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Publicado em 7/04/2023 as 1:00am

Como a educação infantil desenvolve o cérebro de crianças

Tsifira deixa cair um morango de plástico dentro de um pequeno pote de brinquedo. Faz um som...

Como a educação infantil desenvolve o cérebro de crianças Deneen Coren observa uma das crianças da creche Horizontes para Crianças Sem-teto brincando de jogar a bola no tubo. (Robin Lubbock-WBUR)

Tsifira deixa cair um morango de plástico dentro de um pequeno pote de brinquedo. Faz um som oco, e o bebê de quase 2 anos solta um “uau!”

“Eba! Você conseguiu colocar um morango aí dentro”, sorri Deneen Coren, sua professora. Numa sala da creche Horizontes para Crianças Sem-teto, em Roxbury, Tsifira e Coren brincam juntas com uma caixa de arroz e comidas de brinquedo coloridas, ignorando todo o barulho que corre pela sala ao redor.

“Somos presentes”, diz Coren. “Não nos distraímos com outras coisas. Estamos aqui para sentar no chão, interagir, conversar e escutar.”

Deneen Coren, educadora na creche Horizontes para crianças sem-teto - Foto-Robin Lubbock-WBUR

Coren, professora com quase 30 anos de carreira em educação infantil, afirma que dedicar um tempo de foco a cada uma das crianças é um processo vital de desenvolvimento do cérebro. E pesquisadores estão de acordo.

A etapa mais acelerada de desenvolvimento do cérebro ocorre durante os primeiros cinco anos de vida, e evidências sugerem que as interações entre crianças e educadores desempenham um papel fundamental.

“O contato com educadores de fato constrói a arquitetura do cérebro”, comenta Amanda Tarullo, diretora do Laboratório do Cérebro e Experiências da Primeira Infância na Universidade de Boston. “Essa é uma das principais maneiras pelas quais as crianças aprendem e formam novas conexões cerebrais, fortalecendo também ligações já existentes para que esse caminho se mostre mais eficiente”.

Este acompanhamento pode ser feito por meio de trocas de experiências – tanto em casa ou nas pré-escolas. Mas o processo em si é sensível a fatores como pobreza e, quando o desenvolvimento cerebral não é estimulado de maneira eficaz, as consequências podem atravessar a vida. Enquanto a atenção pública foca nas diferenças de pontuação em provas estandirazadas entre crianças de classes sociais baixas e altas, Tarullo afirma que é válido percerber o que acontece ainda antes de as crianças entrarem no esino primário.

“A maior parte dessa discrepância de desempenho já se mostra existente no primeiro dia de Jardim de Infância”, diz Tarullo. “A lacuna entre crianças de famílias ricas e pobres é maior hoje do que há 30 ou 40 anos.”

Kate Barrand é presidente e CEO da Horizonte para Crianças Sem-teto, Roxbury.[Text Wrapping Break](Robin Lubbock-WBUR)

Insituições como a Horizonte buscam estreitar as relações [entre educadores e crianças], fomentando uma interação de cada vez. Nesta perspectiva, a creche mergulhou nas pesquisas de desenvolvimento cerebral, questionando as práticas de baixa remuneração e proporções aluno-professor normalizadas pela indústria.

Por dentro do cérebro da criança

Enquanto Coren e Tsfira fingem mastigar bananas de plástico juntas, Zsuzsa Kaldy, psicóloga cognitiva responsável pela co-administração do Baby Lab da UMass Boston, observa o que já pode estar ocorrendo dentro de suas cabeças:  As ondas cerebrais de Tsifira estão se sincronizando com as de Coren.

“Você está olhando para mim, e eu olho de volta para você. Eu digo algo, então você também diz algo mais. Esse dinamismo pode ser medido através da nossa atividade cerebral subjacente”, enfatiza Kaldy. “De uma maneira fascinante, [esse processo] é refletido na sincronização das ondas cerebrais”.

E há ainda algo mais acontecendo: A criança redefine suas conexões neurais.

Desde o momento do útero até completar 2 ou 3 anos, o cérebro da criança cria mais e mais conexões entre neurônios, expllica Kaldy. A partir dos 5 anos, o cérebro então reduz a velocidade deste processo, mantendo apenas as conexões que julga mais úteis. 

Professora Brandy Miracle brinca com alunos da Horizontes para Crianças Sem-teto. (Robin Lubbock-WBUR)

“Crianças mantêm em seu cerébro a marca do que lhes ocorreu durante seus primeiros anos de vida.”

AMANDA TARULLO

Além de reduzir a quantidade de conexões neurais, o cérebro também tenta fortalecer as ligações já existentes; deste modo, mensagens podem se mover mais rapidamente entre os neurônios. Sinais elétricos transmitem estas mensagens para diferentes partes do cérebro – e esta mesma atividade elétrica se revela aos cientistas como ondas, sendo então medidas.

