Coluna Debora Corsi: RECEPCIONISTA

O ato de recepcionar sugere que devemos ser bem recebidos, seja na área profissional, em eventos sociais ou na casa de amigos. Ninguém suporta ficar abandonado num cantinho de um ambiente. Recepcionar é tornar importante a presença de uma pessoa, com acolhimento e aconchego. Uma recepção de excelência não se resume apenas a um sorriso. O ideal é que a recepção ofereça um café, água e petiscos enquanto o cliente aguarda para ser chamado. A sala destinada à recepção, geralmente mantida arejada pelo anfitrião, deve contar com poltronas confortáveis, música agradável e um aroma suave que pode ser sentido quando a cortina é movida pelo vento. Tudo isso demonstra cuidado, pois a preocupação é com todos os detalhes, visando causar uma boa impressão e incentivar o retorno do cliente, além de sua recomendação para outras pessoas. É importante notar que ninguém sai de uma recepção para outro ambiente sem ser convidado, e é expressamente proibido acessar áreas destinadas apenas aos funcionários.

Fazendo um paralelo com as pessoas que recebemos em nossas vidas, será que temos os mesmos cuidados? Até onde permitimos a entrada de invasores nos ambientes que deveriam ser acessados somente por pessoas especiais? É importante fazer uma seleção, pois existem muitos que não são dignos de conhecer nossa intimidade, sendo seres desrespeitosos que não sabem honrar o espaço sagrado que é nosso lar interno. Você já pensou dessa forma? Uma vez que devemos ter cuidado com as pessoas que acessam nossa casa, o mesmo cuidado deve ser aplicado à nossa alma. Para isso, classifico três estágios de acesso:

1 – Recepcionando conhecidos: uma saudação simpática, porém superficial; assuntos leves que não geram comprometimento. Se surgir a ideia de tomar um café, que seja em uma cafeteria, nunca em casa. Não responda perguntas de cunho pessoal. Por exemplo: "Você costuma viajar muito sozinha?" ou "Seu trabalho paga um bom salário?" A saída para essas perguntas é oferecer um sorriso e mudar de assunto.

2 – Recepcionando colegas: Não permita que ultrapassem a sala de visita, seja na casa física ou do seu coração. Colegas não são fiéis, pois podem durar apenas uma estação. Nossa alma não pode ser desnudada para pessoas passageiras, assim como nossa casa não pode ser acessada por pessoas que não fazem parte de nossa história.

3 – Recepcionando amigos: esses que suportaram uma temporada, que choraram nos momentos mais difíceis de nossas vidas, que celebraram sinceramente as nossas conquistas, que formaram conosco uma aliança; esses podem transitar nos ambientes mais íntimos de nosso coração.

Estes cuidados são essenciais, pois ninguém rouba o que está trancado. Ou seja, uma pessoa só se torna vulnerável quando deixa aberto o cadeado das emoções, e vulnerabilidade conduz à queda. Se o ato de recepcionar é tornar o ambiente agradável, então não deixe confortável aquele que deseja abrir feridas. Assim como as empresas optam por cortar laços comerciais com clientes inadimplentes, também devemos ser firmes ao proteger nosso bem-estar emocional de pessoas que não valorizam nossa honra e dignidade. Portanto, estabeleça limites e feche o seu coração para os agressores da alma. Não somos obrigados a recepcionar quem não reconhece o nosso valor.

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