Coluna Arilda Costa

Entrevista com a escritora Mariângela Prado de Albuquerque

Minha entrevista esta semana é com a escritora Mariângela Prado de Albuquerque. Natural de Belo Horizonte, MG, a autora fez formação em Serviço Social pela PUC – MG e, durante alguns anos, foi diretora de escola/clínica para crianças com necessidades especiais.

Trabalhou com aconselhamento psicológico em grupos de pais de crianças com necessidades especiais, onde pôde observar e atuar nos processos emocionais, que envolvem pais e filhos. Mariângela sempre priorizou o seu próprio aperfeiçoamento como pessoa, o que a levou a conhecer uma Metodologia de Educação em Valores Humanos e se tornar uma educadora. Trabalhou com jovens e adultos em Programas de Desenvolvimento Humano, em Programas do Governo do Estado de Minas Gerais, através de OSCIP. Assim também, como instruiu e treinou professores da rede pública e privada em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Brasília e Goiânia.

Foi aí que ela se revelou como escritora, quando formulou, junto à equipe de educação do programa de EVH (Educação em Valores Humanos), um Guia de Treinamento em Educação, com mais de setecentas páginas, para professores utilizarem em sua prática educacional, onde se tem como maior objetivo, o desenvolvimento de valores éticos e comportamentais, dentro de uma perspectiva de se desenvolver uma cultura de Paz. Este manual é utilizado por professores da rede pública e privada no Brasil e na América Latina.

Esta experiência foi muito rica para que pudesse, inclusive, se desenvolver como escritora, a ponto de escrever sobre processos humanos, que envolvem a reconexão do homem com sua dimensão de lucidez, daí a sua recente obra, o livro “O Arquétipo da Bênção”.

Hoje, atua como terapeuta com abordagem sistêmica e atende pessoas visando auxiliá-las nas liberações de padrões negativos “rodando” como programas no inconsciente e impactando a vida real. A autora pesquisa com profundidade os processos psicológicos e mentais que bloqueiam um fluxo natural de vida. Para ela, conhecer e se especializar nas terapias energéticas, impulsionou em muito, a trilhar um caminho mais saudável de vida, em que ela procura orientar seus clientes. Estas técnicas terapêuticas atuam, liberando padrões e condicionamentos limitantes, reativando o processo de ampliação da consciência e proporcionando uma vida mais leve e saudável.

- O que você entende como a reconexão do homem com a sua dimensão de lucidez?

O ser humano apresenta várias dimensões. Mas, é de conhecimento apenas a dimensão dos pensamentos, sentimentos e emoções. Vemo-nos como seres integrados e pertencentes à uma família e a uma sociedade com determinada cultura e padrões sociais. Mas, não apenas apresentamos esta dimensão. A psicologia fala de uma dimensão intitulada como a supraconsciência, que é o que as tradições espirituais dizem ser o nosso Eu Maior. Hoje, a ciência moderna fala com bastante clareza sobre a existência desta dimensão em nós. Uma dimensão atemporal, onisciente e de grande sabedoria por estar integrada ao Todo. Essa dimensão nos constitui e, uma vez alinhados, reconectados com ela, somos dotados de lucidez para viver. Esta lucidez vem de um Campo da Presença, em que intuímos o melhor a se fazer em cada aspecto de nossas vidas e somos guiados por processos sincrônicos na realização de nosso propósito de vida. E isso é a reconexão da nossa dimensão humana (pensamentos, sentimentos e ações) com nossa dimensão transcendente (Consciência integrada ao Todo).

- O que mais te inspira?

Conduzir pessoas neste processo de reconexão com a sua Fonte de Lucidez.

- Como você se revelou como escritora?

Durante o tempo em que me dediquei ao Programa de Educação em Valores Humanos, onde me vi com a necessidade de escrever histórias, dinâmicas, peças teatrais e textos, que compuseram o conjunto de aulas, para que as pessoas pudessem desenvolver estes valores em sua consciência. Foi uma bela aventura e um grande aprendizado.

- O que seria estas informações de dor no inconsciente das pessoas?

