Coluna Debora Corsi: Salve um Livro

Em 2022, o site Brasil de Fato publicou um artigo afirmando que no Brasil, 44% da população não lê e 30% nunca comprou um livro. Em maio de 2023, o Poder 360 divulgou o ranking de leitura no mundo, com os Estados Unidos ocupando a 11ª posição e o Brasil a 52ª.

Se você está curioso para saber quem ficou em 1º lugar, não deixarei sua ansiedade em alta. Cingapura lidera a lista dos países que mais leem no mundo. Hoje, quero incentivá-lo a incluir a leitura de um livro por mês em seu planejamento para 2024. Os benefícios são vastos, desde o conhecimento que facilita interações com pessoas mais cultas até tornar-se uma presença cativante em conversas, evitando ser ludibriado por argumentos eloquentes.

Quando salvamos um livro, rompemos as correntes da ignorância, ampliamos nossa criatividade, abrimos o leque para debates inteligentes e contribuímos para mudar o ranking de leitores no cenário global. A internet oferece a oportunidade de acessar livros gratuitos, então a falta de recursos financeiros não é um motivo para as pessoas não lerem.

 Para exemplificar, posso citar o próprio jornal Brazilian Times, que, além de notícias, disponibiliza diariamente materiais de leitura para agregar ao conhecimento.

Na busca por compreender por que a leitura é tão negligenciada, consultei o Dr. José Augusto Huguenin, presidente da AVL – Academia Volta-Redondense de Letras e professor titular da Universidade Federal Fluminense que afirmou:

"Ao longo da história, temos, por um lado, o avanço gradual e lento do letramento da sociedade. Desde a idade média, quando somente os clérigos liam, passando pelo renascimento com artistas e intelectuais, pela revolução industrial, que precisava letrar trabalhadores, exigência cada vez maior nas sociedades contemporâneas. A universalização da educação no período pós-guerra diminuiu o número de analfabetos no mundo, o que potencializa o aumento do número de leitores.

Por outro lado, a leitura como hábito exige acesso a livros que a grande maioria da população não consegue adquirir devido a desigualdades sociais. Ainda hoje é caro. Por isso o hábito de leitura ficava restrito. Mas, se considerarmos que o acesso a livros foi muito democratizado, por que o problema persiste? A mudança cultural pela qual estamos passando, com um aumento de ansiedade muito forte, pode explicar.  O acesso a conteúdo curtos nas redes sociais, a ansiedade que mina a concentração em uma leitura mais longa, tudo isso acaba contribuindo para que, vencendo as barreiras de letramento e acesso a livros, não consigamos ler com mais frequência. Essa é uma preocupação muito grande que faz, por exemplo, países de alto IDH trabalharem com a redução do tempo de tela de estudantes.

Mas como dissemos, a leitura é um hábito que conseguimos adquirir, vencidas as barreiras, exercitando-o todos os dias."

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