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Publicado em 21/04/2022 as 8:30am

Coluna Arilda Costa

Coluna Arilda Costa

Entrevista com o escritor Flávio Ramos

Esta semana meu entrevistado é uma revelação da literatura mineira, Presidente da Academia Divinopolitana de Letras, advogado e servidor público, Flávio Ramos nasceu na cidade histórica São João del-Rei. Este fato o inspirou a escrever o romance envolvendo personalidades reais como Joaquina de Pompéu, Maria Tangará, Tiradentes e Dom Pedro I e personagens ficcionais. Em sua história, Flávio aproveita a lenda mineira sobre o sepultamento da cabeça de Tiradentes na cidade de Quartel Geral, no centro-oeste mineiro, amarrando as pontas soltas das histórias da Inconfidência Mineira. Ele detalha, em sua criativa inspiração, o roubo da cabeça de Tiradentes do alto do mastro em Vila Rica e a disputa que se deu entre duas mulheres poderosas e ricas que se envolvem nesta trama. Você vai se surpreender com o emaranhado de aventuras que conta, de maneira lúdica, divertida e impactante, um pouco da história das Minas Gerais do século XVIII.

- De onde surgiu a ideia de escrever o livro Perfume de Sangue?

Sempre escrevi muitos textos para jornais e livros técnicos relacionados ao marketing político e eleitoral. Encontrei, na parada da Pandemia, uma oportunidade para pesquisar mais sobre fatos históricos e escrever um romance. Encantou-me descobrir que em Minas Gerais, no século 18, aconteceu um embate regional entre duas mulheres fortes e marcantes que dominavam a sociedade de Pitangui, a Sétima Vila do Ouro das Gerais. Joaquina de Pompéu e Maria Tangará existiram de fato.Decidi escrever um romance que pudesse interligar essas mulheres com personagens da Inconfidência Mineira e da época do Império e, assim, apresentar uma trama que permite ao leitor conhecer mais da nossa história sem a rigidez dos textos documentais cansativos.

– Mulheres como protagonistas dão “ibope”?

As mulheres sempre foram vistas e tratadas como figurantes mas tivemos diversas situações na história de Minas e do Brasil que, a bem da verdade, elas foram protagonistas nas regiões onde viviam. O problema é que o machismo é sempre egoísta e esconde o real valor das mulheres, principalmente quando elas se destacam na história brasileira. O livro ‘Perfume de Sangue’ rompe essa barreira machista destacando o protagonismo de duas mulheres na porta dos sertões das Gerais que tiveram, de fato, evidência na época que o Brasil estava se reestruturando, estimulado pela descoberta de minerais preciosos no interior e impactado pelo movimento de emancipação política em Minas Gerais.Amor e sangue têm um poder fenomenal. A narração revela uma grande história de amor e vingança construída por várias histórias de amor que transbordam pelo tempo até mesmo enfrentando a morte e existindo após ela. Se a história é boa - e as personagens do livro vivem momentos épicos – a mulher protagonista dá um grande “ibope”.

- Como você conseguiu misturar a história de Tiradentes e a ficção? O leitor consegue saber o que é realidade e o que não é?

Ao pesquisar sobre Tiradentes descobri que, órfão na adolescência, para ganhar a vida, ele passou a percorrer os diversos caminhos de Minas como mascate comercializando diversos produtos. Há notícia dele vendendo seus produtos em Diamantina. Aí imaginei como poderia ter sido uma passagem dele pela cidade mineira de Pitangui, terra que fornecia muito ouro para a Coroa Portuguesa, e contava com milhares de moradores em meados do século 18. Criei um encontro entre ele e Maria Tangará. Os dois se envolvem num rápido e tórrido romance que vai gerar consequências que se desdobram durante e após a Inconfidência Mineira. A historiadora Camila Braga, que leu o livro para fazer o Prefácio, disse que: “por vezes nos esquecemos que esta é uma obra ficcional. A propósito, a pesquisa histórica realizada pelo autor, é de encher os olhos. São muitos os dados oferecidos ao longo do livro, o que torna a experiência de leitura ainda mais instigante. Para mim, a grande diversão do livro Perfume de Sangue será justamente a de estimular o leitor a pesquisar o que é e o que não é história real.

– E essa história da disputa pelo crânio de Tiradentes?

Esse é o grande lance de um momento emblemático da perseguição imposta aos inconfidentes. Como todos sabem, Tiradentes foi o único a ser condenado à morte pela Coroa por ter estimulado que Minas Gerais se tornasse um país independente, o que poderia gerar um efeito cascata de expulsão dos portugueses das terras brasileiras. Depois de esquartejado, as partes foram colocadas nos locais onde ele falou sobre a ideia libertária. A sua cabeça, exposta no alto de um mastro em Vila Rica (atual Ouro Preto), diz a história, foi roubada e ninguém soube onde ela foi parar. No entanto, conta uma lenda mineira que a cabeça de Tiradentes foi enterrada em Quartel Geral, cidade do centro-oeste do estado, próxima a Pitangui. Aproveitando essas histórias, resolvi unir as pontas do novelo para criar uma única história que justificasse o mistério: onde foi parar a cabeça de Tiradentes. O divertido é que os leitores poderão aproveitar para pesquisar mais e descobrir o que é lenda e quais são os fatos reais que também foram incluídos.