O nosso inconsciente é capaz de gravar muito mais informações do que o nosso consciente. Há estudos que apontam que o nosso inconsciente é capaz de gravar 85% ou mais das informações que lidamos na vida, enquanto o consciente grava 15% ou até menos. Portanto, podemos dizer que o nosso inconsciente é um grande arquivo, onde se registra todas as impressões dos fatos que nos ocorreram. Ali existem registros de traumas, bloqueios, dificuldades e crenças e valores pessoais e ancestrais. Mas, como não temos consciência destas informações, o nosso consciente não pode lidar com elas e liberá-las. Isso explica quando temos alguma dificuldade na vida, mas não conseguimos sair dela. Então, se faz necessário a pergunta: “O que em você escolhe ainda viver esta dificuldade que você não quer mais viver?” A pergunta a esta resposta é: “As memórias de dor em meu inconsciente”. E a menos que estejamos muito conscientes no nosso presente ou liberamos e ressignifiquemos estas memórias, vamos repeti-las.

- Como estas terapias energéticas podem atuar na liberação das dores?

Estas terapias trazem para mais perto de nós a nossa dimensão de lucidez. Ela sim, pode liberar as memórias de dor, ou seja, as informações energéticas de traumas que existem em

nosso inconsciente. E, uma vez mais harmonizados, conseguimos acionar um fluxo de vida mais virtuoso, o que favorece frequências de sentimentos positivos e o desenvolvimento de um sentido de presença e silêncio interno, atraindo mais bem-estar e lucidez.

- O que te levou a escrever o livro “O Arquétipo da Bênção”?

A necessidade de resgatar esta ação tão transcendente. Nossos ancestrais a praticavam de forma mais intuitiva. Porém hoje, diante de vários estudos podemos ativar esta prática em nossas vidas com a consciência do que estamos fazendo e, portanto, deixar esta atitude nos trazer todo o benefício possível.

- Para você, o que é a Benção? E como ela atua?

A observação de que a Benção atua como um arquétipo que nos remete a uma ligação com o transcendente ou Deus ou Universo. Esta atitude pode nos reconectar de forma mais instantânea com esta dimensão. O fato de abençoarmos tudo o que vivemos, desde situações positivas ou negativas, pode, num primeiro momento, ser difícil, principalmente abençoar situações e pessoas que nos fazem sofrer. Porém, se formos capazes de transcender esta resistência a aceitar a situação e o outro como são, já nos abrimos para a atitude de abençoar e começamos a ver o cenário se transformar para algo mais harmonioso. Para mim, a bênção funciona como um processo terapêutico de liberação. Como se fosse pílulas de lucidez que tomamos cada vez que abençoamos situações, pessoas e a nós mesmos. Em algum momento a ação destas pílulas começa a atuar, trazendo harmonia.

- Qual a importância dos pais abençoarem os filhos?

O amor dos pais é diferenciado. Os pais têm uma ligação muito profunda com os filhos e esta ligação vem da força do Campo Ancestral. Portanto, o amor dos pais traduz todo o potencial de amor do Campo Familiar e Ancestral daquela vida que, no momento, está na ponta da ancestralidade. Há nesta vida (vida dos filhos) toda uma expectativa de liberação de desarmonias ocorridas outrora, mesmo que os filhos não saibam disto. Este amor tem poder. E quando os pais se voltam conscientemente para os filhos e os abençoam, eles se tornam instrumentos, através dos quais a Fonte, que é algo que está além de todos os ancestrais e que permeia todo o Campo Familiar, possa atuar sobre a vida dos filhos. Uma vez, tocado por esta Fonte, os filhos recebem um firme propósito de amor, aceitação e pertencimento. E, com isso, vão mais fortalecidos para a vida.

- O que o leitor pode esperar da leitura do livro “O Arquétipo da Bênção”?

Uma grande inspiração para lidar e fortalecer o vínculo com a sua própria dimensão de lucidez. Através desta atitude tão simples, profunda e poderosa. A Benção não requer nenhuma posição social e cultural privilegiada, não requer nenhuma situação econômica favorável, sequer toma o tempo das pessoas. Esta atitude tão universal, atemporal e equânime vai requerer apenas o comprometimento com ela. Todos podem realizá-la dentro de sua própria situação de vida, sem exclusão de ninguém. A adesão a ela com o tempo, gera calma e sabedoria para lidar com a s situações desafiadoras da vida.

E quanto às famílias que se fundamentarem nesta atitude, podem viver a vida e as relações com Força Espiritual, que não vem propriamente do exercício religioso, mas, sim, da ampliação da consciência mais integrada com a vida, com o todo. E a Vida é abundância, possibilidades e realizações.

