Coluna Saúde da Mulher: Vitoriosas - Maudeline, a Haitiana da Pérola das Antilhas

Uma mulher que carrega na bagagem sonhos e memórias de tempos felizes ao mesmo tempo que é dominada pela certeza que a luta por condições melhores é uma escolha onde não  existe outra opção. Vitoriosa é uma virtude que essa pérola negra reluz em seu olhar e na sua força.

A coluna Saúde da Mulher apresenta hoje o segundo exemplo de mulher vitoriosa que inspira outras mulheres.  A bela vitoriosa de hoje é sem sombra de dúvida um exemplo de tremenda resiliência que o mundo necessita conhecer. Lembro-me de quando a vi pela primeira vez em um evento que muito representa a história dessa mulher. Maudeline, possui uma postura altiva que transmite muita segurança e firmeza no andar. Sua forma discreta e de poucas palavras, essa Haitiana, mãe de três filhos, Giovanny  de 9 anos, Darryl, 7 e Leah com 3 anos.

Maudeline nasceu e foi criada em Les Cayes, Sud. Suas lembranças das férias de verão com seus irmãos onde atravessavam o centro da cidade até Gelée que fica a vinte minutos da praia que se fazia junção entre o mar e o rio. Sua mãe, Aka, foi empresária do setor alimentício, dona de um restaurante especializado em frutos do mar. Maudeline também teve o privilégio de conviver com os primos que brigavam muito, mas reconhece que existia muita qualidade de vida.  Aka foi sua melhor amiga que ensinou e inspirou Maudeline a se transformar na mulher que é forte e lutadora e mãe amorosa. Maudeline diz que sua mãe a ensinou tudo menos a conviver com sua ausência. O respeito pelo esposo, o cuidado com a família e consigo mesma.

Durante a infância também era comum viajar entre uma e duas horas para visitar uma outra cidade onde faziam picnic sempre nas praias belíssimas. A viagem sempre terminava sob o pôr do sol que abrilhantava os céus e iluminava a estrada de volta.

Maudeline tem formação em Ciências da Computação e Humanitárias e como não poderia deixar de ser para essa guerreira, está fazendo enfermagem. 

Um pouco sobre Haiti

A ilha das montanhas dominada  por duas línguas oficiais, e a primeira república liderada por negro do mundo, o Haiti é o país que sofre uns dos maiores desafios econômico e social no mundo .  Com uma população de 11,867,030, o Haiti é um país rico em tradições culturais, por inúmeros renomados poetas e novelistas, incluindo os autores Jacques Roumain, Frankétienne, Jean-Stephen entre muitos outros.

Olhando o passado do Haiti, as histórias e sonhos se misturam com a riqueza do tempo colonial Francês com a total pobreza e falta de segurança dos tempos que chamamos de idade contemporânea, não podemos compreender o que significa viver na pele o que os Haitianos, principalmente para a mulher Haitiana.. Mas apesar de todas as dificuldades e do um momento terrível para o seu povo, o Haiti é muito mais do que guerras e mortes, tristeza e destruição. Essa belíssima ilha caribenha tem muita força e brilho no olhar de esperança que jamais se apaga.  O Haiti fica localizado na ilha Espanhola onde em 1492, Christopher Columbus que ao desembarcar avistou um dos bens mais preciosos, a terra fertil o que acabou se tornando um dos maiores produtores de cacau além do café, onde se tornou um dos maiores exportadores de café do mundo.

Os motivos que inspiram mulheres como Maudeline

Os pais de Maudeline, assim como muitos Haitianos, não tiveram a mesma oportunidade que muitos sonham em poder completar os estudos nas melhores escolas. No entanto,  mesmo com muita dificuldades, eles fizeram o melhor que podiam para que os filhos tivessem um futuro diferente. Acreditando no poder da educação investiram até o que não podiam para que Maudeline pudesse conquistar seus sonhos.

Porém, ao conhecer o seu esposo, Maudeline viu sua vida mudar para sempre. Os dois se conheceram durante a faculdade, a cerca de 20 anos atrás. Primeiro se tornaram amigos, depois melhores amigos até se casarem no ano de 2011.

Infelizmente, a insegurança do Haiti os forçaram a migrar para os Estados Unidos em 2019. Para Maudeline e sua família a outra opção seria ficar como quase todos que deixaram para trás.

Maudeline, assim como muitas mulheres vitoriosas, não desistiu diante das adversidades. Muito pelo contrário, o desejo de prover melhores oportunidades para seus filhos e família é  combustível que incendeia o coração dessa pérola das Antilhas.

Para Maudeline, que agora tenho o privilégio e honra de chamar de colega de trabalho e amiga, diz que sonha em poder mudar o sistema no Haiti. Gostaria de poder voltar no ano de 1990, quando o país vivia um período de paz, onde as pessoas eram mais felizes e puderam viver junto de lindas pessoas. “Se essa mudança fosse possível eu voltaria imediatamente para o paraíso.”

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