Publicado em 17/03/2022 as 1:30pm
Coluna Arilda Costa
Entrevista exclusiva com o famoso escritor, psiquiatra e palestrante Augusto Cury Uma honra...
Entrevista exclusiva com o famoso escritor, psiquiatra e palestrante Augusto Cury
Uma honra entrevistar o escritor, psiquiatra e palestrante, o Doutor Augusto Cury. Ele dispensa apresentações porque é conhecido no Brasil e internacionalmente em muitos paises. Já vendeu milhões de cópias e foi traduzido em 70 países. Ele é o autor da teoria de inteligência multifocal, utilizada em vários países e instituições.
É um grande prazer também Arilda estar aqui, conversando com você. Eu raramente dou entrevistas, mas quando o faço, procuro entregar meu coração para contribuir com a humanidade, para que os leitores ou espectadores possam de fato entender que a vida é belíssima para se viver e brevíssima para se errar. Nós temos que vivê-la de uma maneira inteligente, para escrever os capítulos mais nobres da nossa história, mesmo nos momentos mais difíceis. Uma honra estar diante de você.
Eu agradeço imensamente o seu tempo e sua disponibilidade.
Eu tenho aqui algumas perguntas e gostaria de saber sua opinião. Estamos ainda vivendo um período de pandemia e praticamente há mais de dois anos vivendo essa angústia que espalha o medo, a incerteza, a depressão e tanta tristeza. Temos ainda que conviver com todos esses "personagens do teatro mental", como você mesmo chama estes sentimentos. Mais do que nunca, em escala mundial, estamos vivendo uma situação de vulnerabilidade emocional. Como é que a gente vai conseguir sair dessa, Dr. Augusto?
Bom, de fato a pandemia da COVID-19 foi dramática, tem sido dramática, mas já foi muito mais. E nós esperamos até que não venham outros vírus com mutações que possam agredir mais o corpo, em destaque os pulmões e o sistema autoimune. Mas a pandemia da COVID-19 expôs algumas pandemias que já estavam potencialmente afetando o ser humano, mas ninguém comentava. Número 1, a pandemia da ansiedade. Antes da Covid- 19 eu já tinha denunciado, e nesses mais de 70 países que eu sou publicado, que nós mexíamos na caixa preta do funcionamento da mente. Alteramos o ritmo de construção de pensamentos. E numa velocidade jamais vista.Haja vista que uma criança de 7 anos de idade, hoje, tem no córtex cerebral uma quantidade tão grande de dados de informações, de imagens, que muitas vezes o imperador romano no auge, em Roma, não tinha adquirido durante toda a sua história. E esse excesso de informação acelera a mente porque provoca alguns fenômenos inconscientes, que eu tive o privilégio de descrever. Descobrir e descrever. Um deles é o gatilho da memória.
Enquanto eu estou falando, todas as pessoas que estão nos ouvindo estão disparando nuvens de gatilhos no córtex cerebral. E o segundo fenômeno são as janelas da memória. Então os gatilhos disparam, em nuvens, abrindo milhares e milhares de janelas ou arquivos, com milhões de dados. E o terceiro fenômeno é a âncora da memória. Ela tem que se fixar numa determinada região para dar foco e concentração.
Se há uma abertura excessiva de janelas do córtex cerebral ou arquivos, a âncora não consegue se fixar, não dá foco e não dá concentração. Consequentemente, há uma hiper aceleração de pensamentos que não gera uma construção de pensamentos inteligentes, altruístas, solidários, resilientes, capazes de nos levar a nos reinventar e nos proteger sócio emocionalmente. O quarto fenômeno é o alto fluxo. O alto fluxo começa a ler freneticamente as janelas da memória. Ele é um fenômeno inconsciente. Ele é diferente do eu.
Ele não lê numa direção lógica. O eu representa a capacidade de escolha. O piloto da aeronave mental, o diretor do script, ele lê numa direção lógica e consciente como estou fazendo para desenvolver essa entrevista, como você estava fazendo para me entrevistar. Só que o alto fluxo não. Ele começa a ler aleatoriamente à medida que dispara o primeiro fenômeno, o gatilho abre o segundo fenômeno. O fenômeno das janelas e a âncora não tem foco. A âncora é como uma âncora de um navio. Ela se perde e o navio fica à deriva, e aí o alto fluxo começa a produzir pensamentos numa velocidade altíssima levando crianças, adolescentes e adultos a desenvolver uma ansiedade em nível jamais visto, gerando a síndrome do pensamento acelerado. É uma síndrome que eu tive o privilégio de descobrir e descrever e a infelicidade de saber que grande parte da população é acometida por ela. Isso é muito grave.
