Coluna Arilda Costa

Entrevista com o escritor Patrice Thomaz

Minha entrevista esta semana é com o escritor Patrice de Pádua Thomaz. Ele é um livre pensador que dedicou sua vida ao exercício da multimídia. Exerceu diversas atividades no mundo profissional. Na busca pelo êxito, associou o conhecimento didático disponível às mais diversificadas opções empíricas. Dedicando seu trabalho principalmente às atividades artísticas, labutou como pintor, escultor, designer de estampas, estilista, modelo, ator, fotógrafo, videomaker, publicitário, produtor musical, compositor, vitrinista e decorador. Bisneto do poeta e contador de causos Antônio Barreto (irmão do poeta e escritor Abílio Barreto) por parte da avó materna, também bisneto de Antônio de Pádua Oliveira (renomado designer de joias e ourives diamantinense que criou as joias de coco e ouro, na centenária Joalheria Pádua de Diamantina) por parte de avô também materno, cresceu em intenso ambiente artístico-cultural.

Como um curioso observador do comportamento, sempre demonstrou apreciação pelo figurativo humano em sua trajetória espiritual, profissional e afetiva. Tal característica refletiu em sua obra fotográfica, que em sua maior parte refere-se ao portrait (retrato), o que o levou a clicar toda uma geração de personalidades da vida mineira e nacional. Após uma peculiar experiência no mundo do comércio internacional do diamante, pôde enxergar uma parcela do lado oculto do poder, o que o provocou a contar em ficção parte do que viveu, observou e imaginou.

- Há quanto tempo você se dedica a escrever livros?
Quinze anos ininterruptos.

- Quais são seus autores preferidos?

Augusto dos Anjos, Hermes, Nietzsche, Jung, entre outros.

- Qual sua opinião de uma obra para conquistar seus leitores?

Humildemente me parece, que deva ser simples e banal.

- O seu tema favorito, o que te inspira?

Tudo e todos.

- Qual o seu ritual no processo de criação dos seus textos?

Bem... Escrevo de qualquer jeito: No celular, no computador, no banheiro, em cima de uma moto, andando à cavalo, ou qualquer outro lugar.

- O que você escuta enquanto escreve, ou você prefere o silêncio?

Kraftwerk, Yma Sumac, Clássicos, MPB, Lounge, Rock and Roll... só não escuto música brega ( ái, ái: Seria querer demais de mim!)

- Como seus defeitos interferem no que você escreve?

Sei lá. É a primeira pergunta simples que não soube responder, em toda minha existência material. Jamais penso em ideias sem função. Seria este, meu maior defeito?

- Você aprendeu algo com alguma crítica? Se aprendeu, isso mudou o seu jeito de escrever?

De fato ninguém se atreveu a criticar meu trabalho. Pelo amor, me conta por quê?

- Qual será seu próximo livro?

Um Livro Chamado Grota (não pense que é cópia de: A Noiva do Tropeiro, do Tio Abílio) é coisa que sei por experiência própria. Outro Livro-roteiro, sobre as Micaretas ( a estória de uma garota, que sai do nada e vai escalando na vida artística, com detalhes um tanto quanto bizarros).  

E ainda este título: 12 de Outubro, que narra um crime hediondo contra uma garota que jogava RPG, contendo o muito que sei por experiência própria sobre as repúblicas estudantis de Ouro Preto, somado ao que me contou meu pai de 97 anos qual estudou e lecionou até aposentar-se pela UFOP (primeira faculdade da América do Sul), muita ficção e uma surpresinha: Fui muito amigo de um já falecido senhorzinho humilde, de enorme sabedoria, que foi camareiro do mais famoso presidente da república brasileira de todos os tempos.

Ele publicou um livro com seus dizeres. Ganhando a vida posteriormente, como um humilde construtor de casinhas Pau a Pique, lançou o livreto chamado "Ou a Treta ou a Letra" e pode ser encontrado inteiro em meu facebook, sendo que uma das maiores honras da minha existência, foi ele pedir que unicamente eu discurssasse em seu lançamento. 

