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Publicado em 26/05/2024 as 9:00pm

Coluna Debora Corsi: CONFLITOS

O provérbio africano diz que, quando dois elefantes brigam, quem sofre é a grama. Você já...


O provérbio africano diz que, quando dois elefantes brigam, quem sofre é a grama. Você já parou para refletir  sobre essa verdade? Observe os conflitos instaurados ao redor do mundo e constate que a perda geralmente não recai sobre quem iniciou, mas sobre quem nem foi consultado.

Durante a pandemia, que nos obrigou a permanecer dentro de casa, muitas pessoas diziam que o ser humano emergiria mais sensível e solidário. O cenário de morte em todos os países era tão assustador, que muitos entenderam o valor da vida e dos relacionamentos. No entanto, a pandemia acabou e as pessoas ficaram ainda mais intolerantes. O que está acontecendo com a humanidade?

Vejam que, nas organizações, a concorrência nem sempre segue o caminho do marketing ético; alguns preferem disseminar as infames fake news, levando seus concorrentes à ruína.

E as nações? O que justifica uma guerra? Homens com poder, autoridade e conhecimento não conseguem estabelecer um diálogo para sanar as diferenças e poupar a vida de pessoas inocentes.

Um conflito iniciado pela manhã pode culminar em catástrofe à noite, simplesmente porque o orgulho é maior que o desejo de reconhecer o erro e mais forte que a humildade de renunciar a uma discussão. Dois lados em fúria decidem atacar e, no final, fica apenas uma pergunta: Existe vitória na guerra?

Não posso deixar de mencionar sobre os conflitos familiares, pois estes são capazes de balançar as estruturas da sociedade. Afinal, tudo que está acontecendo no mundo tem por pano de fundo uma história de família em conflito, fracassada e desestruturada.

De acordo com a dra. Vânia Abreu, advogada, mediadora e presidente da Comissão de Mediação na OAB em Barra Mansa – Rio de Janeiro:

"Em se tratando de conflito, que é inevitável nas relações humanas, é preciso um olhar amplo onde todos ganhem, uma visão construtiva e a busca por soluções com recursos suficientes para todos os envolvidos.

Em se tratando de conflitos familiares, não existe competição; se não forem sanados, todos perdem. Ficamos frustrados e raivosos quando nossas necessidades não são atendidas. Geralmente constituímos família sem ao menos perguntar os planos, as expectativas e os desejos dos cônjuges para uma vida em comum. Dentro de uma dinâmica escondida ou muitas vezes silenciada, seja por medo ou estruturas sociais disfuncionais, é muito comum que os filhos apresentem dificuldades de se relacionar quando seus pais estão em desarmonia.

Tenho visto que todas as angústias, desencontros e faltas na dinâmica familiar perpetuam no sistema de maneira geracional. Para pertencer, precisam se retroalimentar com as mesmas questões, até que alguém cesse, ou melhor, provoque o conflito. Esse ente em desarmonia chamamos de "ovelha negra". Geralmente, a dinâmica do conflito cessa quando há acordo, reparação e reconhecimento da importância dos membros em suas posições.

Somos parte comum do conjunto humano; sem exceção, temos importância, seja para provocar mudanças ou para trazer soluções. Toda mediação familiar organizada tem uma agenda de prioridades e propõe o diálogo que os envolvidos não conseguem ver. Assim, o mediador, seja ele contratado ou alguém imparcial da própria família, pode circular informações que ninguém conseguiu explanar, principalmente nos momentos de raiva. É o famoso "conversando a gente se entende". Não somos inimigos, nem adversários; os conflitos vêm para elevar nossos pensamentos e fortalecer os laços da família, trazendo luz à nossa escuridão."

Concluo parafraseando o ditado que deu início ao texto: quando as empresas decidem destruir seus concorrentes; quando um país quebra um acordo de paz; ou quando um divórcio afeta uma criança, significa que a "grama" foi impedida de continuar crescendo na terra onde foi plantada.

 



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