Então, a pandemia da ansiedade, ela já estava poderosamente presente, com a televisão em destaque, com o mundo digital, as redes sociais. Com a pandemia da Covid-19, acelerou mais ainda porque as pessoas se isolaram, viveram a pandemia da solidão e as pessoas não amam a solidão. E a solidão é muito importante para a criatividade. É um momento único onde você se encontra consigo mesmo. Mas as pessoas rejeitam a solidão. Entram freneticamente, intensamente no Google, em sites, nas redes sociais. E não se aquietam, não se interiorizam, não se protegem. Então o desafio, Arilda, com a pandemia da COVID-19 é aprender a desacelerar a mente, a proteger a nossa emoção para contemplar o belo, para trabalhar perdas e frustrações, para sermos autores da nossa própria história.
Como conseguimos isso?
Nós conseguimos usar ferramentas de gestão da emoção. E uma dessas ferramentas é aprender a impugnar, discordar e confrontar cada pensamento perturbador.
Também impugnar, confrontar, discordar da nossa necessidade neurótica de querer dar resposta para tudo e para todos no WhatsApp. Querer corresponder a expectativa de todo o mundo. Número 3: aprendendo a fazer das pequenas coisas o espetáculo aos olhos, contemplando o belo. Número 4: cruzando experiências entre pais e filhos, não apenas falando sobre o trivial. Por exemplo, economia, esportes, políticas, estudos, mas sobre o essencial. Ou seja, sobre eles mesmos. Suas perdas, lágrimas, desafios, suas histórias e suas aventuras. Então esse cruzamento do que é essencial, esta troca de experiências raramente tem sido feita, tanto no ocidente como no oriente. Por isso nunca tivemos uma sociedade tão doente, tão angustiada e mendigando o pão da alegria.
Gostaria de saber sua opinião sobre filhos que abandonam seus pais. É um fenômeno que está acontecendo sempre mais. Nos Estados Unidos existem até grupos em redes sociais de pais e mães em situação de solidariedade e conforto entre eles para se sustentarem emocionalmente. O que está acontecendo com estes filhos?
Bom, isso é grave, está acontecendo no mundo todo. É um fenômeno sócio emocional da modernidade que está ligado à falta de construção de vínculos mais profundos, através de uma interação mais inteligente e, consequentemente, mais produtiva e proativa. Como essa falta de interação mais inteligente, proativa, interativa, essa falta da troca do que é essencial não está ocorrendo, o que nós estamos vendo é as pessoas se abandonando. Na Europa os filhos, às vezes, isolam seus pais nos apartamentos. No centro de Paris, no centro de Lisboa, do Porto, de Bonn. Isso também tem acontecido em Israel, nos países nórdicos, onde existe uma alta cultura, mas a cultura emocional está morrendo.
O ser humano cada vez menos sabe se colocar como um ser humano em construção, capaz de usar ferramentas para criar vínculos com os pequenos para torná-los grandes. Esses dias, para você ter uma ideia, um pai em lágrimas falou para mim "até os 12 anos de idade, o meu filho era vinculado a mim, aonde eu ia, ele ia também, fazíamos coisas, sabe, aventuras. Mas depois que eu dei um celular para ele, eu perdi o meu filho. Não consigo mais influenciá-lo. Eu não consigo falar no coração dele. Minhas palavras não têm impactos. Ele vive num mundo enclausurado". O filho não abandonou o pai fisicamente, mas abandonou o pai morando na mesma casa.
Pais e filhos se tornaram um grupo de estranhos no mundo todo. Seja aqueles que saíram, sejam aqueles que ficaram. Porque eles não sabem se colocar no lugar um do outro, ter uma empatia mais profunda, não sabem pedir desculpas, não sabem perguntar "o que eu posso fazer para te tornar mais feliz? Aonde eu errei?". Então, a solidão do abandono social, ela tem sido dramática, sem precedentes na história. Mas a outra solidão que nós precisamos prestar atenção, que é tão ou mais dramática, é a solidão do auto-abandono. Ou seja, as pessoas se auto-abandonaram, elas não sabem namorar a vida, não sabem dar risadas de vez em quando de alguns dos seus erros e até de alguma estupidez que porventura têm. Elas são implacáveis, cobram demais de si. Toda pessoa que cobra demais de si, se auto-abandonou. Toda pessoa que quer corresponder demais à expectativa dos outros, se abandonou, tem alodoxafobia. Já ouviu falar?
