. A COVID19 foi impiedosa, não só na pequena Monte Mor, mas em todas as cidades, e em quase todos os locais do mundo.

            Eu, assim como muitos de vocês, leitores, perdi conhecidos e pessoas muito próximas. Foi um longo período, quase uma gestação, onde acompanhamos o vírus surgir e espalhar-se pelo mundo, agressivo ao ponto de transformar-se na pandemia, e o pior, uma doença sem cura.

 Por meses, cientistas de todas as nações se uniram em um esforço incomum em busca de uma vacina, o número de mortes crescia, não havia tempo para os protocolos que até então existiam na medicina, então eles foram quebrados, reduzindo o tempo dos testes clínicos e com cobaias. O esforço funcionou, e a vacina foi criada.

Só que ainda existia o problema da produção, que demandaria um longo tempo e com quantidade limitada. Enquanto isso o mundo registrava mortes diárias comparáveis as Segunda Grande Guerra. Quando as vacinas chegaram, principalmente no Brasil, o número de mortes diárias ultrapassavam os 3 mil casos por dia.

O ritmo das vacinas ainda era lento, primeiro por idade por idade, depois por doenças pré-existentes. Aguardar a fila para a primeira dose, era angustiante, e quando o dia da vacina chegava, era como se tivéssemos uma chance de começar de novo.

            Neste caminho, eu perdi um irmão, quando ele tomou a primeira dose, sem saber já estava contaminado e o caso dele evoluiu para a intubação, e quase 40 dias depois veio a óbito. O tempo passou e chegou o momento de eu tomar a primeira dose, meses depois a segunda dose. Observava o avanço da vacinação no mundo, e o início da queda no número de casos e vítimas.

No dia 08 de novembro de 2021, quando assisti uma reportagem no Jornal Nacional, anunciando que pela primeira vez, desde o começo da pandemia, houve o primeiro dia sem uma morte no Estado de São Paulo, me emocionei, ao ponto de parar em uma praça e sozinho fazer uma prece. Não podemos prever o futuro ou as sequelas físicas, mentais e econômicas que esse período causará em nossas vidas, mas como diria Gandalf, clássico personagem da trilogia Senhor dos Anéis, tudo o que podemos fazer é aproveitar o tempo que nos é dado.

Wendell Stein é jornalista, escritor e cineasta. É colunista do Brazilian Times. E-mail: wendellstein@me.com

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