Como explica Tarullo, o cérebro humano geralmente contém uma mescla de atividades entre ondas rápidas e lentas. Ondas mais lentas podem ser vistas quando alguém está dormindo, mas também é comum em cerébros de bebês ainda muito novos. Cientistas presenciam maiores atividades de ondas rápidas quando o cérebro está ativo – por exemplo, durante conversas fascinantes, problemas de matemática, ou mesmo quando os bebês brincam de jogar morangos de plástico dentro de pequenos potes.

De acordo com pesquisadores, verifica-se uma maior porcentagem de ondas rápidas ativas ao longo do crescimento da criança quando este processo de moldagem das ligações neurais ocorre de forma positiva desde o começo. Mas esse nem sempre é o caso.

“Crianças que crescem expostas à extrema pobreza tendem a demonstrar uma menor ocorrência de atividade de ondas rápidas quando comparadas às crianças de classes privilegiadas”, diz Tarullo. 

Desde sono à boa nutrição, muitos fatores auxiliam no desenvolvimento cerebral infantil. Ainda assim, como afirma Tarullo, interações de alta qualidade com adultos são um fator de grande importância. Este contato ajuda com que crianças obtenham princípios fundamentais de aprendizagem.

CaptionProfessores e crianças trabalhando juntos em atividades na creche Horizontes para Crianças Sem-teto, Boston. (Robin Lubbock-WBUR)

Quando entram no Jardim de Infância, explica Tarullo, a pergunta chave não deve ser se as crianças sabem o alfabeto, ou mesmo se são capazes de somar e subtrair. Na verdade, as habilidades importantes são as que requerem controle de impulso, atenção, e regulação emocional. E essas competências não se desenvolvem sozinhas. Na prática, regiões específicas do cérebro precisam ser frequentemente ativadas – pois as redes nervosas são fortalecidas através da prática.

“Crianças mantêm em seu cerébro a marca do que lhes ocorreu durante seus primeiros anos de vida, e quais habilidades estavam ou não presentes”, diz Tarullo. “Neste caso, quanto mais cedo são dados os estímulos, mais efetivos eles serão.”

Repensando a educação infantil

Para promover pedagogias mais eficazes, a administração da Horizontes para Crianças Sem-teto – incluindo Kate Barrand no comando – percebeu que precisaria se diferenciar das demais creches. Barrand comenta que alguns destes desafios estão enraizados no setor há décadas.

Quando ainda recém-formada da universidade, Barrand assumiu uma vaga como educadora numa pré-escola bilíngue em Cambridge. Tendo em conta sua paixão por crianças, pensou que seria capaz de colocar em prática seus estudos em desenvolvimento infantil. Mas ela só permeneceu lá por três anos.

“Eu não conseguia me sustentar”, relembra Barrand.

Depois de cumprir sua carreira no setor privado, Barrand retornou à educação infantil como presidente e CEO da Horizontes para Crianças Sem-teto. Abrindo parcerias com especialistas por toda a região de Boston – desde funcionários de museus a pesquisadores –, ela tem procurado estabelecer melhores políticas de ensino às 225 crianças da Horizontes; todas das quais já experimentaram a vida sem-teto em algum ponto de sua infância.

O centro disponibiliza uma alta variedade de programas, incluindo uma clínica de saúde ou mesmo treinamento quinzenal aos pais. Mas Barrand enfatiza, há um fator no centro da missão: promover interações de alta qualidade entre cada uma das crianças e seu educador, a fim de se manter uma relação a longo prazo.

“É a peça principal”, ela diz. “É assim que as crianças aprendem – através dessa relação.”

Para aumentar a viabilidade de tempo individual que cada criança tem com um adulto, a Horizontes dispõe de mais professores em sala do que o requirido pelas legislações estatais. Na sala infantil, há três adultos para cada cinco bebês. Já na turma de Coren e Tsifira, há três adultos para nove crianças.

Em uma indústria atormentada pela alta rotatividade de trabalhadores, o desafio da Horizontes foi promover consistência e assegurar essas relações de longo prazo. Barrand comenta que a resposta foi impulsionar o salário dos professores. O salário mais baixo da Horizontes está a mais de $10,000 dólares acima do que a média para educadores pré-escolares em Massachusetts. 

Barrand afirma que essa decisão foi crítica para garantir que os professores pudessem estar presentes e mantivessem o acompanhamento às crianças.

“Em muitos casos dentro da educação infantil encontramos professores com mais de um emprego. São também garçons, bartenders, motoristas de Uber”, comenta. “E se você pensar sobre a base do que estamos tentando fazer aqui – criar um relacionamento atencioso e receptivo –, tente fazê-lo com cinco horas de sono”.

A decisão de aumentar o salário dos educadores não foi barata. Os custos ultrapassam $400,000 dólares por ano. Mas Barrand comenta ter sido um  “dinheiro bem gasto”.

Ela diz estar confiante na estratégia porque a ciência é clara.

“Este é o momento em que a base do seu cérebro é construída”, comenta Barrand. “E se você construi-lo mal na primeira vez, dificilmente conseguirá recuperá-lo.”

 



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Fonte: Gabrielle Emmanuel

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