Sim, em uma das suas palestras. É o medo da opinião dos outros ou o medo de falar em público?
A glossofobia é o medo de falar em público e a alodoxafobia é o medo da opinião alheia. E isto é grave! As pessoas que dão muita importância aos haters, às opiniões nas redes sociais, ao que elas pensam de si, elas se auto-abandonaram. Se nós não aprendemos a ver o charme dos nossos defeitos e nem dos defeitos dos outros, se não vivemos suave, leve e ricamente, nos abandonamos a nós mesmos e abandonamos as pessoas. Por isso que nós estamos também na pandemia da solidão, que tem trazido outra pandemia, a pandemia dos mendigos emocionais.
Esta expressão é forte!
É muito forte, e eu tenho sido uma voz solitária. Nos Estados Unidos não há pensadores falando sobre isso. Na Europa, não há pensadores falando sobre isso, na China não há pensadores falando isso, nem no Japão. Mas temos que falar! A pandemia dos mendigos emocionais reflete pessoas que precisam cada vez mais de muitos estímulos como reconhecimento, aplausos, respostas positivas, atenção, para sentir migalhas de prazer.
Então, são pessoas que mendigam o pão da alegria. Não estão nas estatísticas da ONU, dentro da FAO, que é o órgão para a segurança alimentar e produção de alimentos, mas elas estão estão em uma estatística insidiosa quando você leva em consideração a inteligência socioemocional. Há bilhões de seres humanos que mendigam o pão da alegria. Que têm baixa ingestão (metaforicamente falando) de calorias emocionais, afeto, auto afeto, capacidade de brincar com os seus erros, de se reinventar. Capacidade de ser bem humorado, de doar o melhor de si para fazer os outros felizes e não se curvar para a dor. Fazer de cada inverno a mais excelente primavera.
Linda esta frase final de tudo isso que você está falando.Dr. Augusto, quais serão as consequência desta overdose do mundo digital? E quais serão as doenças mentais que teremos que lidar mais e mais no futuro? Aonde vamos parar?
Essa é uma pergunta muito inteligente. Aonde vamos parar? Vamos parar nos consultórios de psiquiatria e psicologia. Vamos parar num ambiente de autopunição e autocobrança onde há o esgotamento cerebral, inclusive uma fadiga excessiva, acompanhada de sofrimento por antecipação, ou ruminação de perdas, mágoas e frustrações.
Vamos parar num ambiente onde as pessoas se tornam cada vez mais o número do cartão de crédito, o número do passaporte, um número de identidade, mas não na condição de seres humanos completos e complexos. Infelizmente é onde vamos parar. Em um adoecimento coletivo. Antes da pandemia, as estatísticas já eram assombrosas. Uma em cada duas pessoas tinha, ou teria ao longo da vida, um transtorno emocional. Seja uma depressão, uma crise de pânico, um transtorno de ansiedade, uma doença psicossomática, glossofobia. Alodoxafobia, reitero, é o medo da opinião alheia. E tem mais de 100 tipos de fobias, desde aracnofobia. Lembro de uma paciente minha que foi sequestrada no passado. O medo dela não era o sequestro. O medo era ter aranhas no cativeiro. Ela tinha aracnofobia. Lembro de pacientes meus que tinham medo de beija-flor, pavor de beija-flores. Outra paciente, gerente de banco, tem medo de uma bexiga, que uma bexiga estoure. É uma pessoa lúcida, que lida com milhares de problemas mensalmente. Mas uma bexiga de aniversário causava um pânico. Porque a mente... mente.
A mente é a maior fonte de mentiras, de distorção, de invenção, de coisas tolas, autopunitivas, distorcidas. A mente, ela é virtual. A construção de pensamento é virtual. Se a construção de pensamento é virtual, a pessoa pode transformar um beija-flor num monstro. Pode transformar o escuro num ambiente dramático. Pode pensar na possibilidade de morrer um dia, fazer um velório antes do tempo e desenvolver doenças que só estão na cabeça dela. Então nossa mente é especialista em contar mentiras e construir cárceres mentais. Na pandemia e na intoxicação digital que você abordou, tudo isso foi turbinado.
