Publicado em 18/03/2023 as 3:00pm
Coluna Arleandra: O que fazem as mulheres se submeterem a “escravidão doméstica”?
Queridos leitores, ainda comemorando o mês internacional das mulheres, gostaria de trazer a...
Queridos leitores, ainda comemorando o mês internacional das mulheres, gostaria de trazer a história da avó de um querido professor de pós-graduação no curso de Direito da Universidade Federal de Pernambuco, Filósofo, historiador, cientista político, descendente de sírio-libaneses: Michel Zaidan Filho. Ele tem deixado suas memórias e conhecimentos escritos em livros, sites, entrevistas e pontos de vista, expostos nas redes sociais, sempre com muita crítica e contemporaneidade.
A raiz de sua família foi de comerciantes árabes. Seus avós tinham um bazar chamado “O Mar das Meias”, o seu pai uma loja “A Vantajosa”. Mas assim como os irmãos, ele seguiu uma carreira pública. Zaidan se tornou professor universitário, assistiu de perto a perseguição, vigilância e repressão de muitos intelectuais e políticos durante o período ditatorial, ele também teve sua vida vigiada e prejudicada por causa da ditadura militar. Assistiu inclusive, as disputas, desavenças e conflitos de poder entre os grupos de estudantes e militantes de esquerda, principalmente, trotskistas e comunistas.
Em meio a uma trajetória estudantil conturbada, em busca de conhecimento, participação política, militância sindical, concluiu seu mestrado com o trabalho: "Estado e Classe Operária no Brasil (2011)". Fez doutorado na USP com o historiador Edgar Carone e defendeu sua tese publicada em livro: "As relações entre o PCB e a Internacional Comunista (IC)". Lançou posteriormente outros inúmeros livros, artigos e ensaios.
Zaidan é um intelectual à frente de seu tempo, lembra muito meus professores da PUC-SP, espero ainda poder escrever sobre eles, e é claro, sobre vocês, queridos leitores, enviem suas histórias para que possamos dividir e somar conhecimentos!
Mas vamos ao que interessa!
Em uma de suas publicações sensíveis, Zaidan questionou sobre a infelicidade vivida pela avó libanesa paterna, Emília Cury, durante a comemoração dos 70 anos de casada. Melancolicamente ela confessou que “só fez sofrer!" Então, como num golpe certo, essa frase o acompanhou durante anos de sua vida e, num desabafo, ele se perguntou: O que faz as mulheres se submeterem à “escravidão doméstica”?
A dona Emília, chegou ao Brasil numa simples viagem de lua de mel e nunca mais retornou!
O Brasil recebeu inúmeros imigrantes. Foram italianos, espanhóis, chineses, coreanos, japoneses, franceses, ingleses, alemães, muitos portugueses, entre tantas outras nacionalidades não citadas.
Fora tão intensa a inserção dos imigrantes na sociedade brasileira que podemos perceber isso nas várias derivações da língua portuguesa.
A imigração no Brasil ocorreu mais por questões de guerras dos países de origens do que propriamente com relação a riqueza do Brasil, que na verdade acabara de sair da escravidão.
Os imigrantes libaneses, por exemplo, sofriam perseguições do Império Turco-Otomano, alguns judeus alemães que conseguiram fugir do nazismo de Hitler, espanhóis que fugiram da Guerra Civil Espanhola, Italianos que fugiram da guerra para a unificação da Itália, entre tantos outros que fugiram da pobreza, da perseguição política, da fome e miséria. Muitos vieram por causa da promessa de uma vida nova. De um, novo Brasil, cheio de riquezas e oportunidades! Então parecia uma ótima oportunidade criar seus filhos sem guerras ou fome. E realmente, esses imigrantes prosperaram no Brasil, cresceram, desenvolveram, aprenderam o português e assimilaram a cultura.
Quando migramos não temos tantas certezas, são mais incertezas: sobre o futuro, o retorno, a criação dos filhos, o controle das emoções turvas, como: saudades, abandono, frustrações, anseios e, é claro, a interrupção da comunicação com a terra natal. No caso da dona Emília Cury, uma carta podia demorar de 3 a 6 meses para ir ou chegar e, claramente, não foi o casamento que supriu suas indulgências, mas pode até tê-la acentuado!
Assim, como eu e outras mulheres imigrantes, acabamos conhecendo nossos limites e dificuldades quando vivemos momentos contraditórios ou adversos de nossa antiga realidade. Sem redes de apoio, sem família e amigos próximos, esbarramos nas dificuldades de aprendermos uma nova língua, tradição, cultura e assimilação do novo país pode se tornar mais difícil, até a mudança de nossos parceiros em contato com a nova cultura também se torna difícil.
Infelizmente muitas mulheres são confinadas ao lar. Esse problema não tem cor, nem condição econômica, está mais ligado à questões de mentalidade, portanto é um problema inviável até por quem vive isso.
Basta que os companheiros delimitem o espaço das esposas, privando-as da liberdade de ir e vir, para que fique explícito que o “amor” também é sinônimo de “posse”, e a proteção, sinônimo de insegurança masculina.
Quando falamos de Brasil e brasileiros, devemos ter em mente o passado escravocrata, esse sim pode ser um dos grandes vilões da liberdade. Talvez essa proteção com relação às mulheres, esteja mais associada ao descaso da violência vivida pelas escravas nas senzalas, que eram abusadas e estupradas pelos proprietários e até por outros escravos.
E não propriamente na teoria da fragilidade feminina, delicada e inocente, mesmo porque isso
não condiz com a permanência das mulheres em diversas profissões, principalmente no campo, carregando latões de água na cabeça e filhos nas costas. Isso está mais para encarceramento privado do que proteção!
Vou concluir com as palavras do próprio Zaidan:
"O que há de errado em se 'nascer' mulher?”
"Infelizmente não aprendemos o suficiente sobre os estudos de gênero e transgénero para alcançar a compreensão de que não se ‘nasce’ isto ou aquilo, mas se constrói ao longo da socialização familiar, escolar e social uma espécie de identidade fixa, eterna e imutável. Daí as polaridades: homem x mulher, homo ou trans x heterossexual. Razão assiste as feministas americanas que defendem identidades múltiplas e móveis, desconstruindo essas polaridades fixas e essencialistas. Assim, vamos construir o perfil de uma nova sociedade solidária, plural e feliz.
Como diz a arte (que sempre se antecipa a sua época): toda forma de amor vale a pena; e cada um carrega consigo o dom de ser capaz de ser feliz!”
Feliz março para tod@s!
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