- Qual parte da história te encantou mais ao escrever?

Encantei-me por reproduzir a história contada por um dos participantes que estavam, de fato, ao lado de Dom Pedro I, no riacho do Ipiranga, em São Paulo, quando o imperador recebe uma carta de seu pai, Dom João VI, e, revoltado com as condições impostas pela Coroa Portuguesa, toma a iniciativa de proclamar a independência do Brasil. As frases que realmente foram ditas por Dom Pedro I e testemunhadas por Padre Belchior, que depois passou a morar em Pitangui e lá deixou o registro deste acontecimento, não são conhecidas por todos. O livro revela a cena de um dos episódios mais célebres da história brasileira que foi o Grito do Ipiranga que é bem diferente da concepção da historiografia romântico-oficial.

- O livro tem personagens marcantes, além de Tiradentes. Fale um pouco sobre o trabalho de pesquisa destes personagens (Pe. Belchior, Dona Hipólita, Joaquina de Pompéu e Tangará)

O livro ‘Perfume de Sangue’, apesar de ser uma história ficcional, é recheado de fatos e personagens reais. O processo de pesquisa me permitiu descobrir personalidades que tiveram papel importante na Inconfidência e dentro da Coroa Portuguesa mas não aparecem nos livros de história das escolas. Trazê-los para o primeiro plano foi um privilégio. O livro Perfume de Sangue mostra como foram importantes nomes como: Padre Belchior, conselheiro de Dom Pedro I; Dona Hipólita, a única mulher a figurar nos Autos da Devassa como Inconfidente; Joaquina de Pompéu, mais conhecida em Minas por suas atrocidades cometidas contra escravos e comerciantes mas era valorizada pelo imperador por ter sido a proprietária da fazenda que abastecia a Coroa no Rio de Janeiro; além de Maria Tangará, descendente de índios e que foi marcante na alta sociedade de Pitangui.

- Para quem se interessou, onde encontrar a obra?

O livro de 300 páginas, editado pela Gulliver, já está à venda nos sites das principais livrarias do Brasil. Gosto de lembrar que, por ser um livro com uma história arrebatadora, é uma ótima opção para que as pessoas possam também adquirir para dar de presente para aquele amigo ou parente que gosta de uma boa leitura.

 – Como você analista o atual momento da cultura no Brasil?

Estamos vivendo o momento que se inverteu a pirâmide do investimento do poder público federal na cultura. Antes, o dinheiro e as autorizações para captação de recursos pelas leis de incentivo à cultura beneficiavam principalmente os artistas consagrados que recebiam milhões e milhões de reais. Agora, graças a ação de um governo liberal e é assim que deveria ser, estamos vendo que aqueles que ficavam mendigando na base da pirâmide estão tendo facilidade de acesso à liberação dos projetos da cultura de uma forma geral. Acontece uma revolução silenciosa e que desagrada muito aos poderosos. Investir em cultura é tão importante como investir em saúde, educação e obras de infraestrutura. Dinheiro na cultura é dinheiro numa melhor qualidade de vida e de evolução de um povo por isso deve ser mantido para o maior número possível de agentes da cena cultural e não apenas para um grupo de privilegiados da música e do teatro como acontecia nos governos ditos “populares”.

– Por que você acredita que governos anteriores faziam a escolha pelo investimento no topo da pirâmide cultural?

Porque existia e ainda existe uma troca conveniente de autoajuda. Como os cantores e atores famosos sempre atraem a atenção de uma legião de fãs e têm acesso com facilidade em espaços generosos junto aos grandes órgãos de comunicação do país, estabeleceu-se um sistema de preservação que liberava recursos com facilidade para os grandes e, em contrapartida, esse artista beneficiado se torna um propagandista daquele posicionamento ideológico do governante posicionado no campo da esquerda e em detrimento daqueles que se posicionam no espectro conservador. Aí eu me pergunto, quem é progressista: o que distribui recursos para aquela maioria que está na base da pirâmide, como acontece hoje, ou aquele que concentra o investimento em nos poucos milionários artistas e escritores famosos? Então, para mim, é uma troca de valores maluca no Brasil quando se fala que o campo da esquerda “se caracteriza pela defesa da igualdade social”, enquanto que, o que se diz progressista, quando teve a oportunidade, na prática, concentrou recursos numa camada de privilegiados. O escudo de proteção desses é “criminalizar”, repetindo-se, como mantra, adjetivos negativos contra um governo liberal que investe na base da cultura e facilita a burocracia para a maioria dos agentes da cultura o acesso aos incentivos fiscais antes concentrados numa minoria.


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