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Publicado em 24/02/2023 as 8:30am

Coluna História & Cotidiano com Arleandra Ricardo

Coluna História & Cotidiano com Arleandra Ricardo

Racismo estrutural, você sabe o que é?

Essa semana, gostaria de apresentar o livro de Florestan Fernandes, A Integração do negro na sociedade de classes (volume 2, Editora Globo, 2008), a primeira edição foi em 1968. É um texto de fácil leitura, minucioso, detalhista e muito elucidativo. Trata sobre questões presentes ainda em nossa sociedade, principalmente no que se refere ao racismo estrutural.

As principais fontes pesquisadas por Florestan foram: o jornal O Clarim da Alvorada e a associação Frente Negra Brasileira. O contexto histórico abordado foi a partir da I Guerra Mundial, com o recorte espacial em São Paulo, mas também discorre sobre questões muito atuais, diríamos que seu trabalho é atemporal. Porque muitos problemas e dificuldades apresentados no início da década de 1920 são recorrentes em nossa contemporaneidade, principalmente com relação às condutas rústicas, carregadas de desencorajamento, humilhações, imposições, isolamento, confinamento, frustrações, conformismo, pauperismo, miséria, desorganização social, entre outras questões que visam desqualificar a população negra e pobre, ramificando-se e estratificando-se na sociedade, o que parece muito mais perverso.

Uma das coisas que chamam a atenção na discussão apresentada por Florestan é a justificativa de que o engajamento e movimentos reivindicatórios dos negros em seu tempo, só poderiam ter sucesso, caso tivessem a anuência, compreensão, cooperação e colaboração da classe branca. Parece até um conto de Monteiro Lobato! Isso, porque a sociedade não incorporou o negro em condições de igualdade econômica, social, dignidade e política. Também porque a população negra não teria conseguido romper com o padrão de isolamento difuso.

Outra característica trazida à tona pela Frente Negra Brasileira, foi eles terem chamado para si a responsabilidade de ressignificarem-se na sociedade. Os negros da quarta geração no pós-abolição, pensaram que deveriam graduar-se e autoafirmarem-se profissionalmente em diversas áreas, para assim competirem com a população paulista e de imigrantes brancos bem-sucedidos. Isso, mesmo diante de uma perceptível desigualdade social enraizada.
Esse debate pode ser percebido no jornal o Clarim da Alvorada, transcrito na tese de Florestan, numa conversa entre dois colegas de trabalho:

“Você veio da casagrande, tem todas as possibilidades para subir na vida, entretanto, eu não tenho nada disso. Tenho cabelo carapinha, nariz chato, sou beiçudo. Não tenho a posição que você tem. Entretanto, estamos aqui em pé de igualdade. Recebemos a mesma instrução, percebemos os mesmos ordenados, portanto não vejo razão para que você me queira colocar em situação de inferioridade”.

Direto do túnel do tempo de 100 anos atrás, para o Brazilian Times desse último mês, li a história de uma bailarina que estava nas ruas de Nova York, ela contou que foi confundida por uma diarista, então um senhor perguntou, qual seria sua profissão e ouvindo a resposta, ele pareceu duvidar! São essas as cenas comuns, que muitas vezes passam despercebidas no cotidiano da comunidade brasileira, nacional e internacional.

Parece que esse modelo individualista aplicado e difundido em todo globo, salva poucos e condena muitos, principalmente porque o sistema meritocrático, que coloca todos num tabuleiro raso, independentemente da cor da pele e classe social, não dando oportunidade de competição entre iguais, mas sim, entre desiguais.

O que tenho a dizer sobre o individualismo e a meritocracia é que esses modelos acentuam o sentimento de injustiça, incompletude, impunidade e reforçam as dicotomias e fragilidades sociais.

Apesar da constituição de 1988 garantirem direitos constitucionais independente de etnia, classe social, religião, gênero etc., existe uma conduta de exclusão de classes e preconceito racial que predomina na sociedade.

A Educação
Outro debate nos anos da fatídica I Guerra Mundial trazida à tona na obra de Florestan, é sobre a educação, de onde ela deveria partir? Do negro, para o negro?

Sobre esta questão, gostaria de adentrar numa memória de quando participei da CONAE 2010 (Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educação), um dos debates que presenciei foi sobre a educação indígena, foi definido que na grade curricular seriam inseridos conteúdo da sociedade brasileira, mas a maior parte da grade deveria preservar a cultura indígena. Acontece que ao longo dos anos cursados pelos povos indígenas, isso vai se perdendo, até que na universidade não existam mais essa diversidade, inclusive para continuarem os estudos eles precisam sair de suas aldeias.

Nesse sentido, acredito que o grande contraponto sobre uma educação de cultura negra, se quer foi cogitado no passado pelos detentores do poder, simplesmente foi negado as disparidades e as dificuldades de inserção do negro na sociedade.

Até onde compreendo sobre educação, o currículo nacional não implantou um conteúdo universal que discuta com propriedade a formação e especificidades da população brasileira em sua base e formação contínua.

Talvez por não garantirmos na base uma formação plural e de qualidade, assistimos esse tipo de situações descritas acima, presenciamos ainda crianças negras ou de classes sociais inferiores expostas ao racismo estrutural muito cedo, quando nem sequer sabem da existência do preconceito da cor da pele!

Entretanto, existem as exceções, dependendo do nível de ascensão dos pais na sociedade, eles preparam seus filhos para não aceitarem o suborno, imposição, humilhação ou qualquer outro tipo de preconceito.

Nesse sentido, o racismo estrutural define a posição social de uma pessoa pela sua aparência.

Quando negamos que existam problemas dessa magnitude, estamos na verdade negando nosso passado, e pior, reproduzindo o racismo estrutural no nosso presente.
O que posso dizer mais sobre a obra de Florestan Fernandes, é que: Leiam!



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