Livro: O arquètipo da benção

Arquétipos são energias originárias, símbolos que contêm informações, que conversam com o inconsciente coletivo. Essa dimensão, do inconsciente coletivo é comum a todos nós e influencia a personalidade de cada um, ditando padrões a serem seguidos e determinando a experiência humana.

A Atitude de Bênção construiu uma profunda impressão de caminho de poder no inconsciente coletivo, fundamentada pelas palavras - o verbo - retratadas em algumas tradições espirituais, como algo que tem uma relação direta com um Poder Transcendente ou Universo ou Deus.

A Bênção atua como um arquétipo que nos coliga à Energia Originária do Bem. O que seria o Bem? Força, alegria, paz, saúde, prosperidade, bons relacionamentos, autoestima, evolução, harmonia, ordem... Todos estes atributos fazem parte de um plano natural de vida para o ser humano. Todos derivam da energia de Amor do Universo. Este Bem é o que é e não existe um mal se contrapondo a ele. Uma vida humana pode manifestar estes atributos integralmente, acessando assim, um “fluxo do bem” na vida. A bênção é um fluxo de energia em movimento. Quando uma pessoa diz “minha vida é uma bênção”, ela está dizendo que tudo em sua vida está bem, inclusive ela mesma e, portanto, acessou fluxo um virtuoso de vida. Então é possível ver a sua própria vida se expandindo e mesmo que, ao redor, se lide com conflitos, há força interna para ser um agente de harmonia num contexto conflituoso.

A Bênção é atemporal e universal, independe de cultura social e tradição religiosa e é uma necessidade humana. Qualquer ser humano pode aderir a esta atitude e acessar em si, esta Informação do Bem. Toda vez que abençoamos, é como se saíssemos cada vez um pouco mais do circuito mente-ego e nos conduzimos à dimensão mais profunda em nós. Toda vez que somos abençoados, sentimos que nos coligamos com um sentido de Bem Interno.

O Abençoar nos conduz a uma dimensão de Paz e ao alinhamento com nossa Força Interna. Quem quer que viva e aja inspirado por este Bem, favorecerá a si, ao outro e ao Todo.

O livro mostra o caminho da autobênção e de como se criar uma realidade voltada para o bem e para frequências de mais harmonia na vida. Ativar a atitude de abençoar, faz ativar também um círculo virtuoso, em que se sente que tudo está em seu lugar certo e apenas fluímos com os acontecimentos da vida. Abençoar significa que a sua dimensão de luz pode trazer e acessar para a sua realidade, o melhor futuro possível com relação àquilo que se abençoa.

O livro propõe o resgate da Bênção Pessoal e Familiar.

A benção familiar, a que conhecemos quando os pais e avós abençoavam seus filhos e netos, de alguma forma tem poder. Mesmo que esta atitude fosse realizada intuitivamente, como era o caso dos nossos ancestrais, vimos o quanto a benção dos pais e avós ficavam fortemente registrada na memória de quem recebeu estas bênçãos. E isto foi registrado no inconsciente de cada um, como momentos de profundo afeto.

Hoje é possível, através do conhecimento da importância desta atitude, a ativarmos em nossas vidas e na vida dos filhos, com muito mais assertividade, pela consciência do que estamos fazendo. A benção familiar tem uma grande profundidade, não apenas de se demonstrar o afeto, mas, também, fortalecer a pessoa abençoada para que ela lide com todos os desafios da vida e alcance importantes realizações. O livro, portanto, fundamenta para os pais, utilizando os conhecimentos da psicologia e da espiritualidade universalista, a importância de se abençoar os filhos.

Considerando que, uma criança quando nasce, ela tem, em sua trajetória de vida, vários desafios no campo familiar, cultural, educacional, tecnológico, religioso e até planetário. Estes desafios vão requerer que a criança receba um firme propósito de amor e aceitação, que a Benção dos pais pode lhe proporcionar.

O livro evidencia a importância da Benção dos pais, proporcionando aos filhos desenvolverem dois atributos fundamentais: O autoamor e a autoestima. A Benção dos pais proporciona que estes atributos cheguem aos filhos, da dimensão espiritual e ficam tão sedimentados na alma, que dotam os filhos da “química” para realizações e prosperidade na vida. O livro mostra formas de abençoar que todos os pais podem adotar, independentemente de ritos e concepções religiosas. Os filhos que recebem esta bênção, têm um bom começo emocional e espiritual na vida e recebem também, um firme propósito de amor e aceitação.

Um livro que todos os pais deveriam ler!

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