É por isso que nós aumentamos em mais de 100% um índice de suicídios entre crianças de 10 a 14 anos nos últimos anos. Inclusive na estatística americana. E era raro uma criança pensar no passado, em desistir da vida. Mas hoje, devido ao alto nível de insatisfação, existe a necessidade neurótica de evidência social. As pessoas querem cada vez mais estar em evidência, e quando elas não estão em evidência, elas se diminuem. Inclusive existe a espetacularização do suicídio. Por exemplo, aqui na minha cidade, em Ribeirão Preto, há um shopping onde há alguns anos as pessoas se atiravam das sacadas no meio da multidão, jovens se atiravam como se fosse o último ato.Mais uma espetacularização da morte. Isso é muito grave, é muito sério. E a vida é um espetáculo único e imperdível. E há jovens, milhões de jovens no mundo todo que falam quase diariamente "eu não pedi para nascer e eu não sei porque eu estou nessa nessa droga de vida", algo nesse sentido.
Lembro que eu estava dando uma conferência uma vez em Angola. Foi a primeira vez que eu fui a Angola e lá tinha o âncora mais famoso do jornal. Ele me abraçou e falou, "eu descobri algo que mudou minha história, eu sou um espermatozóide vencedor e você me ajudou a entender isso". Eu quero dizer para todos aqueles que nos assistem ou que vão ler essa reportagem, que cada ser humano se tornou o maior alpinista da história. Ele enfrentou os Montes Everestes no começo da vida. Se tornou o maior maratonista de todos os tempos. Se tornou o maior nadador do mundo quando havia 40 milhões de concorrentes, e ele estava sozinho. E nem o pai ou a mãe ajudaram ele naquele momento.
Naquele momento, era a luta solitária pela vida. Aliás, as principais decisões de um ser humano, são solitárias. Geneticamente solitários e também intelectualmente solitários. Olha, imagina que cada jovem lutou com mais de 40 milhões de concorrentes. Era uma chance quase zero para vencer, mas eles venceram. É por isso que ele leu o livro "Você é Insubstituível" e tem um programa também chamado "Você é Insubstituível". Um programa de saúde emocional dentro de uma rede social chamado gotchosen.com e é 100% gratuito.
E lá na minha bio todos podem se inscrever através do meu Instagram. É só clicar gotchosen. Já estão no Brasil. É uma empresa americana que vai varrer o mundo. E eles me pediram para colocar um programa gratuito de gestão da emoção. Está lá.
Que interessante!
É maravilhoso!
E lá eu falo que todo ser humano foi o maior vencedor do mundo quando ninguém estava apoiando, quando ninguém estava incentivando, eles lutavam pela vida. Então nenhum jovem pode falar que eles não pediram para nascer, que acham que a vida é ruim, é péssima, que seus pais os colocaram na vida. É uma mentira científica. Todos nós, em cada uma das 10 trilhões de células que constituem o nosso corpo, temos uma gana, um desejo ardente, incontrolável para viver mesmo quando pensamos em morrer.
Eu vi numa das suas palestras o senhor falando do personagem brilhante de Jesus Cristo e um pouco da personalidade de cada um dos discípulos. Eu achei incrível este seu estudo e gostaria que o senhor falasse um pouco sobre Jesus Cristo.
Bom, eu fui um dos maiores ateus que pisou nesta terra. Para mim, Deus era fruto de um cérebro apaixonado pela vida, que resistia ao seu caos na solidão de um túmulo. O cérebro pensava em Deus para resistir ao caos do término da vida na solidão de um túmulo. Nem vou explicar direito isso. A minha teoria, que estuda uma das últimas fronteiras da ciência, senão a última fronteira, que é o processo de construção de pensamentos.
Como num milésimo de segundos que nós entramos na memória e resgatamos verbos conjugando os tempos facilmente. É como se você, por exemplo, que estando no Brasil atirasse em Nova Iorque e acertasse uma música voando. O que é quase impossível, na verdade.
Sim, claro.
