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Publicado em 13/11/2022 as 2:30pm

Coluna Arilda Costa: Entrevista com a escritora Dinorá Couto Cançado

Minha entrevista desta semana é com Dinorá Couto Cançado. Professora aposentada desde...


Minha entrevista desta semana é com Dinorá Couto Cançado. Professora aposentada desde 1995, nunca deixando de ser educadora social. Hoje, agente cultural nas áreas de: literatura; pesquisa e capacitação; produção cultural, atuando com projetos pelo Fundo de Apoio à Cultura/Secretaria de Cultura/Governo do Distrito Federal. Autora de vários projetos literários, como o da Biblioteca Braille Dorina Nowill, onde é membro-fundadora e atua no voluntariado, criando a Academia Inclusiva de Autores Brasilienses-AIAB. Membro de associações e grupos de escritores no Brasil e exterior, publicou no gênero infantil a série “Receita saudável,” trilogia com os títulos: Paçoca de Avô; Travessuras; A pipa que tomou banho. E mais três em outra série “Por um mundo melhor”: Lango e Tixa: Papo que espicha; E eu sou isto, vovó? Uai pai que bicho é esse? 

Pós-graduada em: Inclusão; Democracia Participativa e Movimentos Sociais. Facilitadora em Projetos Culturais pelo Ministério da Cultura. Participa, ativamente, de congressos nacionais/internacionais, sempre levando as experiências de leituras do DF. Vários prêmios e reconhecimentos, como Destaque ODM2005; Brasil Criativo com o projeto Luz & Autor em Braille; Mãos da Cidadania, Cidadã de Ouro, Magnífica, Prêmio Ser Humano Brasília e Brasil, com duas pesquisas acadêmicas e, novamente no Brasil Criativo com o projeto: Brasília, capital das leituras... 

- O escritor Abdulrazak Gurnah, prêmio Nobel da Literatura de 2021, afirmou que "escrever é a cura da alma", o que é escrever para você? 

Escrever é a arte mais completa que tem, pois dela podem vir vários outros dons artísticos que a pessoa nem sabe que tem, é o começo de tudo, muitas vezes funcionando como um desabafo que colocamos para fora, e outras com esse simples ato fazemos coisas maravilhosas para serem soltas ao mundo, em forma de livros, motivando outros. E cura a alma com certeza, temos vários exemplos significativos da frase do autor, a arte de escrever cura mesmo, sou uma prova viva dessa afirmativa. 

- Um pequeno resumo que define a escritora Dinorá? 

Apaixonada por livros, leituras, bibliotecas, tinha 10 anos quando conheci uma biblioteca e 50 anos depois, após participar de dezenas de antologias é que me tornei uma escritora de livros infantis. Leio literatura infantil diariamente, antes para dar dicas de leituras nas férias em um programa que participei por mais de 11 anos na Rádio Nacional; mas o local que mais utilizo esses livros é na Biblioteca Braille Dorina Nowill, onde atuo como voluntária, há 27 anos, facilitando a leitura das pessoas com deficiência visual. Enfim, ler virou mania, um grande prazer!  

Sou dinâmica, provocadora, persistente, acredito na leitura como uma poderosa ferramenta de transformação social e de resgate de vidas. Sou uma promotora de mudanças por meio do incentivo à leitura, escrita e criação de projetos nesta linha. Com essa disposição e criatividade, sou uma adulta/idosa que acolheu sua criança brincalhona interior, me divirto com as letras, brinco com as palavras, tiro para dançar os projetos próprios e os de quem tiver. Dizem que sou altruísta por dom, doadora por natureza, pois divulgo, crio e faço quem me rodeia a criarem projetos. Realizo eventos, fóruns, atividades para adultos e crianças, em Brasília, no Brasil, no mundo, graças à uma ousadia despretensiosa. Por isso, dizem, também, que sou “um ser imprescindível, como aqueles raros que deixam boas marcas, que fazem história, que ajudam a vida ser mais leve, alegre e melhor”. 

- Como foi a sua experiência de participar do Encontro de Escritores em Nova York este ano? 

A viagem mais extraordinária que fiz, principalmente por ser na cidade dos meus sonhos, tinha uma vontade incrível de retornar, por ser num dos encontros mais bem organizados que já vi em viagens, num dos locais nobres de cada cidade, onde a gente se sente em casa mesmo sem falar a língua, com atividades bem selecionadas, inovativas e temáticas admiráveis. Sempre viajei com algum pretexto cultural, mas nada se iguala a este, com duas grandes alegrias em vista, destaque em Literatura Infanto-Juvenil 2021 e uma das 5 mais votadas (Top 5) em Ensino e Pesquisa em 2022. Ser membro dessa Academia Internacional de Literatura Brasileira, espalhada em vários locais, é motivo de orgulho e esperança por eventos produtivos como esse que, pela 1ª vez, encantou-me plenamente, ver brasileiros de tantos locais do mundo numa cidade como esta foi indescritível. Continuo a relembrar meses depois e sei que vou guardar para sempre, pois o Consulado de nosso país, por mais longe que seja, é a nossa casa, bendita escolha da Fundação Focus Brasil que parabenizo essa grande parceria, alcance e alegria. 

