Coluna Saúde da Mulher: Como Conversar Com Crianças Sobre Assuntos Delicados

Tragédias, acidentes, conflitos são alguns dos motivos delicados que lotam os noticiários todos os dias. Como pais e responsáveis devem agir para proteger as crianças da exposição a tais situações?

Na última semana, o sul do Brasil foi afetado com a maior tragédia climática registrada devido às chuvas torrenciais que atingiram o estado provocando dezenas de mortes e muita destruição.  Dezenas de cidades foram parcialmente destruídas devido ao volume de chuva que atingiu o maior já registrado, onde chegou a 500,6 milímetros em um período de 24 horas. Infelizmente cidades inteiras estão isoladas após a queda de pontes e barragens e estima-se que 70% da população está sem abastecimento de água.

Além do que aconteceu recentemente no Brasil, várias cidades nos Estados Unidos também estão em situação de calamidade pública também por problemas relacionados ao clima. Mas algo que infelizmente ultrapassa a questão do meio ambiente são os conflitos internacionais entre países que estão em guerra e que influenciam a humanidade como um todo. Mesmo quando tentamos evitar se envolver com estas questões externas, não tem como negar que as notícias chegam até a nossa casa, quer queira quer não. E mesmo sabendo que devemos respeitar o posicionamento de cada pessoa diante dos eventos é preciso entender que as crianças não tem condições de fazer escolhas ao ponto de não serem afetadas pelo que está acontecendo ao redor.

Enquanto isso, crianças estão expostas diariamente aos acontecimentos e precisam de apoio e orientação para evitar sofrimento desnecessário. Com isso é sempre muito importante abordar os assuntos delicados com cuidado e de forma apropriada para cada idade. Mesmo que as crianças estejam cercadas de máximo de proteção possível, de acordo com a fase da criança dificilmente podemos evitar que sejam expostas alguma informação relacionada a grandes acontecimentos.

Abordagem adequada para cada faixa etária da criança

Pre-escola

Por não terem condições de expressar sentimentos, crianças menores de 6 anos podem até aparentar que não estão “prestando atenção” ao noticiário na tv ou os comentários dos adultos, mas é um erro pensar assim. Uma das dicas dos especialistas é utilizar atividades do cotidiano infantil para iniciar uma conversa sobre o assunto. Pedir para que a criança faça um desenho para expressar a opinião ou sentimento pode ser uma forma mais natural de tocar no assunto sem precisar usar palavras.

Entre 7 e 11 anos

Apesar de com certa limitação, de acordo com o ambiente familiar a que a criança está exposta, é provável que possua capacidade de fazer julgamento da situação e até ter uma opinião formada, mesmo que “equivocada” sobre o assunto. O importante é que a criança possa encontrar um momento acolhedor onde possa falar sem medo de ser julgada, onde os pais ou responsáveis ouçam atentamente e faça perguntas para incentivar a criança a continuar falando o quanto desejar.

Os pais jamais devem apresentar dados ou detalhes gráficos, ou até mesmo envolver a criança na questão de forma desnecessária ou sem preparo. Outra opção valiosa é conversar com os professores, orientadores especializados no comportamento infantil e procurar ajuda de um especialista em caso de mudança repentina de hábitos, como alimentação ou sono.

Toda criança necessita de viver em um local onde se sinta segura e protegida. No entanto, infelizmente existem situações que independem de garantias físicas ou financeiras e por isso os pais não devem fazer promessas que jamais algo semelhante vai acontecer ou muito menos que tais tragédias só acontecem com ou outros ou por causa desse ou daquele motivo.

É necessário que os pais possam ter opinião sobre como tratar juntos em colaboração com toda família e até amigos para que ao mesmo tempo que a criança possa ser protegida não venha ter a falsa sensação de estar dentro de um bola de vidro. Outra questão é tomar uma postura de como abordar não só o assunto com as crianças mas também quanto a resposta diante dessas situações. Até que ponto evitar pensar ou falar em conflitos e tragédias prejudica a vida tanto individual quanto coletiva. Momentos como os exemplos citados acima podem ser usados como oportunidade de reflexão e atitudes diretas para mudança. Sempre podemos colaborar de alguma maneira, a pergunta é como?

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