Mas como é que você produziu a palavra "sim, claro" ? Você atingiu a mosca voando. Você detonou o gatilho no meio de milhões de opções. Conseguiu resgatar o seu sim e o seu claro. Todas as vezes que nós pensamos nós exercemos fenômenos que não foram estudados na ciência, mas que são de uma altíssima complexidade. Eu estudei esse fenômeno e construí mais de 3000 páginas num país que não valoriza os seus cientistas.
Escrevi mais de 60 livros em que eu abordo de várias maneiras estes fenômenos. Mas a minha teoria não apenas estuda o processo de formação de construção de pensamentos, mas também o processo de formação de pensadores, de construção de mentes brilhantes.
Então fui estudar, como é que Freud desenvolveu a sua capacidade de pensar, como é que Isaac Newton, como é que Einstein, que era um aluno que não deu certo na escola, não brilhava, conseguiu desenvolver uma das mais complexas teorias, e muitos outros pensadores.
E até que eu fui em Jesus Cristo. Esperava encontrar um personagem construído por um grupo de galileus que querem libertá-los do jugo tirânico de Tibério César, que era um imperador promíscuo, irresponsável e violento. Mas quando eu peguei as 4 biografias chamada evangelhos, em várias versões, e estudei sobre os ângulos da psiquiatria, da sociologia, psicopedagogia, psicologia, eu fiquei perplexo.
Em primeiro lugar, ele chamou um grupo de alunos que só lhe davam dores de cabeça. Pedro era hiperativo, tenso, ansioso e irritadiço. Imagine que quase no final da jornada, quando Jesus foi traído, ele pegou uma espada e cortou a orelha de um soldado, quando na verdade, queria cortar o pescoço dele.
Ele queria matar o sujeito! E reagiu impulsivamente e quase causa um motim. E quando há um motim social, quando há um ambiente de alta densidade emocional, ninguém pensa. Quase ali então se comete atrocidades, as pessoas morrem coletivamente. Um ataque o outro. E o mestre dos mestres, teve que atuar abrandando algo que é quase impossível. Numa situação onde existe em estádio atritos coletivos, não se consegue abrandar os ânimos. As pessoas agem com muita violência. Mas o mestre da emoção, ele conseguiu abrandar os ânimos dos seus opositores, e também dos seus alunos. E eu pensava, que homem é este que escolheu alunos que só lhe davam dores de cabeça e conseguiu formar mentes brilhantes? Que homem é este que conseguia pensar quando todo mundo estava irritado, tenso e ansioso? Quando Judas Iscariotes o beija, Judas era o mais dosado, o mais centrado, o mais culto porque ele era da tribo dos Zelotes, e ele tinha vocação social, só que ele não era transparente. Ele não entrava em contato com as suas próprias loucuras e reconhecia seus erros. Então, quando ele traiu Jesus por 30 moedas de prata, ele na verdade não queria trair porque o preço era muito baixo. Ele queria provocá-lo a ser um líder. Um líder social da época para dominar Israel e o Império Romano. Mas de repente, quando ele trai com um beijo, para espanto da psiquiatria, psicologia e sociologia, ele não agrediu o seu agressor, ele, na verdade, elogiou o seu agressor, chamando-o de "amigo" em um foco de tensão.
Freud baniu a família psicanalítica Jung e Adler, que o contrariou em relação às ideias da sexualidade, Einstein internou um filho num manicômio e praticamente nunca mais o visitou. Abandonou o seu filho. Ao passo que o Mestre dos mestres, quando foi traído, tinha todos os motivos para abandonar, agiu com muito mais dignidade, muito mais maturidade, gestão da emoção do que essas duas mentes consideradas entre as mentes mais brilhantes que pisaram no teatro da humanidade. Freud e Einstein.
Que homem é este que conseguiu elogiar o seu traidor e não bani-lo como os pensadores? E que homem é esse que os fez uma pergunta, "amigo, porque você está aqui"? Ele não o excluiu, não odiou o seu traidor. Talvez foi a primeira vez na história que uma pessoa tão grande se fez tão pequena para tornar o pequeno grande. Primeira vez na história que alguém gerenciou seus pensamentos de maneira tão madura quando o mundo desabava sobre si, mostrando que ele não tinha medo de ser traído, ele tinha medo de perder um amigo.
Fantástico!