- Na sua opinião, por que o Brasil ainda não recebeu o prêmio Nobel de Literatura? 

Talvez porque falte muitas leituras nesse país tão grande, mas que valoriza outros setores, para que possamos escrever à altura. Acredito que por falta de visibilidade no mundo e por falta de políticas de Estado que priorizem a leitura, valorizem o escritor e que os exponha ao mundo. Imagino ser o papel das grandes Editoras tão rigorosas e ainda tão distantes dos autores independentes e até dos seus publicados. Não há como o escritor abraçar tantos papéis, o de escrever cada dia melhor já é suficiente. Exportar ideias, por meio dos livros, de modo informal, sempre foi minha prática, não só minha, 

mas dos outros também, mas sei que isso certamente não chegará às mãos de quem decide um Nobel, por isso penso que o próprio país deveria investir nessa meta que, com certeza, conseguirá. Tem muita gente boa e muitos críticos literários de peso que poderiam investir nessa função de indicações e não o próprio autor buscar e ficar sonhando. Um órgão no país que investisse nessa missão, a exemplo de ações que já vivenciei, antes, talvez acelerasse essa conquista. 

 

- Qual o livro da literatura mundial você gostaria de chamar de seu? 

Todos os títulos de Sidney Sheldon, que os li já adulta, apaixonando-me pelos seus romances que são de tirar o fôlego, tamanho é o envolvimento com sua imaginação fértil e, quando ele nos deixou, fui uma que chorei muito, pois o sentia muito próximo a mim pela sua bela literatura. Escolho o Polyana que li quando menina e, hoje, beirando os 70 anos, torno a ler, pratico o jogo do contente, sem preocupar com a opinião dos “ditos” intelectuais. Tanto o Polyana menina, quanto a moça e mulher marcaram-me muito, mas a menina é o meu xodó, o preferido, o que gostaria de chamar de meu. 

- Quando começa a escrever você já tem a história toda pensada e esquematizada ou vai deixando a imaginação fluir à medida que coloca as palavras na narrativa? 

Normalmente, tenho, pois minha inspiração vem de fatos e isto estimula quaisquer leitores, de crianças a idosos verem que também poderão escrever histórias baseadas em seu cotidiano. Aproveito o momento que a ideia vem para que ela não se perca e, praticamente, escrevo o básico. Depois vou lendo, aperfeiçoando, cortando, trocando palavras, puxando a memória para que a literatura e a imaginação fluam de uma forma mais cativante. 

- Se já tem tudo planejado, incluindo final, alguma vez o altera porque sente que o curso da história vai levar os seus personagens em direções diferentes? 

Sim, em dois dos seis livros solos já publicados, alterei o final de uma forma que proporcione ao leitor a continuidade da história de modo criativo, que desenvolva sua criticidade, que os remeta a lembranças de infância e crie também suas histórias. Falo do título Lango e Tixa: papo que espicha e do Uai pai que bicho é esse? 

 

- O mais difícil: a primeira ou a última frase? 

A primeira, claro, pois trabalhei antes de me tornar autora de livros infantis, em um conceituado jornal brasiliense, por anos a fio onde a expressão “lide” era comum, que deveria começar a matéria respondendo a alguns questionamentos: Onde, Como, Por que, Quando e Para quê. Na função de pedagoga com o uso do jornal na educação, percebia que os professores, em oficinas, não viam motivo para lerem, se já viam tudo logo no começo da notícia. 

Fui descobrindo que o livro tem que ter um começo que atraia o leitor, que o fisgue, para que ele vá até o final da história. E, se para alguns, ela fica no ar, melhor ainda, pois a imaginação do leitor cuida do resto, rendendo outras histórias. 

 

- O que seus textos trazem como inspiração para outras pessoas? 

Trazem mensagens educativas, pois não há como fugir da profissão que abracei desde os 20 anos no Distrito Federal; os textos são baseados no cotidiano das pessoas, qualquer leitor se sente capaz desde que inspirado, contagiado e estimulado. Tento passar nas histórias bons exemplos, valores e virtudes em quaisquer fatos ocorridos, resultando em aprendizagens interdisciplinares nas mais diversas disciplinas nas escolas. 

 

- O que mudou na sua vida depois que você entrou no mundo da literatura como escritora com livros publicados? 

Mudou para melhor de uma forma impressionante. Se imaginasse, teria começado a publicar livros-solos bem antes e não esperado os 60 anos chegarem. Procuro publicar, todo ano, um filhinho, a partir do 1º que foi em 2013, indo à Feira do Livro de Frankfurt. Recém-saída de um câncer, começando os 5 anos de observações e tratamentos, a coragem veio e meu mundo mudou. Achei o que faltava para completar minha cura e reacender a esperança: o ato de escrever. Seja para publicar ou não, afirmo que cura, como o nosso ganhador do Nobel disse. Ser membro de uma Academia Internacional de Literatura Brasileira que permite concorrer e ainda ser premiada como foi nesse Encontro mostra como a vida mudou para melhor. Ter um reconhecimento desse porte é maravilhoso, gente! 

