Publicado em 30/03/2022 as 6:30pm
Coluna Ser Voluntário
O descaso com a história do voluntariado continua Devo continuar com o tema da semana passada,...
O descaso com a história do voluntariado continua
Devo continuar com o tema da semana passada, o descaso com o trabalho do voluntariado.
Milhares de pessoas se uniram em todo o país para ajudar Petrópolis (RJ) região serrana do Rio de Janeiro, afetada duramente pelas chuvas. Não que as autoridades não sabiam das chuvas, eu mesmo estive há aproximadamente 10 anos como voluntário na mesma cidade logo após grandes chuvas.
Portanto nenhuma novidade, mais uma vez as autoridades dão de ombro para o sofrimento alheio e não fazem a lição de casa com antecedência, para prevenir tais “acidentes”. Bom, mas não vou me deter nesta questão, meu interesse aqui é no trabalho de milhares de pessoas que voluntariamente, conseguiram milhares de roupas e caçados, conseguiram transporte para fazer chegar tais doações até a cidade de Petrópolis e que agora veem todo seu trabalho literalmente sendo incinerado.
Mais uma vez por descaso, falta de compromisso e profissionalismo na gestão de crises, vemos toneladas de doações serem incineradas por mau armazenamento e deterioração do material.
Em linguagem rotineira, deixaram molhar e mofar todo o material e agora é impossível reaproveitar esta doação.
Falta de compromisso com a população, pois milhares de pessoas que perderam tudo, perderam inclusive a oportunidade de receber algo provisório para manter-se aquecido ou devidamente trajados para começar a retomar suas vidas. Falta de compromisso com milhares de pessoas que dedicaram tempo para fazer toda esta doação chegar a Petrópolis.
Milhares de horas doadas, perdidas, milhares de voluntários enganados, por uma inexistente gestão de crises. Estamos falando de Petrópolis? Não, estamos falando da maioria dos municípios brasileiros que não tem gestão de crise, não entende o papel do voluntariado, se recusa a investir em capacitação para esta área e investe em sirenes, alertas, apps que são importantes, mas o mais importante são as pessoas e pessoas não são movidas ou orientadas somente pela tecnologia.
Até quando vamos ver o trabalho voluntário ser tão desprezado desta forma, por aqueles que supostamente deveriam incentivá-los?
Fonte: Por Roberto Ravagnani