Então, quando eu estudei a mente de Jesus sobre os ângulos da ciência, como um grande ateu, eu me curvei aos pés da sua inteligência. Eu deixei de ser um ateu. Não defendo uma religião hoje, porque eu falo para todas as religiões. Não apenas o catolicismo e o protestantismo. Mas também para o budismo, islamismo, bramanismo, e também para ateus, budistas. As pessoas me lêem coletivamente, eu respeito o que as pessoas pensam, mas sinceramente? Eu descobri que Jesus, sobre os ângulos da ciência, pelo menos quando você estuda detalhadamente, ele foi o homem mais inteligente da história. Foi o homem mais feliz da história. Foi o maior líder da história. E eu escrevi três livros com esses títulos, e vai logo ser publicado nos Estados Unidos. E o quarto título, que vai sair esse ano, é "O Médico dos Médicos da Emoção".
Ah, que lindo!
Ele conseguiu proteger seus alunos que só lhe dava dor de cabeça. E só para encerrar esta parte, João tinha uma personalidade bipolar, Tomé era paranóico, acreditava na teoria da conspiração. Mateus, ele tinha um viés da corrupção, nenhum fariseu queria se associar a ele. Bom, os alunos eram alunos que ninguém queria hoje em sala de aula. Mas ele transformou esses alunos em mentes livres e brilhantes, capazes de mudar o traçado da humanidade.
Uma das suas frases "pensamos que estamos dirigindo a nossa mente, mas não estamos dirigindo se somos frágeis e compramos aquilo que não nos pertence. Isso quer dizer que a emoção não pode ter um cartão de crédito ilimitado, porque senão ela compra aquilo que não nos pertence". Fala um pouquinho para nós.
Isto é muito sério. Olha, você tocou em um ponto muito importante e mais uma vez, infelizmente, eu tenho sido uma voz solitária no mundo todo falando sobre isso. Harvard deveria ensinar os seus alunos a não ter uma emoção com o cartão de crédito ilimitado, senão, eles vão comprar aquilo que não lhes pertence. Oxford, MIT, Stanford, a Universidade de Paris, na cidade de Pequim, de Tóquio, no mundo todo deveriam ensinar. Porque a emoção, ao contrário do que as pessoas pensam, ela não amadurece. Quem amadurece é o eu que representa a capacidade de escolha, a consciência crítica, a capacidade de ser autor da própria história. O eu está entre a emoção, a emocionalidade e a razão, ou a racionalidade.
É o eu que deve ser líder de si mesmo, gestor da nossa mente, piloto da aeronave mental, diretor do script. A emoção sempre vai ser ingênua, só que as pessoas dão cartão de crédito, o eu imaturo, dá um cartão de crédito ilimitado, a tal ponto que um olhar atravessado estraga o dia, uma crítica, a semana. Uma traição compromete uma vida, um problema que não aconteceu às pessoas fazerem o velório antes do tempo. A emoção banca os pensamentos comprando de maneira tola, débil, infantil aquilo que não nos pertence. Se você foi ofendido, rejeitado, excluído, a sua paz mais vale ouro, o resto é lixo. O eu tem de mostrar para a emoção, a minha paz vale ouro. Você não pode comprar uma ofensa que você não causou. Você não pode comprar um discurso de ódio nas redes sociais que você não causou. Mas no mundo todo as pessoas não têm autonomia. Essa tese, essas 2 teses, que são 2 ferramentas de gestão da emoção, eu não devo comprar aquilo que não me pertence. A emoção não pode , metaforicamente, ter um cartão de crédito ilimitado. E a segunda tese: minha paz vale ouro , e o resto é lixo, ou insignificante, é fundamental para proteger a nossa mente e prevenir transtornos emocionais.
Só que, com uma educação clássica, as escolas secundárias, o High School, elementary school, as universidades, mestrado, doutorado, não ensinam nada aos alunos. Nós temos centenas de milhões, ou bilhões de seres humanos completamente despreparados para enfrentar os invernos da vida. Perdas, contrariedades, críticas, dificuldades, e o eu não consegue, portanto, ser autor da própria história. Essas pessoas são vítimas. O eu é vítima. O eu é coitadista, o eu é autopunitivo, o eu não consegue ser autônomo. Ele não consegue ser líder da sua própria mente, e isso expõe as pessoas a adoecerem coletivamente. Não tem vacina socioemocional, porque não comprar aquilo que não me pertence é uma vacina socioemocional.