- Quando era um jovem autor em busca de afirmação, Ernest Hemingway sofreu uma perda monumental. Tudo o que tinha escrito até então foi deixado inadvertidamente em um vagão de trem em Paris por sua mulher, que iria encontrá-lo na Suíça. Na mala perdida estavam todos os seus manuscritos: contos, esboços de romances, versos eventuais. Você também tem uma história inusitada como escritora? 

Sim, tenho várias, inclusive uma parecida com a de Ernest. Antes de optar pelo gênero infantil, organizava coletâneas com experiências, com 2 publicadas, envolvendo coautores: Revolucionando Bibliotecas e Revelando Autores em Braille. Tinha 3, com anos e anos de trabalho, prontinhas em um computador, que deu problemas, levando-o ao conserto. Naquela época, creio que nem havia HD externo e nunca imaginaria que perderia tudo. Fiquei uma semana baqueada, ora chorava, ora buscava solução, mas nada, os 3 ficaram na lembrança: 

Experiências significativas em Educação Fiscal; O Uso do Jornal na Educação; Brincando de Biblioteca com Programa Literário. 

A mais recente e inusitada foi, como escritora indo à Nova York receber um prêmio pela Focus Brasil, conseguir uma audiência na ONU de uma hora e ser recebida na entrada pelo próprio Secretário, a partir de uma simples carta solicitando vários quesitos. Um sonho realizado, onde a coragem e o ato de escrever tomaram frente. Como ganhei o ODM2005, o sonho de ir aonde criaram tal prêmio ocorreu, por meio de uma simples carta em e-mail enviado. 

- Na sua opinião, quem são os grandes mestres da literatura brasileira? 

Além dos mais conhecidos e renomados para jovens e adultos, cito José de Alencar, Machado de Assis e no gênero infantil, Monteiro Lobato, que li aos 10 anos. Atualmente, indico duas brasileiras, sendo uma ganhadora de 4 prêmios jabutis, o mais famoso do país: Stela Maris Rezende, pela sua magia literária na escrita, publicada pelas melhores editoras brasileiras. Cito também, a pesquisadora Margarida Drummond de Assis que além de jornalista, escreve todos os gêneros literários. Sou apaixonada pelos seus romances como o “Aconteceu no cárcere” obra já publicada em forma de roteiro cinematográfico. 

- De todos os seus personagens dos clássicos da literatura, qual é aquele do seu melhor agrado? Aquele que mais o acompanha e por quê? 

Ah, agora vou para a minha prática de anos e anos, indo para os clássicos infantis: O menino maluquinho, de Ziraldo. Já gostava demais dele, fiquei inebriada ao conhecer o autor em 1995 e logo que veio um outro do mesmo autor que acabou virando filme, vi que esse autor era o de meu maior agrado. Quanto ao personagem do menino maluquinho é o que me acompanha, porque por mais adultos e sérios que sejamos, todos nós temos o lado maluquinho, algumas vezes; e quando veio do autor “Uma professora maluquinha” senti que era a minha história, então os personagens ficaram entrelaçados o do menino e o da professora: esta sou eu! 

- Na sua opinião, quais escritores entendem a alma humana? 

Creio que Machado de Assis, por ser um dos mais indicados a estudantes de ensino médio, antes de se tornarem universitários. Acredito que isso é muito relativo pois a alma humana, dependendo do momento, necessita de algo mais leve, ora mais forte, ora mais claro. No meu caso, já tentei ler dois livros dos mais famosos, insisti e não consegui. Tem dia que escolho um título e vou do início ao fim, tamanho é o interesse e o modo de escrever do autor. 

- Você tem algum personagem que retrata você nos seus defeitos e qualidades? 

Sim, com certeza, Cinderela, sonhadora, mesmo nos momentos mais difíceis, não deixava que os obstáculos a deprimissem, lutando pelos seus sonhos. Pensam que não sonho com o baile que ela foi? Claro que sonho, mas meu príncipe já o achei há 50 anos. Mas o tentar ficar bonita, vestir um longo, ir a uma festa chique misturam-se aos serviços e problemas que todo ser humano tem quase todo dia. E defeitos, claro. 

- Uma frase, um verso, pelo qual você gostaria de ser lembrada que tem a ver com a sua vida? Um resumo da sua essência? 

“A leitura opera milagres na vida das pessoas” E alguns versos em poema retratam minha essência: 

Mania de troca-troca. Sempre com algum livro em mente. Lembro de um deles, que tanto gosto. Com mania de fazer o “jogo do contente”. Trocando palavras, na prática, mostro... No troca-troca, pandemia por alegria. Confinamento por contentamento. Até comorbidade por saudade. E preocupação... por nova ação. 

 



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