- Quem você diria que são seus antepassados literários - aqueles de quem você aprendeu mais?

Bem Abílio Barreto era irmão de meu Bisavô, também contista e pescador = mentiroso, no popular. Que eu saiba, nada mais.

- Qual é a parte mais fácil e a parte mais difícil de escrever um livro?

Como só escrevi um livro e levei 15 anos prometo que os próximos serão muito mais rápidos. Será?

- Três coisas que ainda estão na sua lista de desejos?

Nunca mais morrer de tristeza, que essa luz não se apague, amando Deus infinitamente.

- De onde vêm os seus personagens? São inspirados em pessoas reais ou em fatos?

Do mundo real, dos causos que me contam, da minha cabeça, ou do 7 além eles aparecem.

- Cita o melhor momento da sua carreira como escritor até hoje?

Terminar meu livro. Com a pandemia, achei que morreria antes de terminar.

- Quais são os próximos planos de trabalho?

Ao saber que precisava de minhas respostas para ontem, maquinava na mente contar coisas em uma obra intitulada: 100 Mentiras e este questionário respondido transformou-se no início de tal obra prima. Ou seria 100 1000 MENTIRAS? Percebeu como sou rápido para escrever meus livros, hem?

- Como você descobriu o dom de criar e escrever histórias?

Não descobri. Sempre tive vontade todavia, só aconteceu num momento especialmente forte e era para ser apenas um simples texto. De uma página talvez?

- Quais são suas principais influências?

O universo? Sei lá...

- Como é o seu processo criativo em si? O que te inspira?

Em toda minha carreira artística, e olha que fiz quase tudo em arte, apenas amei a existência e tentei oferecer uma parte da alma, no coração terreno.

- A literatura é uma produção intelectual primorosa, onde as emoções estão inseridas no contexto da criação, porém na história vemos também que muitos escritores são derivados de outros. Você possui algum modelo ou influência de algum escritor? Quem seria?

Só Deus, para responder essa. Definitivamente, não sou nenhum tipo de religioso. Amei muitos escritores, contudo nenhum que tivesse a ver com minha obra. Como disse o Rogério: Sou autor de mim mesmo. Foi ele quem disse?

- No mundo moderno que vivemos e a tecnologia, em sua opinião qual é o futuro da literatura?

Literatura é apenas, pensamento. "O Universo é Mente" Hermes 

-Que tipo de literatura você mais gosta de ler?

Filosofia resume tudo. Posso também ler livros variados, revistinhas em quadrinhos, revistas de variedades... Besteirol! adoro! Amo o Chaves e o Chapolin (Chespirito é um gênio absoluto)! "Não contavam com minha astúcia. Meus movimentos são friamente calculados. Não temos Cânico. Abusa da minha nobreza. Sigam-me os bons."

- Qual o seu conselho para os que estão começando agora?

O melhor sentimento para escrever é a indignação.

- Qual a importância da capa do livro para você?

O que eu mais fiz em minha vida artística foram portraits, sendo que a foto da capa é de minha autoria. Também fiz a montagem gráfica em Photoshop e a criação completa. No livro está escrito que outra pessoa fez a capa, mas ela só sugeriu outras fontes para a arte. Vai entender!? Terminei meu livro como já disse, na pandemia, durante o lockdown e solitário no paraíso. Como uma pessoa muito polêmica, achei que era irrelevante, mais essa discussão.

Era o fundo, do fundo, do poço. Acredite, amado Rogério: No final, você quase me levou ao hospício! Ainda bem que, pela primeira vez em minha vida aceitei me medicar. Obrigado Doutor! Nem sei seu nome. Liguei para meu plano de saúde completo, que quase nunca usei durante 30 anos e falei com a atendente que, se não arranjasse um médico naquele dia, eu poderia, com certeza me matar. Ainda bem que ela arranjou!  

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