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Publicado em 27/01/2024 as 8:00pm

Dúvidas sobre preenchimento labial

Fonte: Coluna Uiara A expectativa é que o mercado de injetáveis estéticos aumente 14,5% até 2030


Em 2021, o segmento de procedimentos minimamente invasivos somou mais de 50% do total de procedimentos estéticos realizados no mundo, segundo o relatório Aesthetic Medicine Market Size & Growth, elaborado pela empresa americana Grand View Research. O estudo também mostrou que o mercado global de medicina estética foi avaliado em 99,1 milhões de dólares. A expectativa é que o mercado de injetáveis estéticos aumente 14,5% até 2030.

De acordo com o último levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), o Brasil ficou em segundo lugar considerando todos os procedimentos realizados, entre cirúrgicos e não cirúrgicos, totalizando mais de 1,9 milhões de operações. Ainda segundo a ISAPS, entre os procedimentos não cirúrgicos, que compreendem as fórmulas injetáveis, foram mais de 600 mil aplicações realizadas no país.

Preenchimento labial requer cautela e bom senso

Indicado para dar volume aos lábios, melhorar o contorno ou corrigir imperfeições secundárias a traumas locais ou decorrentes do processo de envelhecimento, o preenchimento labial se tornou um dos procedimentos estéticos mais populares no mundo, principalmente entre as mulheres.

Segundo Luís Maatz, cirurgião plástico, especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP); a técnica mais utilizada é o preenchimento com ácido hialurônico, substância já presente no nosso organismo.

De acordo com o médico, dentre suas diversas funções, o ácido hialurônico preenche o espaço entre as células da pele, deixando-a firme e lisa, além de aumentar a hidratação, já que o ácido também tem essa função no local aplicado.

Mas, ainda que o preenchimento labial seja uma opção segura, ele demanda bom senso por parte de quem quer fazer e, principalmente, um profissional qualificado e experiente. “O objetivo é justamente harmonizar o rosto. Ou seja, cabe ao cirurgião deixar claro que a técnica precisa corresponder com as características do rosto da pessoa. Caso contrário, o resultado poderá ser desproporcional e artificial”, afirma Luís Maatz.

Para Débora Latgé, fundadora da Visatgé, consultora de Imagem com foco em Linguagem Corporal e Facial, e especialista em Visagismo pela Faculdade Belas Artes; é comum atender principalmente mulheres que pedem uma avaliação antes de decidir pelo procedimento.

“Nestes casos, fazemos um estudo baseado no visagismo, ou seja, analisamos harmonia e estética, considerando a proporção do rosto e a personalidade da paciente”. Segundo Débora, a premissa é alinhar a identidade visual com a pessoal.

“O preenchimento labial, por exemplo, vai proporcionar lábios mais volumosos, transmitindo uma sensualidade que não condiz com a personalidade dessa pessoa. Essa transformação pode acarretar em uma crise de identidade, principalmente se ficar exagerado e chamativo. Por isso, a autopercepção é fundamental para que a pessoa faça procedimentos motivados por uma insatisfação pessoal, e não pela imposição de padrões estéticos”, alerta Débora Latgé.

Com base em suas especialidades, o cirurgião plástico e a consultora de imagem pontuaram 8 dúvidas sobre o preenchimento labial:

Fica muito óbvio que fiz o procedimento?  

O resultado tem relação com a técnica de aplicação do profissional, com o tipo de substância e a quantidade injetada. “Na primeira aplicação, o ideal é utilizar apenas 1 ml de produto, para garantir a naturalidade na harmonização dos lábios e evitar o efeito ‘duck lips’, ou bico de pato”, explica Luís Maatz.

O resultado é imediato?

Assim que é feita a aplicação, já é possível notar o aumento do volume dos lábios. “No entanto, o resultado final só é percebido após cerca de 20 dias, com o desinchaço total e ação do ácido na região aplicada”, garante o cirurgião.

Qualquer pessoa pode fazer?

Há casos em que o procedimento não é recomendado, como em mulheres grávidas ou que estejam amamentando. “Pessoas que possuem algum tipo de doença crônica ou alguma inflamação/infecção nos lábios, como, por exemplo, herpes, devem evitar o procedimento”, diz Maatz.

Débora reforça que o profissional deve sempre alertar sobre os impactos de imagem que podem ser gerados pela intervenção. “É importante se aprofundar na personalidade da pessoa e garantir que o resultado fique harmônico com a estrutura do seu rosto e com sua individualidade”.

Vou sentir dor?

Segundo o médico, o próprio ácido hialurônico tem apresentações que já possuem anestésico em sua composição. “Mas, ainda assim, é preciso aplicar anestesia local. Sem ela, o(a) paciente sentirá dor”.

Botox é a mesma coisa que preenchimento labial?

“Popularmente conhecida como botox, a toxina botulínica é produzida pela bactéria Clostridium botulinum que, aplicada no músculo, resulta no relaxamento do local. Tem como finalidade diminuir rugas dinâmicas e marcas de expressão, podendo também ser usada na região da boca, mas não para o preenchimento labial”, conta Maatz.

O preenchimento também corrige assimetria dos lábios?

O cirurgião explica que o procedimento não serve apenas para aumentar os lábios, mas também para corrigir assimetrias e promover contornos mais definidos, trazendo uma melhor harmonia para a face.  

Segundo Débora Latgé, todas as pessoas têm o rosto assimétrico, ou seja, um lado é diferente do outro, em maior ou menor grau. “A intervenção é indicada em casos mais extremos, cuja assimetria labial é bastante evidente, e compromete a autoestima e a qualidade de vida da pessoa”.

É possível reverter o procedimento?

Sim, já que o ácido hialurônico é reabsorvido naturalmente pelo organismo, dentro de um determinado período. Através da aplicação de uma enzima que inativa o ácido hialurônico, o preenchimento é revertido. “Porém, o procedimento não deve ser realizado prevendo sua reversibilidade”, afirma Luís Maatz.

Qual a duração do preenchimento labial?

A durabilidade média do efeito é de 09 a 12 meses. “Após esse período, é importante fazer uma avaliação e reaplicar o ácido hialurônico, para prolongar os efeitos”, pontua Maatz.

A visagista lembra que o procedimento é um dos menos invasivos e tem a vantagem de não ser definitivo. “As pessoas mudam ao longo da vida, inclusive suas prioridades. Hoje, o preenchimento labial pode ser o seu maior desejo, mas, em algum momento, é possível que você não se identifique mais com ele. Daí o benefício de o procedimento ser de curto prazo”, conclui Débora Latgé.

 



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